SóProvas


ID
2314171
Banca
IFB
Órgão
IFB
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A questão terá como base o texto seguinte:


ESSES TEXTOS


O texto primeiro existe

só, como ponto.

Se transforma depois em linha

com sua própria força

de deslocação,

sua velocidade própria.


Depois,

o leitor institui

outra linha, lendo.

O leitor constitui

um feixe de linhas cruzadas

organizando os textos.


No percurso do texto

e no trânsito da leitura,

as linhas se chocam,

se repudiam, se perdem,

correm paralelas

e podem se amar.

Depois, saber fazer

retorná-las a ponto.


(Mas o importante é o leitor. Você.)


É preciso ter calma.

Saber ir abotoando

os elementos vários

à espera do clique

de colchete.

Quando dois ou mais

se engatam,

fecha-se um sentido

único e exclusivo.

Mas que você pode emprestar

a alguém,

desde que o diga


(Não tenha medo da alta-velocidade.

Não tenha receio de dar marcha à ré.)


É preciso ter pressa.

Saber ir desabotoando

os colchetes de sentido

como quem quer tirar

camisa usada e suada

de dia de trabalho.

Cada camisa,

depois de surrada,

é fonte

de novo esforço.

Ou então vira

camisa-de-força.


É preciso saber vestir

o texto,

como tatuagem na própria

pele.


É preciso saber tatuar

o texto,

como sulcos feitos

na bruta realidade.

O duplo estilete

do texto e da leitura,

do autor e do leitor.


A dupla tatuagem

contra o próprio corpo

e a realidade bruta.


A tatuagem que se imprime

para poder forçar

a barra.

A tatuagem que o corpo,

depois de violado

tatua. Violentando.



(SANTIAGO, Silviano, Crescendo durante a guerra numa província ultramarina. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1978.)

Observe os destaques, nas frases retiradas do poema, e escolha a opção que apresenta uma explicação CORRETA quanto à sintaxe:

Alternativas
Comentários
  • Não entendi essa alternativa C.

  • a) A função da palavra “só”, no segundo verso, primeira estrofe, é de adjunto adverbial, pois esse caso pode gerar confusão, uma vez que, em outro contexto, a mesma palavra poderia ter a função de adjunto adnominal.correto - só esta como adjunto adverbial porque modifica o verbo existir na oração. 'Só' tambem pode ser adjunto adnominal quando usado,por exemplo, em: O homem só não consegue nada.

    b) “É preciso ter calma. Saber ir abotoando os elementos vários à espera do clique de colchete.” (Ambos os termos destacados têm função de sujeito.)-errado- a primeira é sujeito, a segunda,é objeto direto de abotoando.

    c) “Quando dois ou mais se engatam, fecha-se um sentido único e exclusivo.” errado- é uma oração subordinada adverbial temporal e necessita uma oração principal para fechar o sentido

    d)  Há elipse na seguinte frase: “Depois, o leitor institui outra linha, lendo.”- errado- o gerúndio sozinho não é elipse, mas funciona como adjunto adverbial de modo.

    e) “Cada camisa, depois de surrada, é fonte de novo esforço. Ou então vira camisa-de-força.” (Substituindo a palavra “depois” por “apesar” não alteraria o tipo de circunstância da frase.)errado- a oração muda de temporal para concessiva

  • Observe os destaques, nas frases retiradas do poema, e escolha a opção que apresenta uma explicação CORRETA quanto à sintaxe:



    A função da palavra “só”, no segundo verso, primeira estrofe, é de adjunto adverbial, pois esse caso pode gerar confusão, uma vez que, em outro contexto, a mesma palavra poderia ter a função de adjunto adnominal.

    B“É preciso ter calma. Saber ir abotoando os elementos vários à espera do clique de colchete.” (Ambos os termos destacados têm função de sujeito.)

    CQuando dois ou mais se engatam, fecha-se um sentido único e exclusivo.”

    D Há elipse na seguinte frase: “Depois, o leitor institui outra linha, lendo.”

    E “Cada camisa, depois de surrada, é fonte de novo esforço. Ou então vira camisa-de-força.” (Substituindo a palavra “depois” por “apesar” não alteraria o tipo de circunstância da frase.)



    A) Só isoladamente é adjunto adverbial, mas pode ser adjunto adnominal em outras situações, por exemplo : "somente, sozinho, solitário".

    B) Ter calma é o sujeito, mas na segunda o sujeito é abotoando os elementos.

    C) Eu entendi que se trata de uma polissemântica, ou seja, uma sentença com MAIS de um sentido. Na alternativa ele afirma ser uma monosemântica, ou seja, um sentido apenas.

    D) Não há elipse, pois o sujeito já está na frase, qual seja, o leitor.

    E) "Depois" tem sentido de algo que ocorro após algum fator (futuro), diferente de "apesar" que nos traz a ideia de algo já existente (Presente/passado). Ex: "Depois de sua aprovação no concurso" / "Apesar de ter passado no concurso"