SóProvas


ID
2356675
Banca
CONSULPLAN
Órgão
CFESS
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                            São só contas de vidro

      Os índios ficaram deslumbrados com as contas de vidro que os portugueses lhes davam. Por quê? Por causa da beleza dessas contas de vidro? Pouco provável. Para encontrar coisas belas, tudo o que os nativos tinham de fazer era olhar ao redor: as árvores, os pássaros, as flores. Mas as contas de vidro representavam duas coisas. Em primeiro lugar, eram novidade, coisa desconhecida por ali. Em segundo lugar, eram novidade, de uma tecnologia que os índios não dominavam e que, por isso, admiravam. Mais de cinco séculos se passaram e continuamos dominados pela mesma reverência à tecnologia. Exemplo: o automóvel tem absoluta prioridade em relação aos pedestres, mesmo em situações em que estes são vários e em que o veículo transporta uma única pessoa. Muitos brasileiros ficam assombrados ao saber que em Brasília os motoristas respeitam a faixa de segurança. Em outras cidades, faixa de segurança é mero detalhe, pouco importante diante da potência que é o automóvel. Isso também explica a quantidade de acidentes de trânsito que temos; a sensação de poder de que goza o motorista muitas vezes perturba sua capacidade de discernimento.

      O verdadeiro progresso traz junto consigo os mecanismos de controle para esses excessos. Na Europa e nos Estados Unidos, os motoristas, em geral (claro que há numerosas exceções), dirigem com cautela, pela simples razão de que podem responder no tribunal por qualquer problema, até mesmo psicológico, que venham a causar a outras pessoas. A noção de espaço público lá está muito presente. No Brasil é diferente. Se o espaço é público, isso não significa que é de todos, que todos têm de cuidar dele; não, se o espaço é público, ele não é de ninguém. Nos cinemas brasileiros, celulares tocam com frequência e às vezes seus proprietários mantêm longas conversas, em voz alta, durante a exibição do filme. Os outros espectadores que se lixem. Existe aí um motivo adicional, além do desrespeito ao local coletivo. O telefone, no Brasil, ainda guarda a aura de um passado em que era privilégio de poucos. Conseguir uma linha era missão quase impossível. Quem tinha telefone tinha poder, e esta imagem, de certo modo, persiste. Infelizmente, porque poucos meios de comunicação são tão invasivos. Cartas e e-mails ficam pacientemente à nossa espera. O telefone, não. O telefone soa insistentemente, e temos de atender, não importa o que estejamos fazendo no momento – almoçando, tomando banho, fazendo amor. E quem liga também não dá bola para esses detalhes. A elementar pergunta – “Você pode falar? ” – raramente é feita. Ligação telefônica desloca para um segundo plano qualquer outra coisa. Digamos que você esteja sendo atendido por um funcionário no banco. Se tocar o telefone, você e todos os outros que estão esperando terão de se conformar: o funcionário atenderá à chamada, não raro longa.

      O celular é ótima coisa. Pessoas que, por falta de telefone, ficavam em verdadeiro estado de marginalização social, agora podem se comunicar facilmente. Existe hoje uma verdadeira cultura do celular, mas ela, infelizmente, ainda não inclui a noção de respeito ao outro. Chegaremos lá, claro, se não mediante leis, como fazem os países mais adiantados, então pela evolução natural da arte do convívio. As pessoas aprendem. E um dia descobrem que as brilhantes contas de vidro são só isto: contas de vidro.

              (SCLIAR, Moacyr. Do jeito que nós vivemos. Belo Horizonte: Ed. Leitura, 2007.)

Assinale a alteração proposta para o trecho selecionado cuja correção gramatical é preservada caso o termo destacado já tivesse sido introduzido no texto anteriormente sendo um referente para o termo anafórico.

