SóProvas


ID
2356690
Banca
CONSULPLAN
Órgão
CFESS
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                            São só contas de vidro

      Os índios ficaram deslumbrados com as contas de vidro que os portugueses lhes davam. Por quê? Por causa da beleza dessas contas de vidro? Pouco provável. Para encontrar coisas belas, tudo o que os nativos tinham de fazer era olhar ao redor: as árvores, os pássaros, as flores. Mas as contas de vidro representavam duas coisas. Em primeiro lugar, eram novidade, coisa desconhecida por ali. Em segundo lugar, eram novidade, de uma tecnologia que os índios não dominavam e que, por isso, admiravam. Mais de cinco séculos se passaram e continuamos dominados pela mesma reverência à tecnologia. Exemplo: o automóvel tem absoluta prioridade em relação aos pedestres, mesmo em situações em que estes são vários e em que o veículo transporta uma única pessoa. Muitos brasileiros ficam assombrados ao saber que em Brasília os motoristas respeitam a faixa de segurança. Em outras cidades, faixa de segurança é mero detalhe, pouco importante diante da potência que é o automóvel. Isso também explica a quantidade de acidentes de trânsito que temos; a sensação de poder de que goza o motorista muitas vezes perturba sua capacidade de discernimento.

      O verdadeiro progresso traz junto consigo os mecanismos de controle para esses excessos. Na Europa e nos Estados Unidos, os motoristas, em geral (claro que há numerosas exceções), dirigem com cautela, pela simples razão de que podem responder no tribunal por qualquer problema, até mesmo psicológico, que venham a causar a outras pessoas. A noção de espaço público lá está muito presente. No Brasil é diferente. Se o espaço é público, isso não significa que é de todos, que todos têm de cuidar dele; não, se o espaço é público, ele não é de ninguém. Nos cinemas brasileiros, celulares tocam com frequência e às vezes seus proprietários mantêm longas conversas, em voz alta, durante a exibição do filme. Os outros espectadores que se lixem. Existe aí um motivo adicional, além do desrespeito ao local coletivo. O telefone, no Brasil, ainda guarda a aura de um passado em que era privilégio de poucos. Conseguir uma linha era missão quase impossível. Quem tinha telefone tinha poder, e esta imagem, de certo modo, persiste. Infelizmente, porque poucos meios de comunicação são tão invasivos. Cartas e e-mails ficam pacientemente à nossa espera. O telefone, não. O telefone soa insistentemente, e temos de atender, não importa o que estejamos fazendo no momento – almoçando, tomando banho, fazendo amor. E quem liga também não dá bola para esses detalhes. A elementar pergunta – “Você pode falar? ” – raramente é feita. Ligação telefônica desloca para um segundo plano qualquer outra coisa. Digamos que você esteja sendo atendido por um funcionário no banco. Se tocar o telefone, você e todos os outros que estão esperando terão de se conformar: o funcionário atenderá à chamada, não raro longa.

      O celular é ótima coisa. Pessoas que, por falta de telefone, ficavam em verdadeiro estado de marginalização social, agora podem se comunicar facilmente. Existe hoje uma verdadeira cultura do celular, mas ela, infelizmente, ainda não inclui a noção de respeito ao outro. Chegaremos lá, claro, se não mediante leis, como fazem os países mais adiantados, então pela evolução natural da arte do convívio. As pessoas aprendem. E um dia descobrem que as brilhantes contas de vidro são só isto: contas de vidro.

              (SCLIAR, Moacyr. Do jeito que nós vivemos. Belo Horizonte: Ed. Leitura, 2007.)

As orações substantivas exercem as mesmas funções, no período, dos termos vistos na análise sintática das orações. Analisando sintaticamente o período: “E um dia descobrem que as brilhantes contas de vidro são só isto: contas de vidro.” (3º§) pode-se identificar o mesmo tipo de oração substantiva vista em:

Alternativas
Comentários
  • Alguém explica?

  • “E um dia descobrem que as brilhantes contas de vidro são só isto: contas de vidro.” 

    Sujeito:que as brilhantes contas de vidro são só isto: contas de vidro

     

    Única assertiva com a mesma característica:

    O professor permitiu que vários alunos fizessem nova avaliação.

    Sujeito:que vários alunos fizessem nova avaliação.

  • Gabarito: letra c.

    “E um dia descobrem /que as brilhantes contas de vidro são só isto: contas de vidro.”  >>> Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta.
    O mesmo acontece na alternativa c): O professor permitiu /que vários alunos fizessem nova avaliação.  >>> Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta.

