SóProvas


ID
2406487
Banca
IESES
Órgão
CRA-SC
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

O COLECIONADOR DE PALAVRAS
Por: Chico Viana. Disponível em: http://revistalingua.com.br/textos/blogponta/o-colecionador-de-palavras-342472-1.asp Acesso em: 22 abr 2016
O hábito começou muito cedo. Dizia "papá" e "mãmã" com um prazer especial em jogar com as sílabas. "Pa... pá", "mã... mã" - os sons iam e voltavam até que ele os guardava para depois, quando quisesse, brincar de novo. Com o tempo foi juntando outros fonemas ("bu... bu", "pi... pi", "tó...tó"). Um dia teve febre e ouviu "dodói"; enamorou-se da palavra e ficou repetindo-a em seu delírio.
Cresceu e foi refinando as escolhas. Agora prestava atenção não apenas aos sons, mas também ao casamento que havia entre eles e o sentido. Às vezes a união lhe parecia perfeita, como em "croque" (sentia o atrito de um fonema no outro), "bafo" (a palavra terminava num sopro) ou "empecilho" (pronunciar essa foi um obstáculo que venceu a duras penas).
Noutras vezes, achava que palavra e som eram como estranhos. "Erisipela", por exemplo. Ficaria bem para designar um metal precioso ("Usava um colar de erisipela legítima"), mas não para indicar uma doença. [...] Teve pena da tia por ela sofrer de uma doença cujo nome não combinava em nada com as ulcerações que havia em suas pernas.
Descompassos como esse lhe deram uma vaga ideia das incoerências do mundo. Havia palavras bonitas para coisas feias e palavras feias para coisas bonitas, assim como havia pessoas lindas com uma alma escura, e outras, de rosto nada atraente, com um espírito luminoso. O mais das vezes - foi aprendendo - o nome era uma falsa aparência das coisas. Isso não o levou a desistir da coleção, só que agora ele tinha um critério; passou a dividir as palavras conforme a semelhança que tinham com os objetos ou seres que designavam.
Agrupou de um lado, por exemplo, "sanfona", "crocodilo", "miosótis", "turmalina" (se bem que essa mais parecesse nome de mulher) - e do outro "presidente", "cadeira", "promotor", "recurso" (palavras que não excitavam a língua e que a gente, quando as ouvia, não tinha a curiosidade de saber o que significavam).
À medida que envelhecia, tornava-se mais exigente com a sua coleção. Algumas palavras lhe pareciam insípidas, por isso ele resolveu esvaziar parte do baú. Uma das primeiras que jogou fora foi "jucundo", cuja hipocrisia não mais suportava (parecia designar algo triste, mas significava "alegre"). Trocou "jucundo" por "meditabundo", palavra mais honesta e de acordo com seu atual estado de espírito. Jogou fora também "vagar", "flanar", "leviano", e por pouco não se livrava de "paciente" ("prudência", que ia substituir a outra, aconselhou-o a esperar mais um pouco).
A coleção agora tinha pouquíssimos vocábulos, mas cada um pesava tanto que o homem não conseguia transportar o baú. Deixou-o embaixo da cama e nele foi inserindo, sem muito entusiasmo, as palavras que ainda o impressionavam (sabia que, se parasse de colecionar, morria). Um dos novos termos foi "achaque", que vagamente lhe soou como uma dança fúnebre de tribo africana (riu ao perceber que ainda tinha imaginação poética). Outro foi "próstata", que lhe pareceu o som de uma chicotada (ta-ta). E um dos últimos foi "tumor", que ele sem graça botou no lugar de "humor".
Depois que morreu, os amigos e parentes ficaram intrigados com aquele baú embaixo da cama. Abriram-no e nada encontraram em seu interior. "Ele era meio tantã", comentou a mulher. "Passava horas diante desse baú vazio." Resolveu guardá-lo, como lembrança, e aos poucos foi metendo nele os objetos inúteis da casa.
Chico Viana é doutor em Teoria Literária pela UFRJ, professor de português e redação e assina no site de “Língua” o blog “Na ponta do lápis”. www.chicoviana.com 

