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ID
2402245
Banca
FCC
Órgão
DPE-PR
Ano
2017
Provas
Disciplina
Filosofia do Direito
Assuntos

Acerca das proposições filosóficas de Immanuel Kant em sua obra Fundamentação da Metafísica dos Costumes, considere as assertivas abaixo.

I. O valor moral de uma ação não depende da realidade objetiva que com ela se busca atingir, mas sim é conhecido a priori pela razão.

II. A fórmula de um mandamento categórico admite a determinação de uma ação como um meio a alcançar um objetivo tomado por bom.

III. Apenas algo que possua valor absoluto e seja um fim em si mesmo pode ser o fundamento de um imperativo categórico (lei prática).

IV. O exercitar prático da autonomia da vontade de impor a si um imperativo hipotético restringe negativamente a liberdade individual.

V. Se dada regra necessita explicitar seu fundamento no objeto da vontade, trata-se de situação de heteronomia e de um imperativo condicionado.

VI. No conceito kantiano de “reino dos fins”, as coisas têm ou preço ou dignidade, sendo que apenas as primeiras admitem trocar-se por equivalentes.

Está correto o que se afirma APENAS em

Alternativas
Comentários
  • resposta correta letra D

  • KANT

    O autor concilia o empirismo e o racionalismo e com isso preordena a filosofia moderna. Kant buscou fundamentar uma doutrina do conhecimento.

    O filosofo alemão trouxe que o conhecimento poderia ser adquirido pela experiência (o que os sentidos mostram) e a razão (ela elabora e organiza os dados coletados). Kant dá muita importância para o sujeito do conhecimento e não no objeto, como fazia Descartes. A própria Teoria do objeto do Kant sugere que o ser humano não pode ser tratado como um objeto, ou seja, não pode ser usado para conseguir aquilo que lhe provem (imperativo Hipotético). O Ser Humano é um fim em si mesmo (Imperativo Categórico).
     

    Assim, surge a teoria do conhecimento de Kant e para o filosofo, o ideal de felicidade seria encontrado através da Razão humana (Crítica da razão pura.

    Imperativo Categórico- Objetiva impregnar uma lei moral universal. Ele é uma ação por si mesma, sem qualquer objetivo. Aqui reside a ética. Seguir o dever simplesmente por ser o certo a fazer.

    Imperativo Hipotético- Tomo determinada conduta objetivando algo. É um meio para alcançar um fim. É a técnica.

     

    Para Kant, reforça-se, o Homem é um ser racional, e como tal, é um fim em si mesmo, e fazer uso de outrem é tratá-lo com completa afronta ao dever moral.

     

    Em resumo, foi isso que entendi.

    Curso de Filosofia do Direito. Autores Eduardo Bittar e Fulherme Almeida

  • http://dhnet.org.br/direitos/anthist/marcos/hdh_kant_metafisica_costumes.pdf

     

    I -  ...Por isso a representação da lei em si mesma, que seguramente só tem lugar num SER RACIONAL, com a condição de ser esta representação, e não o resultado esperado...

    III - Conseqüentemente, se deve existir um princípio prático supremo e, no referente à vontade humana, um imperativo categórico, é preciso que este seja tal que derive da representação daquilo que, por ser fim em si mesmo, necessariamente é um fim para todos os homens, um princípio objetivo (429) da vontade; por esta forma, poderá servir de lei prática universal. O fundamento deste princípio é o seguinte: A natureza racional existe como fim em si mesma.

    V -  Todas as vezes que se pensa em tomar como fundamento um objeto da vontade, com o fim de prescrever a esta a regra que deve determiná-la, a regra não é senão heteronímia

    VI - No reino dos fins tudo tem um PREÇO ou uma DIGNIDADE. Uma coisa que tem um preço pode ser substituída por qualquer outra coisa equivalente; pelo contrário, o que está acima de todo preço e, por conseguinte, o que não admite equivalente, é o que tem uma dignidade.
     

  • A questão exige conhecimento relacionado às afirmações filosóficas realizadas por Immanuel Kant em sua obra Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Analisemos as assertivas:

    Assertiva “I”: está correta. Nesse sentido, conforme Kant: “Por conseguinte, para nos preservar da falência total de nossas idéias sobre o dever, bem como para manter na alma um respeito bem fundado da lei que o prescreve, nenhuma outra coisa existe, a não ser a convicção clara de que, mesmo quando nunca houvessem sido praticadas ações derivadas de fontes tão puras, o que importa não é saber se este ou aquele ato se verificou mas sim que a razão por si mesma, e independentemente de todos os fenômenos, ordena o que eleve acontecer; e que, conseqüentemente, ações, de que o mundo até hoje nunca talvez tenha oferecido exemplo, e cuja possibilidade de execução poderia ser posta fortemente em dúvida por aquele mesmo que tudo fundamenta sobre a experiência, são prescritas sem remissão alguma pela razão. Por exemplo, a pura lealdade na amizade, embora até ao presente não tenha existido nenhum amigo leal, e imposta a todo homem essencialmente,.pelo fato de tal dever estar implicado..como dever em geral, anteriormente a toda experiência, na idéia de uma razão que determina a vontade segundo princípios a priori”.

