SóProvas


ID
236068
Banca
FCC
Órgão
TCE-SP
Ano
2010
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                         Pensando nas histórias populares

           Se examinarmos as fábulas populares, verificaremos que  elas representam dois tipos de transformação social, sempre  com final feliz. Num primeiro tipo, existe um príncipe que, por alguma
circunstância, se vê reduzido a guardador de porcos ou  alguma outra condição miserável, para depois reconquistar sua condição real. Num segundo caso, existe um jovem pastor que não possuiu nada desde o nascimento e que, por virtude própria  ou graça do destino, consegue se casar com a princesa e  tornar-se rei.
           Os mesmos esquemas valem para as protagonistas femininas: a donzela nobre é vítima de uma madrasta (Branca  de Neve) ou de irmãs invejosas (Cinderela), até que um príncipe se apaixone por ela e a conduza ao vértice da escala social. Ou  então uma camponesa pobre supera todas as desvantagens da origem e realiza núpcias principescas.
          Poderíamos pensar que as fábulas do segundo tipo são  as que exprimem mais diretamente o desejo popular de uma  reviravolta dos papéis sociais e dos destinos individuais, ao passo  que as do primeiro tipo deixam aparecer tal desejo de forma  mais atenuada, como restauração de uma hipotética ordem  precedente. Mas, pensando bem, os destinos extraordinários do  pastorzinho ou da camponesa representam apenas uma ilusão  miraculosa e consoladora, ao passo que os infortúnios do príncipe
ou da jovem nobre associam a imagem da pobreza com a  ideia de um direito subtraído, de uma justiça a ser reivindicada, isto é, estabelecem no plano da fantasia um ponto que  será fundamental para toda tomada de consciência da época  moderna, da Revolução Francesa em diante.
          No inconsciente coletivo, o príncipe disfarçado de pobre é a prova de que cada pobre é, na realidade, um príncipe que sofreu uma usurpação de poder e por isso deve reconquistar  seu reino.   Quando cavaleiros caídos em desgraça triunfarem sobre seus inimigos, hão de restaurar uma sociedade mais justa, na qual será reconhecida sua verdadeira identidade.

                                                                           (Adaptado de Ítalo Calvino, Por que ler os clássicos)

Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em:

Alternativas
Comentários
  • LETRA C. Vocabulário é cada vez mais exigido nos concursos.

    A) errada, pois âmago = centro,foco,essencial,coração.  Vértice seria o ponto culminante, fulcral, cume... 

    B) reviravolta=correção, retificação       Raticação: confirmação.

    C) precedente=anterior OK

    D) ostensiva=que se faz mostrar, que se faz ser visto, ou seja, sem relação com miraculoso.

    E) usurpação= aponderar, pegar de forma bruta/força de algo de alguém, diferente de denegação.

    • a) vértice (Cume, cimo, pináculo) da escala social
    • âmago (cerne; a parte mais íntima de uma coisa ou pessoa) do esquema de classes.
    •  b) reviravolta dos papéis sociais
    •  ratificação (confirmar) dos status.
    •  c) hipotética ordem precedente  = suposta ordenação anterior.
    •  d) ilusão miraculosa (Extraordinário, assombroso.Que faz milagres.)
    •  projeção ostensiva.( Que não se esconde; que se quer mostrar; que se patenteia....)
    •  e) usurpação( Apoderar-se de.. ) de poder
    • denegação (Não conceder; indeferir:) de direito.
  • c-

    âmago significa centro, parte central. nao se relaciona com vertice, o qual indica parte mais alta