SóProvas


ID
2354977
Banca
CONSULPLAN
Órgão
TRF - 2ª REGIÃO
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Medo e preconceito

      O tema é espinhoso. Todos somos por ele atingidos de uma forma ou de outra, como autores ou como objetos dele. O preconceito nasce do medo, sua raiz cultural, psíquica, antropológica está nos tempos mais primitivos – por isso é uma postura primitiva –, em que todo diferente era um provável inimigo. Precisávamos atacar antes que ele nos destruísse. Assim, se de um lado aniquilava, de outro esse medo nos protegia – a perpetuação da espécie era o impulso primeiro. Hoje, quando de trogloditas passamos a ditos civilizados, o medo se revela no preconceito e continua atacando, mas não para nossa sobrevivência natural; para expressar nossa inferioridade assustada, vestida de arrogância. Que mata sob muitas formas, em guerras frequentes, por questões de raça, crença e outras, e na agressão a pessoas vitimadas pela calúnia, injustiça, isolamento e desonra. Às vezes, por um gesto fatal.

      Que medo é esse que nos mostra tão destrutivos? Talvez a ideia de que “ele é diferente, pode me ameaçar”, estimulada pela inata maldade do nosso lado de sombra (ele existe, sim).

     Nossa agressividade de animais predadores se oculta sob uma camada de civilização, mas está à espreita – e explode num insulto, na perseguição a um adversário que enxovalhamos porque não podemos vencê-lo com honra, ou numa bala nada perdida. Nessa guerra ou guerrilha usamos muitas armas: uma delas, poderosa e sutil, é a palavra. Paradoxais são as palavras, que podem ser carícias ou punhais. Minha profissão lida com elas, que desde sempre me encantam e me assombram: houve um tempo, recente, em que não podíamos usar a palavra “negro”. Tinha de ser “afrodescendente”, ou cometíamos um crime. Ora, ao mesmo tempo havia uma banda Raça Negra, congressos de Negritude... e afinal descobrimos que, em lugar de evitar a palavra, podíamos honrá-la. Lembremos que termos usados para agredir também podem ser expressões de afeto. “Meu nego”, “minha neguinha”, podem chamar uma pessoa amada, ainda que loura. “Gordo”, tanto usado para bullying, frequentemente é o apelido carinhoso de um amigo, que assim vai assinar bilhetes a pessoas queridas. Ao mesmo tempo, palavras como “judeu, turco, alemão” carregam, mais do que ignorância, um odioso preconceito.

      De momento está em evidência a agressão racial em campos esportivos: “negro”, “macaco” e outros termos, usados como chibata para massacrar alguém, revelam nosso lado pior, que em outras circunstâncias gostaríamos de disfarçar – a grosseria, e a nossa própria inferioridade. Nesses casos, como em agressões devidas à orientação sexual, a atitude é crime, e precisamos da lei. No país da impunidade, necessitamos de punição imediata, severa e radical. Me perdoem os seguidores da ideia de que até na escola devemos eliminar punições do “sem limites”. Não vale a desculpa habitual de “não foi com má intenção, foi no calor da hora, não deem importância”. Temos de nos importar, sim, e de cuidar da nossa turma, grupo, comunidade, equipe ou país. Algumas doenças precisam de remédios fortes: preconceito é uma delas.

      “Isso não tem jeito mesmo”, me dizem também. Acho que tem. É possível conviver de forma honrada com o diferente: minha família, de imigrantes alemães aqui chegados há quase 200 anos, hoje inclui italianos, negros, libaneses, portugueses. Não nos ocorreria amar ou respeitar a uns menos do que a outros: somos todos da velha raça humana. Isso ocorre em incontáveis famílias, grupos, povos. Porque são especiais? Não. Simplesmente entenderam que as diferenças podem enriquecer.

      Num país que sofre de tamanhas carências em coisas essenciais, não devíamos ter energia e tempo para perseguir o outro, causando-lhe sofrimento e vexame, por suas ideias, pela cor de sua pele, formato dos olhos, deuses que venera ou pessoa que ama. Nossa energia precisa se devotar a mudanças importantes que o povo reclama. Nestes tempos de perseguição, calúnia, impunidade e desculpas tolas, só o rigor da lei pode nos impedir de recair rapidamente na velha selvageria. Mudar é preciso.

                                             (LUFT, Lya. 10 de setembro, 2014 – Revista Veja.)

Assinale a opção em que o “a” sublinhado nas duas frases deve receber o acento grave indicativo de crase.

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: D.

     

    Marquei A, mas só haveria crase caso a distância fosse especificada.

     

    Lá, algumas pessoas preconceituosas ficaram à distância de 100m.

  • Letra D

    Os estudantes vestiram-se a (à maneira de/ à forma de) Momo. 

  • Letra D (à maneira de- à entrada de).

