"Ao abordar mais detidamente os fundamentos da estrutura sincrética no exercício profissional do Serviço Social, o prof. José Paulo Netto aponta três dimensões objetivas: o conjunto de problemas (extremamente variados) em torno da “questão social”; o limite ontológico do exercício profissional: o cotidiano; e a forma particular de sua intervenção: manipulação de variáveis empíricas, alterando, rearranjando demandas sociais e institucionais que requerem respostas imediatas, contudo, restritas ontologicamente ao campo da fenomenalidade.
Em primeiro lugar, a estrutura essencialmente multiforme da “questão social” adquire um traçado ainda mais profundo e de complexa captação teórica na dinâmica do capitalismo dominado pelos monopólios. [...]
Em segundo lugar, na estrutura sincrética do Serviço Social, o horizonte do cotidiano aparece como limite da intervenção Social que, conectado à lógi‑ ca institucional do Estado, opera alinhada a uma manipulação planejada da reprodução da força de trabalho, cujo traçado marcante é o “disciplinamento da família operária, ordenação de orçamentos domésticos, recondução às normas vigentes de comportamentos transgressores ou potencialmente transgressores, ocupação de tempos livres, processos compactos de ressocialização dirigida” (Netto, 2009, p. 92). [...]
Em terceiro lugar, na acepção clássica do sincretismo, a “manipulação de variáveis empíricas de um contexto determinado” (Netto, 2009, p. 96) ofertava a inferência da legitimidade profissional a partir de dados quantitativos extraí‑ dos de mudanças microssocietárias, passíveis de mensuração a partir da razão instrumental. [...]"
Três notas sobre o sincretismo no Serviço Social - Jamerson Murillo Anunciação de Souza.
Netto (1991) destaca que o sincretismo parece ser o fio condutor da afirmação e do desenvolvimento do Serviço Social como profissão, seu núcleo organizativo e sua norma de atuação. Nesse sentido, o autor indica que são fundamentos da estrutura sincrética do Serviço Social:
( V)O universo problemático original que se apresentou como eixo de demandas histórico-sociais.
( V) O horizonte do seu exercício profissional.
( V) A sua modalidade específica de intervenção.
( F)A disputa entre o projeto emancipatório e o projeto conservador.
( F)A relação público/privada na resposta aos “problemas sociais”.