Alternativas
Comentários
  •  

                                                                 PRONOMES

     

             COMPLEMENTO NOMINAL:          LHE, LHES, NOS, VOS, ME, TE

     

     

                                OBJETO INDIRETO    =        VTI

     

            LHE, LHES, SE, TE, ME, NOS, VOS

     

     

    - Verbos terminados em:      -R, -S, -Z     +    o, a, os, as  =     LO, LA, LOS, LAS

     

    METE - S o nariz  =     METE-LO

     

    Trazer  + as =   trazê-las

    Perdes *+ as = perde-las

    Seduz + as   = sedu-LAS
     

    - Verbos terminados em:  - M, - ÃO, -ÕE    +     o, a, os, as     =      NO, NA, NOS, NAS

     

    VIDE     Q584898  Q720483       Q584065

     

    VERBO TERMINADO M” ou “ÕEos pronomes O, A, OS, AS   =   NO, NA, NOS , NAS

     

    TRAGA M    +     o       =         tragam -  NO

     

    P ÕE   +  os    =                       põe - NOS

     

     ATENÇÃO:

     

     

    VERBO TERMINADO  “ MOS”      seguido de       NOS  ou VOS        RETIRA O “S”

     

    Encontram o  -    no

    Solicitam   o -    VOS

     

     

     

     

     

     

    Q701725

                                                               OBJETO DIRETO        =        VTD

     

    -  PRONOMES OBLÍQUOS  =       O, A, Os, As, Lo, La, Los, Las, No, Na, Nos, Nas    funcionam somente como OBJETO DIRETO.

     

    JOAO  AMA (VTD)    MARIA   AMA ALGUÉM...  JOÃO  AMA-A       

     

     

     

    VIDE   Q795612

    SEGUIR ALGO OU ALGÉM =    VTD   =    OBJETO DIRETO =      O, A, OS, AS                  

                      

    PARA TREINAR

     

    Q826503

     

    a) O garoto respondeu à menina, VTI  perguntando-a onde estava o advogado dela. ERRADO. Quem pergunta, pergunta A alguém. Portanto, é necessário o uso do LHE: perguntou-lhe.


    b) A menina afirmou ao garoto que poderá processar ele, caso este não    VTD ajudar-lhe com a lição de casa. ERRADO. Quem ajuda, ajuda alguém. Assim, não cabe uso do LHE. Além disso, tem o NÃO que atrai os pronomes.


    c) A menina afirmou ao garoto que poderia    VTD   processá-lo, se este não a ajudasse com a lição de casa. CERTO.

    Quem processa, processa alguém.  Assim, não cabe uso do LHE.


    d) Em resposta à menina, o garoto resolveu  VTI   perguntá-la onde estava o advogado dela. ERRADO.

    Quem pergunta, pergunta   A  alguém. Portanto, é necessário o uso do LHE: perguntar-lhe.


    e) A menina ameaçou   VTD   processar-lhe, caso o garoto não ajudasse-a com a lição de casa. ERRADO.

    Quem processa, processa alguém.  Assim, não cabe uso do LHE: processá-lo.

    PROCESSAR é VTD, requer pronome que possa funcionar como objeto indireto: O)

     

     

     

     

     

  • Gabarito C

  • a) "[...] o veículo transporta uma única pessoa.” (1º§) / o veículo lha transporta. ERRADA, SERIA... "O VEÍCULO A TRANSPORTAVA"

     

    b) “[...] os motoristas respeitam a faixa de segurança.” (1º§) / os motoristas as respeitam.  ERRADA, SERIA "OS MOTORISTAS RESPEITAM-NAS

     

    c) “Mas as contas de vidro representavam duas coisas.” (1º§) / Mas as contas de vidro representavam-nas. CORRETA, VERBOS TERMINADOS EM SOM NAZAL

     

    d) “[...] de uma tecnologia que os índios não dominavam [...]” (1º§) / de uma que os índios não lhe dominavam.  ERRADA, SERIA... "DE UMA QUE OS INDIOS NÃO AS DOMINAVAM (ADVERBIO ATRAI O PRONOME PROCLITICO

  • A anáfora retoma algo que já foi citado.

    Por causa da beleza dessas contas de vidro? Pouco provável. Para encontrar coisas belas, tudo o que os nativos tinham de fazer era olhar ao redor: as árvores, os pássaros, as flores.Mas as contas de vidro representavam duas coisas....

    Letra: C

  • Nem entendi a pergunta... 

     

  • Levei mais tempo decifrando a pergunta do que com a resposta. Que enunciado cabuloso.

     

  • Boa tarde,

     

    Acredito que a dúvida tenha ficado entre a letra B e C, observe que a questão pediu que mantesse o sentido e a correção.

     

     b) “[...] os motoristas respeitam a faixa de segurança.” (1º§) / os motoristas as respeitam. 

     

    O verbo respeitar é transitivo direto, [a faixa de segurança] tem papel de objeto direto.