  • Na a), como "casa" está determinada (de meu pai), caberia crase; mas "distância" não está determinada, não tem crase.

  • Gab. D

     

    A principal confusão fica entre as letras “A” e “D”. Na opção  A, a palavra casa está determinada (casa de meu pai) e portanto, há ocorrência de crase. Por outro lado,  a expressão “a distância” só ocorreria crase obrigatória se estivesse especificada. Como não está, o uso do acento grave é facultativo.

     

    Em relação à opção D, a expressão “a momo” quer dizer “à maneira de, à moda de”, sendo a crase obrigatória. O mesmo acontece com “à entrada de”, que também é uma locução prepositiva feminina.

  • Pois e.

     

  • Gab D
    1º Os estudantes vestiram-se à Momo.2º Eles foram barrados pelos seguranças(onde?) à entrada do salão de baile.
    No primeiro caso,temos uma obrigatoriedade do emprego do acento grave indicativo de crase,pelos simples fato,em expressões a (maneira de) ,(a moda de),o seu uso se faz necessário para adequação da norma culta.Já no segundo caso,temos uma locução adverbial,onde no contexto de uso obrigatório do acento grave,faz-se necessário o seu emprego nas locuções do tipo:(modo),(lugar) e (tempo).

    Rumo à vitória! Deus é Fiel!

  •  Os estudantes vestiram-se a Momo.

     Os estudantes vestiram-se (A MODA ) a Momo. CRASE OBRIGATÓRIA POR TRADIÇÃO!

     

    .

     

     

    Eles foram barrados pelos seguranças a entrada do salão de baile.

    A ENTRADA DE = LOCUÇÃO PREPOSITIVA FEMININA, CRASE OBRIGATÓRIA, POR TRADIÇÃO!

  • a) Fui a casa de meu pai. Lá, algumas pessoas preconceituosas ficaram a distância.

     

    ~> O primeiro "a" tem crase, pois o substantivo casa está especificado ("de meu pai"). Contudo, o segundo "a" não possui crase, pois o substantivo distância não está especificado.

     

    b) O professor se referiu a todos que estavam presentes. Eles ficaram frente a frente.

     

    ~> Não ocorre crase diante de pronomes (todos) e nem entre palavras repetidas (frente a frente)

     

     

    c) O mérito foi dedicado a eles. Os supervisores chegaram a uma hora em ponto na escola

     

    ~> Não ocorre crase diante de pronome (ele).

     

    d)  Os estudantes vestiram-se a Momo. Eles foram barrados pelos seguranças a entrada do salão de baile.

     

    ~> Nas duas situações há crase, visto que na primeira ocorrência expressa "a moda de" e na segunda trata-se de locuções adverbiais femininas.

  • Paulo Jr, seu comentário está errado quando vc diz que após ATÉ não pode haver crase. Essa é a única preposição que permite o uso do acento.

  •  

    1 -     LOCUÇÕES ADVERBIAIS:       às vezes, à noite, à tarde, às ocultas, à vontade, às pressas à mão armada,   À TOA, À DIREITA, À ESQUERDA, À REVELIA, À CHAVE, À LUZ, À BEÇA, À DERIVA, ÀS AVESSAS, À LARGA, ÀS MOSCAS, À METADE

     

    ***  “A MENOS DE" é locução prepositiva masculina, por isso não ocorre crase.

    Locuções A VAPOR E A BORDO, também não há acento indicativo de crase

     

    2 -   LOCUÇÕES PREPOSITIVAS:        À mercê,  À beira de, À espera de, À procura de, À FRENTE DE, À FORÇA DE,  À SEMELHANÇA DE, À SOMBRA DE, À EXCEÇÃO DE

    À ENTRADA DE

     

    3 -      LOCUÇÕES CONJUNTIVAS:          à proporção que, à medida que (apenas essas duas).

     

     

                             DISTÂNCIA     IN - DETERMINADA     (SEM CRASE)



    Ele observou tudo A DISTÂNCIA. (sem crase).   Ensino a DISTÂNCIA.

    Sempre acompanho os jogos do meu time, mesmo A DISTÂNCIA.

    Hoje nos matriculamos num curso A DISTÂNCIA.

                                             Vire a 10 Quilômetros

     


            DISTÂNCIA DETERMINADA (COM CRASE)



    Os militares acompanharam tudo À DISTÂNCIA de 10 metros.

    No zoológico, as feras ficam À DISTÂNCIA de 15 metros.

     

     

     

     

     

     

                     VIDE  Q118445   Q51952  Q202664  Q766366

     

    Não tem crase antes de   VERBO      ( A PARTIR)

     

    Não usa a crase antes de ARTIGOS  indefinidos    (A UM)

     

    Não há crase antes de pronome  (A ELA)

     

    NÃO há crase antes de pronome demonstrativo     (A ESSE, A ESTA, A TAL)

      

    NÃO há crase antes de pronome INDEFINIDO    (A QUALQUER, A CADA, A TODA)

     

    Não há crase antes de palavra MASCULINA     A     PRAZO   =   O      PRAZO   

     

                       A    PROPÓSITO       =        O PROPÓSITO        A PRÓPRIA

     

    Não há crase diante de palavras no plural:        a   oligarquias locais,   A   nossaS      

     

    PALAVRAS REPETIDAS =       FRENTE   A     FRENTE          cara  a  cara.

