SóProvas


ID
238555
Banca
FCC
Órgão
TRT - 22ª Região (PI)
Ano
2010
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Sobre o natural e o sobrenatural

Outro dia escrevi sobre a importância do não saber, de como o conhecimento avança quando parte do não saber, isto é, do senso de mistério que existe além do que se sabe. A questão aqui é de atitude, de como fazer frente ao desconhecido. Existem duas alternativas: ou se acredita na capacidade da razão e da intuição humana (devidamente combinadas) em sobrepujar obstáculos e chegar a um conhecimento novo, ou se acredita que existem mistérios inescrutáveis, criados por forças além das relações de causa e efeito.

No meu livro Criação imperfeita, argumentei que a ciência jamais será capaz de responder a todas as perguntas. Sempre existirão novos desafios, questões que a nossa pesquisa e inventividade não são capazes de antecipar. Podemos imaginar o conhecido como sendo a região dentro de um círculo e o desconhecido como sendo o que existe fora do círculo. Não há dúvida de que à medida que a ciência avança o círculo cresce. Entendemos mais sobre o universo e entendemos mais sobre a mente. Mas, mesmo assim, o lado de fora do círculo continuará sempre lá. A ciência não é capaz de obter conhecimento sobre tudo o que existe no mundo. E por que isso? Porque, na prática, aprendemos sobre o mundo usando nossa intuição e instrumentos. Sem telescópios, microscópios e detectores de partículas, nossa visão de mundo seria mais limitada. Porém, tal como nossos olhos, essas máquinas têm limites.

Parafrasendo o poeta romano Lucrécio, as pessoas vivem aterrorizadas pelo que não podem explicar. Ser livre é poder refletir sobre as causas dos fenômenos sem aceitar cegamente "explicações inexplicáveis", ou seja, explicações baseadas em causas além do natural.

Não é fácil ser coerente quando algo de estranho ocorre, uma incrível coincidência, a morte de um ente querido, uma premonição, algo que foge ao comum. Mas, como dizia o grande físico Richard Feynman, "prefiro não saber a ser enganado."
E você?

(Adaptado de Marcelo Gleiser, Folha de S. Paulo, 11/07/2010)

Atente para as seguintes afirmações:

I. No 3º parágrafo, entende-se que o livro Criação imperfeita expressa a posição do autor segundo a qual sempre haverá limites para nossa observação e visão de mundo.

II. No 4º parágrafo, afirma-se que as coisas inexplicáveis, que costumam aterrorizar as pessoas, devem ser objeto de uma investigação racional.

III. No último parágrafo, a frase de Richard Feynman indica que, para esse físico, o desconhecido não deve ser motivo para acreditarmos no sobrenatural.

Em relação ao texto, está correto o que se afirma em

Alternativas
Comentários
  • por favor, o que adianta apenas comentar dizendo que a resposta é X??!?!?!?!? Isso se sabe vendo o gabarito. Esses comentários deviam ser bloqueados.

    Errei a questao e não sei explicar por que as alternativas estão certas.

    Deveria ter um mecanismo para bloquear comentários inúteis
  • Ao analisar o texto, percebe-se que todas as afirmativas estão corretas pelos seguintes motivos:

    I - Afirma que o autor em seu livro Criação Imperfeita sustenta a posição de que "sempre haverá limites para nossa observação e visão do mundo", entendimento extraído do parágrafo terceiro. Pois bem, analisando referido parágrafo, temos a seguinte frase (mais ou menos no meio do parágrafo) "A ciência não é capaz de obter conhecimento sobre tudo o que existe no mundo".
    Pronto, está aí a resposta, pois sendo a ciência incapaz de obter conhecimento sobre tudo que existe no mundo, e sendo ela a forma principal pelo qual obtemos o conhecimento, sempre haverá limites para nossa observação e visão do mundo.

    II - No 4ª parágrafo a frase que nos dá a resposta é "Ser livre é poder refletir sobre as causas dos fenômenos sem aceitar cegamente "explicações inexplicáveis", ou seja, explicações baseadas em causas além do natural.", ou seja, ser livre é entender racionalmente as coisas que acontecem no mundo fenomênico, não aceitar explicações inexplicáveis só porque não conseguimos compreender, tudo deve ser objeto de reflexão utilizando-se da razão, sendo racional.

    III - A frase "prefiro não saber a ser enganado." após a explicação antecedente, que foi objeto da indagação do item II, nos dá exatamente a ideia expressa nesse item III, haja vista que se não há explicação racional (a ciência não explica tal questão) Richard Feynman prefere a ignorância em relação a isso do que ser enganado e acreditar em coisas sobrenaturais que, para ele, significa se deixar enganar, ser enganado.

    Espero ter ajudado....

  • Indo de encontro ao colega Luiz Fernando, eu simplesmente TIVE de mandar um recado ao colega Rodrigo Mayer parabenizando-o pelo MAGNÍFICO comentário feito para esta questão.

    Incito os colegas a fazerem o mesmo, afinal é de pessoas com esse espírito ESCLARECEDOR e CONTRIBUTIVO que TODOS NÓS precisamos! Quero e ESPERO ver MAIS E MAIS comentários como esse postados por aqui, pois eles ENRIQUECEM DEMAIS o espaço!
  • JOSIANE, o raciocínio do item III é exatamente esse, achei um pouco subjetivo o entendimento e acabei errando a questão. Muito esclarecedor, ajudou bastante.