Segundo Freire, a natureza da consciência compreende diferentes níveis que correspondem à ação humana no mundo:
A. Consciência intransitiva. Corresponde ao indivíduo imerso em sua realidade, mas sem objetivá-la, compreendendo os problemas pessoais e sociais de forma superficial, biológica e não histórica. Mas ele tem a capacidade inata para transcender, ampliar sua percepção até alcançar o nível da consciência transitiva ingênua.
B. Consciência transitiva ingênua. O indivíduo percebe a contradição social, mas se move nos limites do conformismo, das explicações simplistas. Tem um mínimo de apreensão sobre os impactos das ações humanas sobre si mesmo, a natureza, a sociedade e a cultura, mas não se sente responsável pela transformação da realidade. Não é capaz do pensamento autônomo, porque não investiga as causas dos problemas, transferindo as soluções para outros. Resulta na massificação, no fatalismo, na impossibilidade ante os fatos, na acomodação, ajustamento e adaptação. Ele percebe a realidade como um poder superior, imutável que o domina de fora e o submete, e não se arrisca na direção da mudança à consciência crítica.
C. Consciência crítica. É a profundidade com que o indivíduo interpreta os problemas, é o engajamento social e político. É pensar autônomo, comprometido, e leva à mudança. É apreensão da realidade e da causalidade autêntica. Percebe os preconceitos que deformam sua interpretação do mundo. Responsabiliza-se por seus atos, dialoga e argumenta, é receptivo diante do novo. Acredita numa realidade que deve ser analisada e que pode ser transformada.
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