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ID
2449
Banca
NCE-UFRJ
Órgão
MPE-RJ
Ano
2007
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO II

Alcatrazes
Expedição ao Arquipélago Proibido
Johnny Mazzilli

O balanço do barco, o mar instável e a chuva
puseram parte de nosso efetivo enjoado e cabisbaixo,
durante as quatro horas de travessia. Com a visibilidade
prejudicada, avistamos Alcatrazes já relativamente
próximos, e bastou chegar um pouco mais perto para
esquecermos qualquer mal estar - a paisagem mudara por
completo e olhávamos impressionados as falésias
rochosas com 200, 300 metros verticais assomando
diretamente das águas e entremeadas por mantos de
vegetação tropical - muito, muito maiores do que
imaginávamos.
Ao contornar a ilha principal em busca do Ninhal das
Fragatas, nosso ponto de ancoragem, demos de cara com
a exuberância da fauna, uma espécie de "Galápagos" do
litoral paulista. Milhares de aves se empoleiravam nos
arbustos costeiros e centenas voavam gritando acima de
nós, num cenário que parecia nos remeter ao passado.
O desembarque é moroso - tudo tem que ser
transferido para um bote de borracha com motor de popa
que conduz as tralhas ao costão em sucessivas e lentas
baldeações. Não há praia ou cais e são necessárias
seguidas aproximações, recuos e reaproximações com o
bote, apenas para descer a carga de uma viagem.
A tralha era extensa - pilhas de mochilas,
equipamentos de mergulho e fotográfico, cordas, bolsas
impermeáveis e caixas, muitas caixas com itens para
pesquisa e coleta de animais. Chovia sem parar enquanto
subíamos carregados pela encosta rochosa escorregadia
em direção ao local do acampamento, a 50 metros dali.
Parou de chover quando montamos o acampamento.
Precisávamos de tempo para as pesquisas e
principalmente para a investida na parede rochosa -
trabalho inédito nas ilhas e que gerou grande expectativa
entre as equipes. Cada time composto por membros do
Projeto Tamar, Instituto Butantã, Fundação Florestal,
Biociências da USP e Projeto Alcatrazes faria, no curto
prazo de dois dias, suas próprias pesquisas com aves,
serpentes, répteis e batráquios.

Revista Planeta, out. 2006, p. 37 (fragmento).

A vinculação entre o substantivo "tralha" (l. 24) e seu aposto "pilhas de mochilas, equipamentos de mergulho e fotográfico, cordas, bolsas impermeáveis e caixas (...)" mostra que, entre o termo genérico e a enumeração, há:

Alternativas
Comentários
  • Coesão Lexical
    Mecanismo de coesão textual que envolve a repetição da mesma unidade lexical ao longo do texto ou a sua substituição por outras unidades lexicais que com ela mantêm relações semânticas de natureza hierárquica (hiponímiahiperonímia) ou não hierárquica (sinonímiaantonímia).
    Veja-se o seguinte fragmento textual: "Quando chegou a casa, o Rui viu um carro estacionado em frente da sua garagem. Ficou intrigado: o veículo não lhe era familiar."
    A substituição da palavra carro (hipónimo) pela palavra veículo (hiperónimo) assegura coesão lexical e garante simultanemanente identidade referencial (o carro e o veículo designam o mesmo objeto).
  • Exemplo simplficador de coesão lexical:

    Fui à loja comprar calçados: sapatos, tênis, botas, sandálias etc.


    Veja que a frase apositiva é um subconjunto de calçados.

    Hipônimo = Profissão

    Hiperônimos = Jornalista, Professor, Artista, Vendedor etc.
  • Caro Alessandro,
    Creio ser o oposto de sua explicação:

    "Hipônimo = Profissão

    Hiperônimos = Jornalista, Professor, Artista, Vendedor etc."

    Hiperônimos possuem sentido mais abrangente. E os hipônimos, mais específico.
  • Para esclarecer a dúvida:

    Hiperônimo
     é uma palavra que apresenta um significado mais abrangente do que o do seu hipônimo(vocabulário de sentido mais específico). 

    É o que acontece com as palavras doença e gripe – doença é hiperônimo de gripe porque em seu significado contém o significado de gripe e o significado de mais uma série de palavras como dengue, malária, câncer. Então se conclui que gripe é hipônimo de doença. 

    A relação existente entre hiperônimo e hipônimo é fundamental para a coesão textual. 

    Ex: Grupos de refugiados chegam diariamente do sertão castigado pela seca. São pessoas famintas, maltrapilhas, destruídas. 

    Note que a palavra “pessoas” é um hiperônimo da palavra “refugiados”, uma vez que “pessoas” apresenta um significado mais abrangente que seu hipônimo “refugiados”.

    Por Marina Cabral
    Especialista em Língua Portuguesa e Literatura 
    Equipe Brasil Escola

  • Excelentes aulas! Conteúdo e didática são perfeitos, professor. Parabéns ao QC.

  • Muito obrigado pelo comentário, Patrícia! Espero que aproveite muito e te ajude com os seus objetivos. Abraço!
  • o avião dar um beijo no prédio de SP foi o máximo.

    Adorei a aula. Já comecei a sequência!