- ID
- 236437
- Banca
- FCC
- Órgão
- TRT - 8ª Região (PA e AP)
- Ano
- 2010
- Provas
-
- FCC - 2010 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Área Administrativa
- FCC - 2010 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Área Judiciária
- FCC - 2010 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Arquivologia
- FCC - 2010 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Engenharia Civil
- FCC - 2010 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Engenharia Elétrica
- FCC - 2010 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Estatística
- FCC - 2010 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Execução de Mandados
- FCC - 2010 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Tecnologia da Informação
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Há uma rotina de ideias a que não escapa sequer o escritor original. Os grandes temas, os temas universais, reduzem-se a uma contagem nos dedos – e quem escreve ficção vai beber sempre na mesma aguada. Um ficcionista puxa outro. Dostoievski, Faulkner, Kafka deflagraram muitos contemporâneos, graças à sua força extraordinária de gravitação. Servem de impulso à primeira largada, seus modos de dizer e maneira de ver e sentir o mundo deixam de ser propriedade privada, incorporam-se à literatura como conquista de uma época, um condomínio em que as ideias se desligam e flutuam soltas.
Fala-se comumente em influências na obra deste ou daquele autor. O termo, com o tempo, perdeu contorno pejorativo. Quem não tem influências, quem não se abeberou em alguém? Literatura é um organismo vivo que não cessa de receber subsídios. Felizes os que, contribuindo com essa coisa inquietante que é escrever, revigoram-lhe o lastro. Eles se realizam em termos de criação artística e contribuem, com sua experiência e suas descobertas, para que outros cheguem e deitem ali, também, o seu fardo.
Stendhal inventou para o amor a teoria da cristalização que se poderia aplicar à coisa literária. No fundo, as ideias
são as mesmas, descrevem um círculo vicioso que o escritor preenche conscientemente, se acrescentar ao que já
encontrou feito uma dimensão pessoal. Criação espontânea, inspiração, musa? Provavelmente não existem, pelo menos
na proporção em que os românticos quiseram valorizar as manifestações do seu espírito. Escrever – e falo sempre em
termos de criar – é um exercício meticuloso em busca do amadurecimento; quem escreve retoma uma experiência
sedimentada, com o dever, que só alguns eleitos cumprem, de alargá-la dentro da perspectiva do homem e da época.
(Hélio Pólvora. Graciliano, Machado, Drummond & Outros. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1975, pp. 37-38)
A ideia central do texto está corretamente reproduzida em: