SóProvas


ID
2484643
Banca
IDECAN
Órgão
SEJUC-RN
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                          Sobre o ouvir

      O ato de ouvir exige humildade de quem ouve. E a humildade está nisso: saber, não com a cabeça mas com o coração, que é possível que o outro veja mundos que nós não vemos. Mas isso, admitir que o outro vê coisas que nós não vemos, implica reconhecer que somos meio cegos... Vemos pouco, vemos torto, vemos errado.

      Bernardo Soares diz que aquilo que vemos é aquilo que somos. Assim, para sair do círculo fechado de nós mesmos, em que só vemos nosso próprio rosto refletido nas coisas, é preciso que nos coloquemos fora de nós mesmos. Não somos o umbigo do mundo. E isso é muito difícil: reconhecer que não somos o umbigo do mundo!

      Para se ouvir de verdade, isso é, para nos colocarmos dentro do mundo do outro, é preciso colocar entre parêntesis, ainda que provisoriamente, as nossas opiniões. Minhas opiniões! É claro que eu acredito que as minhas opiniões são a expressão da verdade. Se eu não acreditasse na verdade daquilo que penso, trocaria meus pensamentos por outros. E se falo é para fazer com que aquele que me ouve acredite em mim, troque os seus pensamentos pelos meus. É norma de boa educação ficar em silêncio enquanto o outro fala. Mas esse silêncio não é verdadeiro.

      É apenas um tempo de espera: estou esperando que ele termine de falar para que eu, então, diga a verdade. A prova disto está no seguinte: se levo a sério o que o outro está dizendo, que é diferente do que penso, depois de terminada a sua fala eu ficaria em silêncio, para ruminar aquilo que ele disse, que me é estranho.

      Mas isso jamais acontece. A resposta vem sempre rápida e imediata. A resposta rápida quer dizer: “Não preciso ouvi-lo. Basta que eu me ouça a mim mesmo. Não vou perder tempo ruminando o que você disse. Aquilo que você disse não é o que eu diria, portanto está errado...”.

(ALVES, Rubem. Sobre o ouvir. Ostra feliz não faz pérola. São Paulo: Planeta do Brasil, 2008.) 

Sabendo-se que a coesão “ajuda a perceber a coerência na compreensão dos textos” (Koch; Travaglia, 1997), pode-se afirmar que em “E a humildade está nisso: saber, não com a cabeça mas com o coração, que é possível que o outro veja mundos que nós não vemos. Mas isso, admitir que o outro vê coisas que nós não vemos, implica reconhecer que somos meio cegos...” (1º§)

Alternativas
Comentários
  • Não está fácil ser agente penitenciário no RN. Indiquei para comentário.

  • ESSA BANCA É PESSIMA.....

  • O que seria "processo de recorrência"?

  • a) As duas ocorrências do vocábulo “isso” possuem o mesmo referente e, deste modo, a mesma função. ERRADO

    Primeiro isso: saber, não com a cabeça mas com o coração, que é possível que o outro veja mundos que nós não vemos.

    SEgundo isso: admitir que o outro vê coisas que nós não vemos 

    b) O processo de recorrência poderia ser intensificado acrescentando-se a expressão “ainda que” antes de “não com a cabeça”. ERRADO

    E a humildade está nisso: saber, ainda que não com a cabeça mas com o coração - muda o sentido da frase enão altera a intensidade da recorrencia, que continua a mesama

     c) A retomada através do termo “nisso” demonstra a progressão textual, retomando a informação trazida anteriormente. ERRADA

    “E a humildade está nisso: saber, não com a cabeça mas com o coração, que é possível ...” o termo retoma algo ainda não dito.

     d) A partir do emprego do pronome “isso” é possível estabelecer conexões textuais em que funções diferentes contribuem para a progressão textual.  CORRETO. Os termos 'isso' estabelecem a coesão necessária para adequada progressão do texto.

  • A questão, em tela, caberia recurso visto que a palavra "nisso" está erroneamente empregada, deveria ser "nisto". Aplicando os conceitos de anáfora e catáfora.