    Em negrito temos conjunções integrantes que iniciam orações subordinadas substantivas. 

    Acerca da alternativa b): Ainda não verifiquei os relatórios/ que foram entregues ontem. >>> Oração Subordinada Adjetiva Restritiva. O que em negrito nada mais é do que um pronome relativo que retoma relatórios. 


    Leonardo Leobons, desculpe-me, mas o seu comentário está equivocado. No trecho presente no enunciado da questão, o sujeito é oculto (Se você voltar ao texto, verá que quem descobre são "as pessoas"), já na alternativa c), o sujeito é o professor

  •  a) Nunca duvidei de suas palavras. - Oração Subordinada Objetiva Indireta.

    b) Ainda não verifiquei os relatórios que foram entregues ontem. - QUE pode ser substituído por OS QUAIS, então é pronome relativo.

     c) O professor permitiu que vários alunos fizessem nova avaliação. - GABARITO - Oração Subordinada Objetiva Direta.

     d) Minha sensação era de que os alunos haviam compreendido todo o exposto. - Oração Subordinada Adjetiva Restritiva.

    Se errei em algo me corrijam, por favor. Espero ter contribuído! Sucesso a todos!

  • Q812617

    “Não vale indagar SE a nossa avó chegou aqui de caravela ou de navio negreiro”.

    Temos duas orações aqui:


    1ª) Não vale indagar - oração principal

    2ª) se a nossa avó chegou aqui de caravela ou de navio negreiro. - oração subordinada

     

    O termo SE é uma conjunção. Conjunções não exercem funções sintáticas. No trecho ele vai apenas integrar uma oração a outra, ou seja, é uma Conjunção Integrante.

     

    Vamos substituir a 2ª oração pelo termo "ISSO" para que a análise sintática seja mais fácil:

    Não vale indagar ISSO

    Não vale indagar (o quê?): isso.

    "Indagar" é VTD, logo, "ISSO" é OD

     

    Se o termo "ISSO" é OD e substituiu a segunda oração, logo a segunda oração será um OD também.

    Mas como ela será um OD se ela é uma oração (verbo)? Esse é o caso de um OBJETO DIRETO ORACIONAL.

    No caso, ela é uma ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA OBJETIVA DIRETA.

    ......

     

     

     

    QUEM DESCOBRE, DESCOBRE ALGO =      VTD

     

    QUEM PERMITE, PERTIME ALGO   =    VTD

     

    O QUÊ      =       ALGUÉM ou ALGUMA COISA =    

     

     

     

     **** SEM o "A" alguém

     

     

    .....................

    duvidei de  = VTI          Oração subordinada Objetiva indireta

     

    -            VTI  =       PEDE PREPOSIÇÃO !!!!      PREPOSIÇÃO  DE /EM

     

    ..................

     

    sensação era:   

    VERBOS DE LIGAÇÃO:     ser, estar, ficar, andar, parecer, continuar

     

     

  • d) Minha sensação era de que os alunos haviam compreendido todo o exposto. - Oração Subordinada SUBSTANTIVA COMPLETIVA NOMINAL

  • Felipe Miguel e Celiana Lima!

    A letra d) não seria uma Oração Subordinada Substantiva Predicativa do Sujeito? Digo isso por ela possuir um verbo de ligação!

    Abraços e bons estudos!

     

     

  • b) Ainda não verifiquei os relatórios que foram entregues ontem. [Oração adjetiva restritiva]

     

    c) O professor permitiu que vários alunos fizessem nova avaliação.

         O professor permitiu isso [Oração subordinada substantiva objetiva Direta]

     

    d) Minha sensação era de que os alunos haviam compreendido todo o exposto. [VL + introduzido por preposição = Oração subordinada completiva nominal]

     

     

  • a) Nunca duvidei de suas palavras.

    Oração subordinada Objetiva indireta=> Possui Verbo Transitivo Indireto/ OI

     

    b) Ainda não verifiquei os relatórios que foram entregues ontem

    Oração Adjetiva Restritiva=> 1º Não vem entre vírgulas, 2º restringe um determinado grupo. Neste caso, os relatórios que foram entregues ( um dos, alguns dos)

    Obs.: As Orações Adj. Explicativas vêm entre vírgulas e referem-se a um conjunto ou uma generalização.

     

    c) O professor permitiu que vários alunos fizessem nova avaliação.

    Oração subordinada Substantiva Objetiva Direta=> Possui Verbo Transitivo Direto, a segunda oração exerce o papel de Objeto Direto      

     

    d) Minha sensação era de que os alunos haviam compreendido todo o exposto.