“À medida que envelhecia, tornava-se mais exigente com a sua coleção”. A crase foi corretamente empregada nesse período. As frases a seguir estão todas sem o acento indicativo de crase, mesmo as em que este sinal deveria, obrigatoriamente, aparecer. Observe:
I. A forma como os dados deveriam ser apresentados, não houve a devida atenção.
II. Era obrigado a se expor a severas restrições.
III. A pessoa, a quem me referia, havia acabado de adentrar.
IV. A igreja é atribuída a função de levar a pessoa a repensar a sua conduta.
Assinale a alternativa correta quanto à análise das proposições em observação:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: A

     

    I. À forma como os dados deveriam ser apresentados, não houve a devida atenção.

    (Para facilitar a visualização, podemos reescrevê-la assim: Não houve a devida atenção à forma como os dados deveriam ser apresentados)

     

    II. Era obrigado a se expor a severas restrições.

     

    III. A pessoa, a quem me referia, havia acabado de adentrar.

     

    IV. À igreja é atribuída a função de levar a pessoa a repensar a sua conduta.

     

  • Podem me tirar uma dúvida? Nesta frase, não teria crase?

     

    II. Era obrigado a se expor a severas restrições.

     

    Se explor a quê? A serevas...

  • Ola Vitor Matos, a meu entender nao tem crase em "a severas" pois Severas está no plural, para ter crase deveria ser "às severas"

  • à função, pensei que a crase viria aqui. 

  • IV - "À igreja", vale para a regra do "ao"?

    Exemplo: a igreja equivale ao templo, logo tem crase. 

  • NÃO SE USA CRASE ANTES DE 

     

    1- SUBSTANTIVO MASCULINO

     

    2- "A" SOZINHA ANTES PALAVRA NO LURAL

     

    3- PALAVRAS QUE SE REPETEM - gota a gota, cara a cara, dia a dia, frente a frente, ponta a ponta.

     

    * ATENÇÃO:  OS PRONOMES DE TRATAMENTO MADAME, DONA, SENHORA, SENHORIA - ADMITEM CARSE!

     

    5. Diante de pronomes (pessoais, demonstrativos, de tratamento, indefinidos e relativos):

    a) Solicitei a ela que tivesse calma, pois tudo daria certo!
    b) Você vai sair a esta hora?
    c) Comunicarei a Vossa Alteza a sua decisão!
    d) Dê comida a qualquer um que tenha fome!
    e) Agradeço a Deus, a quem pertence tudo que sou e tenho!

     

    OBEDEÇO A UMA LEI,

    A TODA LEI,

    A CADA LEI,

    A NEHUMA LEI,

    A UMA LEI,

    A CERTA LEI...

    A TODA EVIDÊNCIA

     

    PRONOMES INDEFINIDOS

    Alguma, Qualquer uma, Nenhuma, cada, toda, certa

     

    6 -  Antes de números cardinais: Vou embora daqui a quinze minutos

     

    7. Antes do artigo indefinido “uma”: Ele foi a uma comunhão.

     

    8. CASA, TERRA, ROMA, BRASÍLIA SEM ESPECIFICADOR DEPOIS   (POIS QUE VAI À --- VOLTA DE...)

     

    FUI A BRASÍLIA            -    FUI À BRASÍLIA DOS GÊNIOS BRASILEIROS

    FUIA A ROMA              -  FUI À ROMA DOS CÉSARES

    CHEGAMOS A TERRA      -    CHEGAMOS À TERRA DOS PAMPAS

    BEM-VINDOS A CASA       -   BEM-VINDOS À CASA DOS HORRORES

     

     

    * QUEM VAI À BAHIA, VOLTA DA BAHIA!