                        Exceção: declarou guerra à guerra.   Declarou guerra ao partido.

     

     

     

    Q213555                 ATÉ  às     = FACULTATIVA

     

     

          Preposição REPELE PREPOSIÇÃO: perante, ante, para, entre etc. Veja alguns exemplos:

     

    A reunião está marcada para as 14h.                       

     

    APÓS (preposição)      AS  (crase proibida)

     

    DESDE  (preposição    AS   (crase proibida)

     

    Deverá explicar-se perante a Justiça.

     

    Levou um tombo ante a plateia perplexa.

    O encontro deu-se entre as 14h e as 15h.

    Vamos lutar contra a fome no país.

    Cara a cara COM A fera

     

     

  • Direto ao Ponto.

    A alternativa (A) está errada, pois a palavra "casa" é seguida do caracterizador "de meu pai", por isso admite crase. Porém, a expressão "a distância" não admite artigo "a". Há apenas preposição "a". Assim, não cabe crase. Só caberia crase se tal substantivo tivesse sido caracterizado, como o seguinte: "à distância de dois metros".

     

    A alternativa (B) está errada, pois o verbo "se referiu" rege a preposição "a" e o pronome "todos" não admite artigo "a". Assim, não houve crase. Além disso, diante de palavras repetidas, só cabe preposição "a".

     

    A alternativa (C) está errada, pois o pronome "eles" e o artigo indefinido "uma" não admitem artigo "a", por isso não cabe crase.

     

    A alternativa (D) é a correta, pois a expressão "à Momo" faz subentender o substantivo feminino "moda" (à moda Momo). Além disso, a locução adverbial "à entrada do salão de baile" é precedida de preposição "a" e o substantivo "entrada" é precedida do artigo "a".

     

    (Comentários do professor Décio Terror.)
     

    _____________
    Foco Força Fé

  • Só uma pergunta sobre o comentário abaixo...

    Na letra C admite-se crase antes do "uma hora". No meu entendimento o "uma" não seria artigo indefinido mas sim "(...) chegaram à 1 hora (...)"

  • Uma indagação:

     

    - Depois de ATÉ é facultativa a crase.

     

    - Depois de CASA especificada deve-se usar a crase.

     

    - E se a frase for "Fui até a casa de meus pais"?

     

    AQUI A CRASE SERÁ OBRIGATÓRIA OU FACULTATIVA?

     

    OU NÃO SE PODE USAR A PREPOSIÇÃO "ATÉ" APÓS O VERBO "IR"? CONSIDERNDO QUE QUEM VAI, VAI A...

     

     

  •  

    a) Fui à casa de meu pai. Lá, algumas pessoas preconceituosas ficaram a distância

    Essa questão vou dar a minha opinião ...  No primeiro há crase por conta da especificação. Já no segundo não há crase por conta da falta da especificação. 

    Quando se referiamos com casos proibidos em crase as palavras : Casas, Distância e Terra sem especificações não há porque ter crase, apenas nos casos de especificações dessas palavras. Observe que a parte que se diz " Fui à casa de meu pai." , está havendo uma especificação " Fui à casa de meu pai." Ja na distância não houve uma especificação e sendo assim não há motivos de crase. 


     

  • 1- Quando o nome do lugar ou a palavra "distancia" estiver específicado, ocorrerá crase. 2- Diante de pronomes de tratamento masculino não há crase. 3- Diante de numerais cardinais não há crase. 4- Diante de palavra com o sentido de "à moda de, há crase. 5- Quando substituímos a palavra feminina por uma masculino e surge a forma " ao ", há crase.
  • Crase Especial

    Casa/Terra/Distância

    EX. Voltei a casa. Voltei à casa dos meus pais.

    Só levam crase SE ESPECIFICAR

  • Sabrina Cardoso,

    seu raciocínio está correto. O "uma" da frase abaixo (letra c) não é artigo indefinido e sim numeral, portanto a crase ocorre. A alternativa não é correta apenas porque o primeiro "a" não deve ser acentuado, uma vez que está diante de pronome.

    "O mérito foi dedicado a eles. Os supervisores chegaram a uma hora em ponto na escola"

  • GABARITO: LETA D

    ...Vestiram se à Momo (A moda): Crase obrigatória

    ...Pelos seguranças à entrada do salão de baile: (Em+ a= na ou à) Crase obrigatória

  • Casa , distância e terra (terão crase quando vierem especificados )