SóProvas


ID
2356123
Banca
CONSULPLAN
Órgão
TRF - 2ª REGIÃO
Ano
2017
Provas
Disciplina
Serviço Social
Assuntos

Sobre as abordagens quanti-qualitativas na pesquisa social, assinale a afirmativa INCORRETA.

Alternativas
Comentários
  • De acordo com Minayo:

     

    a)      Num embate frontal com o Positivismo, a Sociologia Compreensiva propõe a subjetividade como o fundamento do sentido da vida social e defende-a como constitutiva do social e inerente à construção da objetividade nas ciências sociais. (p.24);

     

    b)      Os autores que seguem tal corrente não se preocupam em quantificar, mas, sim, em compreender e explicar a dinâmica das relações sociais que, por sua vez, são depositárias de crenças, valores, atitudes e hábitos. Trabalham com a vivência, com a experiência, com a cotidianidade e também com a compreensão das estruturas e instituições como resultados da ação humana objetivada. Ou seja, desse ponto de vista, a linguagem, as práticas e as coisas são inseparáveis (p.24);

     

    c)      A principal influência do Positivismo nas ciências sociais foi a utilização dos termos de tipo matemático para a compreensão da realidade. Sua consequência é a apropriação da linguagem de variáveis para especificar atributos e qualidades do objeto de investigação. Os fundamentos da pesquisa quantitativa nas ciências sociais são os próprios princípios clássicos utilizados nas ciências da natureza (p.23);

     

    d)     A abordagem da Dialética faria um desempate nas correntes colocadas anteriormente. Ela se propõe a abarcar o sistema de relações que constrói, o modo de conhecimento exterior ao sujeito, mas também as representações sociais que traduzem o mundo dos significados. A Dialética pensa a relação da quantidade como uma das qualidades dos fatos e fenômenos. Busca encontrar, na parte, a compreensão e a relação com o todo; e a interioridade e a exterioridade como constitutivas dos fenômenos.(p.25).

     

     

    Fonte: MINAYO, Maria Cicília de Souza (org); DESLANDES, Suely Ferreira; NETO, Otávio Cruz; GOMES, Romeu. Pesquis Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ, Vozes, 1994.

  • Ainda sobre a sociologia compreensiva, interessante retormar o texto de Behring e Boschetti:

     

     

    (...)a sociologia compreensiva – será a marca do pensamento de um autor cuja influência no debate contemporâneo é fundamental: Max Weber. Seu trabalho realiza uma aproximação dos processos sociais a partir da compreensão das intencionalidades e ações dos sujeitos, que se sobrepõem às condições objetivas que as circunscrevem. Nesse sentido, as preocupações weberianas estarão voltadas para a captação da relação de sentido da ação humana. Para ele, “conhecer um fenômeno social seria extrair o conteúdo simbólico da ação ou ações que o configuram” e não apenas “o aspecto exterior dessas mesmas ações” (Tragtenberg, 1980:VIII e IX). Mas a análise do sentido dos comportamentos humanos submete-se à prova, à validação objetiva.

     

    (...)Ele enfrentou a problemática da relação entre valores e ciência num momento histórico diferente de Durkheim(...)ele reconhece essa relação, mas os valores aqui não estão relacionados aos projetos societários, às classes sociais, mas a culturas, nações, religiões. São os valores que permitem selecionar, “no caos infinito dos fenômenos sociais” aquilo que é significativo. Para Weber, a vida cultura e os fenômenos sociais existem sempre relacionados aos pontos de vista, que são uma condição indispensável para lhes atribuir significado e relevância. Os valores orientam a escolha do objeto, a direção da investigação empírica, aquilo que é importante e acessório, o aparelho conceitual utilizado e a problemática da pesquisa e questões que se colocam ou não à realidade. Weber criticava a transposição da lógica das ciências naturais para as ciências sociais e, nessa linha, a perspectiva weberiana é totalmente antipositivista. Contudo, se os valores orientam a eleição das questões, Weber postula a necessidade da neutralidade axiológica quando do encaminhamento das respostas: elas devem ser neutras, já que a pesquisa deve caminhar por regras objetivas e universais. Os pressupostos da pesquisa são subjetivos, mas os resultados devem ser válidos e objetivamente aceitáveis. 

     

    Weber desenvolve a metodologia do tipo ideal (...)permitindo situar os fenômenos sociais em sua relatividade, em relação ao tipo ideal – um sistema compreensivo de conceitos - , o que permite formular na sequência hipóteses explicativas. O tipo ideal não existe na realidade, que é fluida, ou seja, não se encontra na realidade o tipo puro, de modo que ela não pode ser classificada como rígida.(p.33 a 35).

     

     

     

    Fonte: BEHRING, Elaine rossetti; BOSCHETTTI, Ivanete. Política Social: fundamentos e história. -9ed.-São Paulo: Cortez, 2011 (Biblioteca Básica de Serviço Social; v.2)