    Oração Subordinada Completiva Nominal=> nome+ preposição

  • Apenas uma pequena correção no comentário da Cristina

     

    Letra d) Minha sensação era de que os alunos haviam compreendido todo o exposto 

              (Oração Principal) (VL) (Oração Subordinada Substantiva Predicativa) 

     

    Neste caso, usa-se a preposição expletiva "DE" para realce. Assim, poderá ser retirada da frase sem prejuízo para o sentido. Vejamos: Minha sensação era que os alunos haviam compreendido todo o texto.                        

     

    Outro exemplo: 

                A impressão é de que não fui bem na prova.

    (Oração Principal) (VL) ( Oração Subordinada Substantiva Predicativa) 

     

    Assim, trata-se de Oração Subordinada Substantiva Predicativa.

     

    (fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint34.php)

  • Essa letra D é o que? estou na dúvida entre OSS predicativa e OSS completiva nominal.

  • Muito bom Luísa

  • alguém pode me explicar porque a oração do enunciado não é O.S.S Apositiva?

  • Victor, a oração substantiva do enunciado é Objetiva Direta, vejamos:

     

    “E um dia descobrem que as brilhantes contas de vidro são só isto: contas de vidro.” 

     

    --> Para identificar uma Oração Subordinada Substantiva, podemos substituir a oração iniciada pela conjunção integrante "que" por "isso":

     

    “E um dia descobrem isso.” (agora fica fácil analisar os termos da oração!)

     

    -->  Verbo: descobrir - Verbo Transitivo Direto (quem descobre, descobre alguma coisa)

     

    --> Complemento do Verbo Transitivo Direto é um Objeto Direto, isto é, um objeto sem preposição: isso (descobrem o quê? Isso)

     

    Portanto, a oração que foi substituída pela palavra "isso" possui a mesma função sintática que ela, ou seja, objeto direto. Logo, trata-se de uma Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta.

     

    Espero ter ajudado. Um abraço, fique com Deus.

  • Gabarito C 

     

  • Gabarito letra C.

    A oração do enunciado é substantiva objetiva direta, pois funciona como complemento de um verbo transitivo direto: “descobrem”.

    descobrem [que as brilhantes contas de vidro são só isto]

    descobrem [isto]

    O mesmo ocorre na letra C:

    c) O professor permitiu [que vários alunos fizessem nova avaliação].

    professor permitiu [isto]

    A oração complementa o verbo “permitiu”; temos então uma oração subordinada substantiva objetiva direta.

    a) Nunca duvidei de suas palavras. (esse objeto indireto não tem forma de oração, pois não tem verbo. Seu núcleo é o substantivo “palavras”.)

    b) Ainda não verifiquei os relatórios que foram entregues ontem. (o “que” é pronome relativo e retoma “relatórios”; trata-se de oração adjetiva restritiva, não temos aqui oração substantiva)

    d) Minha sensação era (de) [que os alunos haviam compreendido todo o exposto].

    Minha sensação era [Essa/Isto]

    A oração destacada é predicativa, pois se relaciona ao sujeito “minha sensação” por via de um verbo de ligação “era”. A preposição “de” é exigida pelo termo sensação, mas pode ser eliminada, facultativamente, por ser considerada “expletiva”. Portanto, não introduz oração subordinada completiva nominal.


  • Muita discordância aqui quanto à letra D. Cuidado aí pessoal! Olha o verbo de ligação aí, seguido de conjunção integrante que introduz uma oração subordinada substantiva predicativa:

    Minha sensação era de que os alunos haviam compreendido todo o exposto.

    A oração subordinada em questão não pode ser completiva nominal em razão do verbo de ligação, que é o que dá origem a ela nesse caso.

  • O "que" como conjunção integrante (e não pronome relativo) introduz oração substantiva. Nesse caso, ele não retoma termos, não tem carga semântica e a oração pode ser substituída por ISSO. Letra D.

  • GAB:C

    “E um dia descobrem que as brilhantes contas de vidro são só isto: contas de vidro.”

    Quem descobre descobre algo, descobre o que? ''que as brilhantes contas de vidro são só isto: contas de vidro''

    Logo, descobre (VTD) que as brilhantes contas de vidro são só isto: contas de vidro (OD)

    Oração Subordinada Objetiva Direta

    O professor permitiu que vários alunos fizessem nova avaliação.

    Quem permite permite algo, permitiu o que? que vários alunos fizessem nova avaliação. (OD)

    O professor permitiu (VTD) que vários alunos fizessem nova avaliação. (OD)

    Oração Subordinada Objetiva Direta