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ID
2332654
Banca
IBADE
Órgão
Prefeitura de Rio Branco - AC
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto para responder à questão.

Preto é cor, negro é raça

  O refrão de uma marchinha carnavalesca, de amplo domínio público, oferece uma pista interessante para a compreensão do critério objetivo que a sociedade brasileira emprega para a classificação racial das pessoas: “O teu cabelo não nega, mulata, porque és mulata na cor; mas como a cor não pega, mulata, mulata eu quero o teu amor”.
  Escrita por Lamartine Babo para o Carnaval de 1932, a marchinha realça a ambiguidade das relações raciais, ao mesmo tempo em que ilustra a opção nacional pela aparência, pelo fenótipo. Honesto e preconceituoso em sua definição de negro, Lamartine contribui mais para o debate sobre classificação racial do que muitos doutores.
  Com efeito, ao contrário do que pensa o presidente eleito, bem como certos acadêmicos, os cientistas pouco podem fazer nesta seara, além de, em regra, exibirem seus próprios preconceitos ou seu compromisso racial com a manutenção das coisas como elas estão.
  Primeiro porque, como se sabe, raça é conceito científico inaplicável à espécie humana, de modo que o vocábulo raça adquire relevância na semântica e na vida apenas naquelas sociedades em que a cor da pele, o fenótipo dos indivíduos, é relevante para a distribuição de direitos e oportunidades.
  Segundo, porque as pessoas não nascem negras ou brancas; enfim, não nascem “racializadas”. É a experiência da vida em sociedade que as torna negras ou brancas.
   “Todos sabem como se tratam os pretos”, assevera Caetano Veloso na canção “Haiti”.
  Em sendo um fenômeno relacional, a classificação racial dos indivíduos repousa menos em qualquer postulado científico e mais nas regras que regem as relações, intersubjetivas, econômicas e políticas no passado e no presente.
 Negro e branco designam, portanto, categorias essencialmente políticas: é negro quem é tratado socialmente como negro, independentemente de tonalidade cromática. É branco aquele indivíduo que, no cotidiano, nas estatísticas e nos indicadores sociais, abocanha privilégios materiais e simbólicos resultantes do possível mérito de ser branco. Esse sistema funciona perfeitamente bem no Brasil desde tempos imemoriais.
  A título de exemplo, desde a primeira metade do século passado, a Lei das Estatísticas Criminais prevê a classificação racial de vítimas e acusados por meio do critério da cor. Emprega-se aqui a técnica da heteroclassificação, visto que ao escrivão de polícia compete classificar, o que é criticado pela demografia, que entende ser mais recomendável, do ângulo ético e metodológico, a autoclassificação.
   Há um outro banco de dados no qual o método empregado é o da autoclassificação: o Cadastro Nacional de Identificação Civil, feito com base na ficha de identificação civil, a partir da qual é emitida a cédula de identidade, o popular RG. Tratase de uma ficha que pode ser adquirida em qualquer papelaria, cujo formulário, inspirado no aludido Decreto-Lei das Estatísticas Criminais, contém a rubrica “cútis”, neologismo empregado para designar cor da pele. Assim, todas as pessoas portadoras de RG possuem em suas fichas de identificação civil a informação sobre sua cor, lançada, em regra, por elas próprias.
  Vê-se, pois, que o Cadastro Nacional de Identificação Civil oferece uma referência objetiva e disponível para o suposto problema da classificação racial: qualquer indivíduo cuja ficha de identificação civil, dele próprio ou de seus ascendentes (mãe ou pai), indicar cor diversa de branca, amarela ou indígena, terá direito a reivindicar acesso a políticas de promoção da igualdade racial e estará habilitado para registrar seu filho ou filha como preto/negro.
  Fora dos domínios de uma solução pragmática, o procedimento de classificação racial, que durante cinco séculos funcionou na mais perfeita harmonia, corre o risco de se tornar, agora, um terrífico dilema, insolúvel, poderoso o bastante para paralisar o debate sobre políticas de promoção da igualdade racial.
  No passado nunca ninguém teve dúvidas sobre se éramos negros. Quiçá no futuro possamos ser apenas seres humanos.
SILVA JÚNIOR, Hédio. Preto é cor, negro é raça. Folha de S.Paulo, São Paulo, 21 dez. 2002. Opinião, p.A3.

De acordo com os estudos de regência verbal e com o padrão culto da língua, leia as afirmações sobre os verbos destacados em “HÁ um outro banco de dados no qual o método empregado É o da autoclassificação.”

I. Os dois verbos caracterizam uma atividade expressa por um sujeito agente, indicando um fazer por parte desse sujeito.
II. As duas formas verbais expressam situações não dinâmicas localizadas no sujeito.
III. O primeiro verbo exige um complemento sem preposição obrigatória.

Está correto apenas o que se afirma em:

Alternativas
Comentários
  • RUMO AO TRT

  • rumo ao posso

  • HÁ um outro banco de dados no qual o método empregado É o da autoclassificação.”

    Verbo haver, no sentido de existir, é impessoal, assim nao há que se falar em sujeito. O que pode parecer um sujeito é, na verdade, seu complmento pois é um VTD, necessitando de complemento sem preposição,logo a única assertiva correta é a III.

    RESPOSTA B

  • Verbo haver

    No sentido de existir, pede complemento objeto direto e sujeito inexistente:
    «Deve haver muitas frutas na geladeira

    - sujeito inexistente - muitas frutas = (objeto direto) - na geladeira = adjunto adverbial

     

    [ Fonte: http://www.lpeu.com.br/q/trm41 ]

  • Errei, pois confundir a preposição "de" em "banco de dados", mas, na verdade, essa preposição está complementando o nome "dados" e não o verbo, como imaginei.

  • verbo haver no sentido de existir não chama sujeito.

    Logo vc elimina a I e a II 

    Só restando a III

  • Rapaz, me enrolo todo nas questões dessa banca. Acerto a maioria, mas usa uns termos que não estou acostumado.

  • haver  no sentido de  ocorrer, existir = OD 

    Ocorrer, existir = SUJ 

  • O verbo Haver quando não possui antecessores- substantivos ou termos substantivados, normalmente possui o sentido de EXISTIR

  • Não entendi a segunda afirmação.

  • GAB: B

    Verbos Impessoais (ex: haver no sentido de existir) indicam SUJEITO INEXISTENTE e pedem COMPLEMENTO (OD).

  • O que quer dizer situações não dinâmicas ? Alguém p/ responder?

  • Um erro muito comum, observado principalmente na comunicação oral, é a flexão do verbo “haver”. Esse verbo, no sentido de “ocorrer” ou “existir”, é impessoal. Isso significa que permanece na terceira pessoa do singular, pois não tem sujeito. 

    Gabarito:B

  • A primeira oração não tem sujeito, logo não tem como as alterntivas I e II estarem corretas.

  • Gab B

    Considerei errada o item II:

    ''Não dinâmico'' apenas é o verbo É sendo verbo de ligação, ou seja, de estado/não dinâmico, isto é, não transita, não pede preposição e por aí vai.

    Quanto ao verbo este sim é dinâmico, pois transita, ou seja, pede um complemento que é objeto direto ''um outro banco''.

    Então os dois verbos não são dinâmicos, mas apenas um.

    Se tiver algo errado por favor corrija-me.