SóProvas


ID
2485501
Banca
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão
CAU-MG
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                  TRINTA ANOS DE UMA FRASE INFELIZ

      Ele não podia ter arrumado outra frase? Vá lá que haja perpetrado grande feito indo à Lua, embora tal empreendimento soe hoje exótico como uma viagem de Gulliver. Mas Neil Armstrong, o primeiro astronauta a pisar na Lua, precisava ter dito: “Este é um passo pequeno para um homem, mas um salto gigantesco para a humanidade”? Não podia ter-se contentado com algo mais natural (“Quanta poeira” por exemplo), menos pedante (“Quem diria, conseguimos”), mais útil como informação (“Andar aqui é fácil/difícil; gostoso/dói a perna”) ou mais realista (“Estou preocupado com a volta”)?

      Não podia. Convencionou-se que eventos solenes pedem frases solenes. Era preciso forjar para a ocasião uma frase “histórica”. Não histórica no sentido de que fica guardada para a posteridade – a posteridade guarda também frases debochadas, como “Se eles não têm pão, comam brioches”. Histórica, no caso, equivale à frase edificante. É a história em sua versão, velhusca e fraudulenta, de “Mestra da Vida”, a História rebaixada a ramo da educação moral e cívica. À luz desse entendimento do que é “histórico”, Armstrong escolheu sua frase. Armstrong teve tanto tempo para pensar, no longo período de preparativos, ou outros tiveram tempo de pensar por ele, no caso de a frase lhe ter sido oferecida de bandeja, junto com a roupa e os instrumentos para a missão, e foi sair-se com um exemplar do primeiro gênero. Se era para dizer algo bonito, por que não recitou Shakespeare? Se queria algo inteligente, por que não encomendou a Gore Vidal ou Woody Allen?

                                                (Roberto Pompeu de Toledo, Veja, 2000) 

Assinale a alternativa que apresenta uma interpretação INCORRETA das expressões em destaque.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: B

     

    Vulgar: que respeita as regras comuns; que não se distingue dos demais; usual: tem um conhecimento vulgar.

    Exótico: esquisito; que não é comum; que expressa extravagância ou excentricidade.

     

    Fonte: https://www.dicio.com.br/exotico/

    https://www.dicio.com.br/vulgar/

  • EXótico não é eRótico/vulgar

  • Eu concordo  que "exótico" não é o mesmo que "vulgar", mas discordo que "edificante" é o mesmo que "emocionante". Então não entendi.

  • A dúvida paira na letra "b" ou "d". Algumas pessoas podem se incomodar com a "d", pois "emocionante" não é uma boa interpretação para "edificante" no texto, porém ambas palavras podem habitar um universo semântico parecido, o da não oposição.

    Afinal, uma coisa que exótico não é... é "vulgar", exótico está mais para "invulgar". Em outras palavras: "vulgar" está em oposição a "exótico". Agora, "edificante" não se opõe a "emocionante", nem está mais perto de "não emocionante". Mas ambas as palavras, "edificante" e "emocionante", podem cumprir no texto a mesmo função, o papel de algo "negativo", que rebaixa a História a uma versão que não lhe é própria: à História não compete ser edificante, nem emocionante; a História pode edificar ou mesmo emocionar, mas nem um nem outro constitui a história em sua melhor versão.

    Logo, a letra "b" é a mais inadequada das duas.