SóProvas


ID
2302714
Banca
FCC
Órgão
SPPREV
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Atenção: A questão a seguir refere-se ao texto que abaixo.

Uma variedade de motes antigos proclama que nenhum princípio estético é capaz de especificar o belo e o feio de modo a todos contentar. “A beleza”, dizem-nos, “está nos olhos de quem a contempla.” Gosto não se discute, em suma – uma observação suficientemente antiga para possuir um original em latim e suficientemente universal para hoje contar com versões mais atualizadas no jargão popular.

A ciência, em contraste, seria supostamente um empreendimento objetivo, dotado de critérios comuns de procedimentos e padrões de evidenciação que deveriam levar todas as pessoas de boa vontade a aceitar uma conclusão documentada. Evidentemente, não nego que há uma diferença genuína entre estética e ciência nesse aspecto, pois nós descobrimos efetivamente – como um fato do mundo exterior, não como uma preferência de nosso psiquismo – que a Terra gira em torno do Sol e que a evolução ocorre, mas jamais chegaremos a um consenso acerca de Bach ou Brahms ter sido o melhor compositor (e nenhum profissional do campo da estética faria uma pergunta tão tola).

Por outro lado, também não refutaria a possibilidade de que a preferência pessoal, o cerne do juízo estético, desempenha um papel-chave na ciência. Sim, é verdade que o mundo é indiferente às nossas esperanças – o fogo arde quer queiramos ou não. Mas os nossos modos de apreender o mundo são altamente influenciados por nossos preconceitos sociais e pelas maneiras de pensar que cada ciência aplica a qualquer problema. O estereótipo do “método científico” plenamente racional e objetivo, segundo o qual os cientistas são individualmente tão lógicos (e intercambiáveis) quanto robôs, não passa de um mito criado em interesse próprio.

(Adaptado de Stephen Jay Gould. Dinossauro no palheiro. Trad. de Carlos Afonso Malferrari. S.Paulo: Cia. das Letras, 1997. p.123) 

Atente para as afirmações abaixo sobre a pontuação empregada no texto.

I. (3° parágrafo) O travessão que introduz o segmento o fogo arde quer queiramos ou não poderia ser substituído por dois-pontos, sem prejuízo para correção e o sentido.

II. (3° parágrafo) Em Por outro lado, também não refutaria a possibilidade de que a preferência pessoal,o cerne do juízo estético, desempenha um papel-chave na ciência, a retirada da vírgula colocada imediatamente depois do termo estético implicaria prejuízo para o sentido da frase.

III. (1° parágrafo) As aspas em “A beleza”, dizem-nos,“está nos olhos de quem a contempla” atribuem à frase um sentido irônico, como em “método científico” (3° parágrafo). Está correto o que se afirma em

Alternativas
Comentários
  • GAB A

    I) Tanto o travessão quanto os dois pontos traduzem a mesma ideia de explicitar algo posteriormente, sem mudar a correção e o sentido.

    II) Claramente muda o referente com a retirada da vírgula, implicando prejuízo ao sentido da frase. Jamais retire uma vírgula que faz parte de um termo intercalado por vírgulas, ou tire as duas ou não tire nenhuma vírgula.

    III) Não senti vontade de rir, não tem ironia. 

    ;)

  • O "travessão" é usado basicamente para indicar mudanças de interlocutor ou para destacar palavras e frases num contexto (é o caso aqui). Já os "dois-pontos" podem preceder uma citação, uma enumeração ou uma explicação (seria o caso aqui). Por sua vez, as "aspas" são empregadas principalmente para abrigar citações (seria o caso aqui) e títulos de obras, indicar neologismos e gírias, grafias incorretas de modo intencional e também para expressar ironia.

    O item I, creio que a FCC o considerou certo pela possível equivalência de uso de travessão e dois-pontos conforme acima.

    O item II é fácil de perceber o erro, estando o item certo.

    Já o item III, a FCC considerou "método científico" algo a ser destacado por ser uma citação (assim creio), embora para mim parecesse igualmente ironia. O item foi considerado errado.

    Logo, estão certos os itens I e II apenas.