    Assertiva “II”: está incorreta. Não e admite a determinação de uma ação como um meio, mas apenas como um fim em si mesmo. Nesse sentido: “Supondo, porém, que existe alguma coisa, cuja existência cm si mesma possua valor absoluto, alguma coisa que, como fim em si mesmo, possa ser um princípio de leis determinadas, então nisso e só nisso se poderá encontrar o princípio de um imperativo categórico possível, isto é, de uma lei prática”.

    Assertiva “III”: está correta. Nesse sentido: “Supondo, porém, que existe alguma coisa, cuja existência cm si mesma possua valor absoluto, alguma coisa que, como fim em si mesmo, possa ser um princípio de leis determinadas, então nisso e só nisso se poderá encontrar o princípio de um imperativo categórico possível, isto é, de uma lei prática”.

    Assertiva “IV”: está incorreta. Conforme Kant “a autonomia da vontade é a propriedade que a vontade possui de ser lei para si mesma (independentemente da natureza dos objetos do querer). O princípio da autonomia é pois: escolher sempre de modo tal que as máximas de nossa escolha estejam compreendidas, ao mesmo tempo, como leis universais, no ato de querer. Que esta regra prática seja um imperativo, isto é, que a vontade de todo ser racional lhe esteja necessariamente ligada como a uma condição, é coisa que não pode ser demonstrada pela pura análise dos conceitos implicados na vontade, porque isso é uma proposição sintética; seria mister ultrapassar o conhecimento dos objetos e entrar numa crítica do sujeito, isto é, da razão pura prática; de fato, esta proposição sintética que prescreve apodicticamente, deve poder ser conhecida inteiramente a priori; contudo, tal tema mio pertence a esta Secção do livro. Mas que o princípio em questão da autonomia seja o único princípio da moralidade, explica-se muito bem por meio de simples análise do conceito de moralidade. Pois, dessa maneira, verifica-.se que o princípio da moralidade deve ser um imperativo categórico, e que este não prescreve nem mais nem menos do que a própria autonomia”.

    Assertiva “V”: está correta. Nesse sentido, conforme Kant “Quando a vontade busca a lei, que deve determiná-la, noutro lugar que não na aptidão de suas máximas para instituir uma legislação universal que dela proceda; quando, por conseguinte, ultrapassando-se, busca esta lei na propriedade de algum de seus objetos, o resultado disso é sempre uma heteronímia. Neste caso, a vontade não dá a si mesma a lei; é o objeto que lha dá, mercê de sua relação com a vontade. Esta relação, quer se apoie sobre a inclinação quer sobre as representações da razão), não logra possibilitar senão imperativos hipotéticos: devo fazer esta coisa, porque quero alguma outra coisa”.

    Assertiva “VI”: está correta. Nesse sentido, segundo Kant “No reino dos fins tudo tem um PREÇO ou uma DIGNIDADE. Uma coisa que tem um preço pode ser substituída por qualquer outra coisa equivalente; pelo contrário, o que está acima de todo preço e, por conseguinte, o que não admite equivalente, é o que tem uma dignidade”.

    Portanto, está correto o que se afirma em I, III, V e VI. 

    Gabarito do professor: letra d.

     

    Referência

    KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Traduzido do alemão por Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70, 1986.


  • Kant, influenciado pela visão pós-maquiavélica, valoriza a ética racional onde sua validade é realista e absoluta. Muito oposta aos ideais sofistas, por exemplo. Aquele segue a razão, em um ideal imperativo categórico e de lei universal. Exemplo: Não faça para o outro o que não quer para você.

  • Fiquei entre a "d" e "e", acabei marcando a "e", pois acreditei que a alternativa IV estava mais correta, no entanto, conforme explicado pelos coelgas, o imperativo hipotético não irá restringir a liberadade individual, apenas o categórico, por exemplo: recebo cinco reais a mais de troco, tenho duas opções nesse cenário, agir seguindo o imp. categórico e "a priori" "pela razão" devolver o valor recebido, ou agir pelo imp. hipotético e não falar nada, percebam que no segundo exemplo eu amplio a minha liberdade de ação, porém quebro a normativa kantiana e não ajo de modo ético.

    boa questão, exigiu um raciocínio apurado do candidato, na verdade analisando-a novamente o item VI estava, evidentemente, correto, my fault.

  • LETRA D

    I. O valor moral de uma ação não depende da realidade objetiva que com ela se busca atingir, mas sim é conhecido a priori pela razão. CERTO

    II. A fórmula de um mandamento categórico admite a determinação de uma ação como um meio a alcançar um objetivo tomado por bom.ERRADO

    III. Apenas algo que possua valor absoluto e seja um fim em si mesmo pode ser o fundamento de um imperativo categórico (lei prática).CERTO

    IV. O exercitar prático da autonomia da vontade de impor a si um imperativo hipotético restringe negativamente a liberdade individual.ERRADO

    V. Se dada regra necessita explicitar seu fundamento no objeto da vontade, trata-se de situação de heteronomia e de um imperativo condicionado.CERTO

    VI. No conceito kantiano de “reino dos fins”, as coisas têm ou preço ou dignidade, sendo que apenas as primeiras admitem trocar-se por equivalentes.CERTO

    Está correto o que se afirma APENAS em