     

    * TERRA E CASA COM LETRA MAIÚSCULA, VAI CRASE:

     

    - ASTRONAUTAS VOLTARAM À TERRA (PLANETA)

     

    - OS PARLAMENTARES CHEGARAM À CASA (PARLAMENTO)

     

     

    O uso da crase é facultativo:

    - antes PRONOME POSSESSIVO FEMININO (TUA, SUA, MINHA)

    - antes de nomes de mulheres

    - “até À/A”:     Foi até à/a escola

     

  • Amiguinhos deem preferência a por a frase na ordem direta, olhem

     

    I. A forma como os dados deveriam ser apresentados, não houve a devida atenção.

    Ordem Direta -  não houve a devida atenção à (a que?) forma como os dados deveriam ser apresentados,

     

    IV. A igreja é atribuída a função de levar a pessoa a repensar a sua conduta.

    Amiguinhos aqui não é possível por na ordem Direta - mas perguntem - à que? Se der para fomar essa pergunta, forma crase! (Até hoje sempre usei isso e não errei uma amiguinhos)

     

     

     

    (Q562441) Ano: 2015 Banca: FUMARC Órgão: Prefeitura de Belo Horizonte - MG Prova: Assistente Administrativo 

     

    • A crase está corretamente empregada em

     

     a) Ele assistia àquela cena calmamente. (à que...?)

     b) Eles vão à pé para o trabalho.

     c) Falou à pessoas estranhas sobre o assunto.

     d) Todos ficaram frente à frente com o perigo.

     

     

    É simples mas útil amiguinhos, tratem de ficar bem!

     

  • Letra A

  • I. A + a forma como os dados deveriam ser apresentados, não houve a devida atenção. Crase obrigatória.

    II. Era obrigado a se expor a severas restrições.

    III. A pessoa, a quem me referia, havia acabado de adentrar.

    Obs.: A pessoa, a + a qual (à qual) me referia, havia acabado de adentrar. Crase obrigatória.

    IV. A + a igreja é atribuída a função de levar a pessoa a repensar a sua conduta. Crase obrigatória.

  • GABARITO: LETRA  A

    ACRESCENTANDO:

    Tudo o que você precisa para acertar qualquer questão de CRASE:

    I - CASOS PROIBIDOS: (são 15)

    1→ Antes de palavra masculina

    2→ Antes artigo indefinido (Um(ns)/Uma(s))

    3→ Entre expressões c/ palavras repetidas

    4→ Antes de verbos

    5→ Prep. + Palavra plural

    6→ Antes de numeral cardinal (*horas)

    7→ Nome feminino completo

    8→ Antes de Prep. (*Até)

    9→ Em sujeito

    10→ Obj. Direito

    11→ Antes de Dona + Nome próprio (*posse/*figurado)

    12→ Antes pronome pessoalmente

    13→ Antes pronome de tratamento (*senhora/senhorita/própria/outra)

    14→ Antes pronome indefinido

    15→ Antes Pronome demonstrativo(*Aquele/aquela/aquilo)

    II - CASOS ESPECIAIS: (são7)

    1→ Casa/Terra/Distância – C/ especificador – Crase

    2→ Antes de QUE e DE → qnd “A” = Aquela ou Palavra Feminina

    3→ à qual/ às quais → Consequente → Prep. (a)

    4→ Topônimos (gosto de/da_____)

    a) Feminino – C/ crase

    b) Neutro – S/ Crase

    c) Neutro Especificado – C/ Crase

    5→ Paralelismo

    6→ Mudança de sentido (saiu a(`) francesa)

    7→ Loc. Adverbiais de Instrumento (em geral c/ crase)

    III – CASOS FACULTATIVOS (são 3):

    1→ Pron. Possessivo Feminino Sing. + Ñ subentender/substituir palavra feminina

    2→ Após Até

    3→ Antes de nome feminino s/ especificador

    IV – CASOS OBRIGATÓRIOS (são 5):

    1→ Prep. “A” + Artigo “a”

    2→ Prep. + Aquele/Aquela/Aquilo

    3→ Loc. Adverbiais Feminina

    4→ Antes de horas (pode está subentendida)

    5→ A moda de / A maneira de (pode está subentendida)

    FONTE: Português Descomplicado. Professora Flávia Rita