  • Acredito que não cabe recurso, pois a alternativa pedia a correta, e a justificativa C a qual apresenta o questionamento do Jean está errada. No texto ao ler o termo nisso, vemos claremente que não há relação com termo anterior e sim com que vem a seguir, apesar da banca explicar corretamente o pronome isso, no texto ele tem outra função e está errada a aplicação no texto. Então a banca sabe que o autor do texto utilizou incorretamente o pronome. 

  • Prova para Poeta e o cidadão ao final : encara a barbárie humana....

  • O "nisso" não retoma ideia trazida anteriormente por causa dos dois pontos.

  • ISSO QUE EU DISSE ANTES, ALÉM DISSO..... = ANAFÓRICO = RETOMA

     

    ISTO QUE VOU DIZER;.......  = CATAFÓRICO = ANTECIPA

     

    .... BRASIL E DOS EUA TÊM ALGUMAS SEMELHANÇAS. ESTE (EUA).....; AQUELE (O BRASIL).........

     

     ESTE AQUI COMIGO,     AQUELE LÁ LONGE    E    ESSE AÍ COM VOCÊ

  • Com relação à alternativa que diz sobre "processo de recorrência", é importante lembrar que a Coesão poderá ser de 3 tipos:

    a) Referencial - que é a GIGANTESCA maioria;

    b) Sequencial - que é aquela que ajuda a dar progressão/encadeamento temporal ao texto - foi a exigida na resposta.

    c) Recorrencial: que é aquela marcada por:

    .Paralelismo sintático: recorrência da mesma ESTRUTURA sintática. ( ex: eu gosto de falar, de sentir, de amar)

    .Paráfrase: recorrência da mesma IDEIA ( ex: eu sou conservador, ou seja, de direita).

    .Repetição de vocábulos: como ocorre no caso de polissíndetos: e viveu, e chorou, e sorriu...

    Voltando à alternativa, não creio que " ainda que" seja um termo plausível dentro da coesão recorrencial e, realmente, conforme já citado por outro colega, penso que haveria alteração no sentido da frase, ainda que minimamente.


    Com relação à alternativa D: " A partir do emprego do pronome “isso” é possível estabelecer conexões textuais em que funções diferentes contribuem para a progressão textual. "


    Ela está perfeita, retomando à ideia de Coesão Sequencial, realmente o pronome "isso" ajuda a estabelecer conexões textuais em auxílio à progressão textual.


  • GABARITO D (para os ñ assinantes)

  • A banca não distingue anáfora de catáfora. Afffff! Que bosta de banca.

  • Pra quem reclama do CESPE lhes apresento a pior banca de portugues que ja fiz concurso, SOCORRO AGU, Deus nos proteja!

  • Meu Deus e eu achando o Cespe o inferno.
  • Texto que utilizou a função anafórica e catafórica de maneira errônea e a banca comprando o erro do autor. Meu Deus, poderia ter explorado isso da maneira correta que ninguém poderia reclamar.

    Segundo Adriana Figueiredo, pag 157, Gramática Comentada com Interpretação de Textos para Concursos, 5ª ed.

    Isso: função anafórica(retoma o que foi anteriormente mencionado).

    Isto: função catafórica( exerce o papel de apontar para uma informação que será dita posteriormente).

    Sigamos na luta!!

  • Me confundo demais com essa banca, já batalhei pra aprender que Isso é para anáfora e Isto é para catáfora, aí vem a IDECAN usar isso no lugar semântico de isto, tem que ser licenciado em letras pra conseguir tirar uma boa nota em português nessa banca.

  • Nitidamente houve um erro no emprego do prego do "nisso"... Mesmo assim a banca manteve o erro e acatou na construção de uma resposta!

  • Gente!!! calma.

    Para essa questão tem uma solução vai para geladeira pegue aquela gelada e tome,

    depois fica tudo beleza foi desta forma que achei a resposta.

  • Gente!!! calma.

    Para essa questão tem uma solução vai para geladeira pegue aquela gelada e tome,

    depois fica tudo beleza foi desta forma que achei a resposta.

  • D) A partir do emprego do pronome “isso” é possível estabelecer conexões textuais em que funções diferentes contribuem para a progressão textual.

    QUE FUNÇÕES DIFERENTES? SINTÁTICAS, SEMÂNTICAS, GRAMATICAIS? Subjetivo demais.