SóProvas


ID
238549
Banca
FCC
Órgão
TRT - 22ª Região (PI)
Ano
2010
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Sobre o natural e o sobrenatural

Outro dia escrevi sobre a importância do não saber, de como o conhecimento avança quando parte do não saber, isto é, do senso de mistério que existe além do que se sabe. A questão aqui é de atitude, de como fazer frente ao desconhecido. Existem duas alternativas: ou se acredita na capacidade da razão e da intuição humana (devidamente combinadas) em sobrepujar obstáculos e chegar a um conhecimento novo, ou se acredita que existem mistérios inescrutáveis, criados por forças além das relações de causa e efeito.

No meu livro Criação imperfeita, argumentei que a ciência jamais será capaz de responder a todas as perguntas. Sempre existirão novos desafios, questões que a nossa pesquisa e inventividade não são capazes de antecipar. Podemos imaginar o conhecido como sendo a região dentro de um círculo e o desconhecido como sendo o que existe fora do círculo. Não há dúvida de que à medida que a ciência avança o círculo cresce. Entendemos mais sobre o universo e entendemos mais sobre a mente. Mas, mesmo assim, o lado de fora do círculo continuará sempre lá. A ciência não é capaz de obter conhecimento sobre tudo o que existe no mundo. E por que isso? Porque, na prática, aprendemos sobre o mundo usando nossa intuição e instrumentos. Sem telescópios, microscópios e detectores de partículas, nossa visão de mundo seria mais limitada. Porém, tal como nossos olhos, essas máquinas têm limites.

Parafrasendo o poeta romano Lucrécio, as pessoas vivem aterrorizadas pelo que não podem explicar. Ser livre é poder refletir sobre as causas dos fenômenos sem aceitar cegamente "explicações inexplicáveis", ou seja, explicações baseadas em causas além do natural.

Não é fácil ser coerente quando algo de estranho ocorre, uma incrível coincidência, a morte de um ente querido, uma premonição, algo que foge ao comum. Mas, como dizia o grande físico Richard Feynman, "prefiro não saber a ser enganado."
E você?

(Adaptado de Marcelo Gleiser, Folha de S. Paulo, 11/07/2010)

O texto, em seu todo, deve ser entendido como

Alternativas
Comentários
  • Gabarito:B

    Uma passagem do texto em que o autor cita a relativização do alcance da ciência é" No meu livro, A criação imperfeita, argumentei que a ciência jamais será capaz de responder a todas as perguntas."

  • Olá pessoal!!!!

    trechos que justificam a opção b.

    "No meu livro Criação imperfeita, argumentei que a
    ciência jamais será capaz de responder a todas as perguntas."

     

    "sempre existirão novos desafios, questões que a nossa pesquisa
    e inventividade não são capazes de antecipar"

     

    "Não
    há dúvida de que à medida que a ciência avança o círculo
    cresce. Entendemos mais sobre o universo e entendemos mais
    sobre a mente. Mas, mesmo assim, o lado de fora do círculo
    continuará sempre lá."

  • b) uma reflexão sobre o alcance da ciência, numa perspectiva em que ESTE é relativizado.

    Eu ia marcar a letra "b", mas deixei de marcá-la por conta desse "este". Pra mim tinha que ser "esse", porque se refere a um termo anterior ("alcance"). Por que está errado?

    Se alguém puder me ajudar, eu agradeço. 

  • (minha interpretação) 

    a) ERRADO - O autor não se demonstra pessimista sobre a eficácia das descobertas científicas, diz apenas que a "ciência jamais será capaz de responder a todas as perguntas"(parágrafo 03), mas não se mostra pessimista sobre a eficácia das descobertas, não diz se as descobertas são eficazes ou não. 

    B) CORRETA

    C) O autor não diz que os cientistas duvidam do poder absoluta da pesquisa, extrapolou o texto !

    D) não faz críticas às máquinas, apenas diz que elas têm limites. 

    E) ERRADA - acho que o texto não fala em "prestígio" das coisas inexplicáveis, apenas diz que elas existem.