     

    Logo, caso formos substituir o objeto direto por um pronome oblíquo átono, terá de ser obrigatoriamente um daqueles que possuem função de objeto direto (O,A,NO,NA,LO,LA e variações) teremos de observar duas coisas:

     

    - a colocação pronominal (deve ser observado os casos de próclise obrigatória ou facultativa, nessa questão temos um caso facultativo)

     

    - e o tipo de verbo que temos 

     

    lembrando que verbos terminados em vogais assumem (o(s), a(s) ex: chutou-o

     

    Já os verbos terminados em (M,N,~) assumem, No(s), Na(s) exemplo: jogaram-no (aqui, caso o pronome esteja anteposto ao verbo assumirá o(s), a(s) exemplo: respeitam-na ou a respeitam. O erro da questão está justamente aqui, pois o pronome refere-se à "faixa de segurança" no singular, logo a construção "as respeitam" está errada.

     

     Já os verbos terminados em (R,S,Z) assumem Lo(s), La(s) exemplo: cortá-la (devemos cortar a última letra e atentar para as regras da acentuação)

     

     c) “Mas as contas de vidro representavam duas coisas.” (1º§) / Mas as contas de vidro representavam-nas.

     

    Gabarito. Temos aqui "duas coisas" como objeto direito de representavam (vtd), portanto o objeto direto será substituído pelos pronome oblíquo átono com funçao de OD que são: O(s), A(s), No(s), Na(s), Lo(s), La(s). Para a escolha de qual usar deve-se observar a terminação do verbo, conforme explicado acima.

     

    Logo, as contruções:

     

    Mas as contas de vidro representavam-nas.  ou

    Mas as contas de vidro as representavam.

     

    estaria correta, pois não temos um caso obrigatório de próclise e o pronome oblíquo no plural faz referencia ao objeto direto.

     

    Para agregar, é pertinente lembrarmos que o pronome LHE possui função de objeto indireto

     

    Exemplo: Átilla comunicou aos amigos a aprovação no concurso para auditor da receita 

     

    O verbo "comunicar" é VTDI (quem comunica, comunica alguma coisa [ objeto direto] a alguém [ objeto indireto]), exige um objeto direto e um objeto indireto, a contrução correta usando o pronome"lhe" seria:

     

    Átilla comunicou-lhes a aprovação... 

     

    Bons estudos

  • a)  "[...] o veículo transporta uma única pessoa.” (1º§) / o veículo lha transporta. ~> Isso aqui não é um erro, é um insulto à minha inteligência.

  • Que questão ridícula, cara. Colocaram um enunciado totalmente confuso para algo extremamente fácil. O mais difícil foi entender o que esse enunciado escroto quis dizer com essa frase mal formulada. Eu hein...

  • Típico da Consulplan. Embaralhar ideias no enunciado para tentar enganar e induzir o candidato ao erro.No geral, faz isso em todas as disciplinas.

  • Dica sobre a banca CONSUPLAN: leia primeiro as alternativas para ter uma ideia do que se trata e depois o enunciado

    Inverta a ordem mas NÃO DEIXE DE LER O ENUNCIADO!

  • Essa banca! Aff. Que enunciado é este.

  • Resposta certa é a letra C. 

     

    “Mas as contas de vidro representavam duas coisas.” (1º§) / Mas as contas de vidro representavam-nas. 

    Pronomes oblíquos átonos  No(s), Na(s) são utilizados em verbos transitivos diretos terminados em M ou ditongo nasal. Portanto, eles são objetos diretos.

    Outros exemplos: Eles venderam o livro; / Eles venderam-no.

                                 Põe o livro sobre a mesa. / Põe-no sobre a mesa.

     

     

  • Gabarito C

  • Erro da alternativa A -> o verbo transportar é VTD enquanto "lhe" e derivados só são usados com VTI. Ao mesmo tempo, o termo "mesmo em" encontrado no texto pede próclise visto que me parece ser um advérbio de frequência (podem me corrigir caso eu esteja errado).

     

    Mas vale lembrar, já que ninguém falou sobre isso aqui ainda, que os termos lho e lha existem e são simples flexões do termo lhe (lhe+o; lhe+a). Aqui a prova: https://www.priberam.pt/dlpo/lha

     

    Ex.: "e tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça..." A Bíblia (Mateus 27:29)