- ID
- 2375968
- Banca
- COPESE - UFJF
- Órgão
- UFJF
- Ano
- 2017
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Texto 2
Política e Politicalha
Rui Barbosa
A política afina o espírito humano, educa os povos no conhecimento de si mesmos, desenvolve nos indivíduos
a atividade, a coragem, a nobreza, a previsão, a energia; cria, apura, eleva o merecimento.
Não é esse jogo da intriga, da inveja e da incapacidade, a que entre nós se deu a alcunha de politicagem. Esta
palavra não traduz ainda todo o desprezo do objeto significado. Não há dúvida que rima bem com criadagem e
parolagem, afilhadagem e ladroagem. Mas não tem o mesmo vigor de expressão que os seus consoantes.
Quem lhe dará o batismo adequado? Politiquice? Politiquismo? Politicaria? Politicalha? Neste último, sim, o
sufixo pejorativo queima como um ferrete, e desperta ao ouvido uma consonância elucidativa.
Política e politicalha não se confundem, não se parecem, não se relacionam uma com a outra. Antes se negam,
se excluem, se repulsam mutuamente.
A política é a arte de gerir o Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou tradições
respeitáveis. A politicalha é a indústria de explorar o benefício de interesses pessoais. Constitui a política uma
função, ou o conjunto das funções do organismo nacional: é o exercício normal das forças de uma nação
consciente e senhora de si mesma. A politicalha, pelo contrário, é o envenenamento crônico dos povos
negligentes e viciosos pela contaminação de parasitas inexoráveis. A política é a higiene dos países
moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada.
In: ROSSIGNOLI, Walter. Português: teoria e prática. São Paulo, Ed. Ática. 2004. p.19.
Releia o trecho:
“A política é a arte de gerir o Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou
tradições respeitáveis.”
A conjunção destacada na frase acima NÃO pode ser substituída por: