SóProvas


ID
2424481
Banca
IDECAN
Órgão
UERN
Ano
2016
Provas
Disciplina
Jornalismo
Assuntos

Na velocidade da notícia, o jornalista busca sempre o que ocorre/ocorreu na realidade e deve saber que não trabalha com verdades definitivas sobre os fatos e, sim, com o que no momento parece verdadeiro, razão pela qual necessita conhecer e checar diversas e diferenciadas versões. E nunca esquecer que a produção de uma verdade pode ser imposta ao indivíduo e à sociedade, como é o objetivo dos agentes do Poder. Um influente pensador afirmou, a propósito, que nada mudará a sociedade, se os mecanismos de poder não forem modificados. “O problema não é mudar a ‘consciência’ das pessoas, ou o que elas têm na cabeça, mas o regime político, econômico, institucional da produção da verdade”. Esta crítica aos poderosos, na relação deles com a sociedade, é de:

Alternativas
Comentários
  • Tudo isso deve parecer bem confuso e incerto. Sem dúvida, incerto, pois tudo isso não passa de uma hipótese. Mas para que fique um pouco menos confuso, gostaria de formular algumas ‘proposições’ – no sentido não de coisas aceitas, mas de coisas ofereci das para experiências ou provas futuras. Por ‘verdade’ entender um conjunto de procedimentos regulados para a produção, a legislação, a repartição, a circulação e o funcionamento dos enunciados. A ‘verdade’ está circularmente ligada a sistemas de poder, que a produzem e apoiam, e a efeitos de po der que ela induz e que a reproduzem. ‘Regime’ da verdade. Esse regime não é simplesmente ideológico ou superestrutural; foi uma condição de formação e desenvolvimento do capitalismo. É ele que, com algumas modificações, funciona na maior parte dos países socialistas (deixo em aberto a questão da China, que não conheço). O problema político essencial para o intelectual não é criticar os conteúdos ideológicos que estariam ligados à ciência ou fazer com que sua prática científica seja acompanhada por uma ideologia justa; mas saber se é possível constituir uma nova política da verdade. O problema não é mudar a ‘consciência’ das pessoas, ou o que elas têm na cabeça, mas o regime político, econômico, institucional da produção da verdade.

    Não se trata de libertar a verdade de todo o sistema de poder – o que seria quimérico na medida em que a própria verdade é poder – mas de desvincular o poder da verdade das formas de hegemonia (sociais, econômicas, culturais) no interior das quais ela funciona no momento. Em suma, a questão política não é o erro, a ilusão, a consciência alienada, ou a ideologia: é a própria verdade.

     

    Microfísica do poder, editora Graal, p. 14

  • Michel Foucault.