SóProvas


ID
2494507
Banca
UTFPR
Órgão
UTFPR
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                         CISÃO

      Há alguns anos havia uma clara separação entre cultura humanística e cultura científica. As duas não se falavam, tinham vocabulários diferentes. Nenhuma comunicação era possível entre elas, nem por sinais metafóricos: seus códigos simplesmente não combinavam. A divisão continuou até há pouco. Hoje as duas culturas estão na internet e usam a linguagem universal dos impulsos eletrônicos. Conversa-se, pelo menos, entre os dois lados do abismo.

       Mas há uma separação que se agrava, entre facções de uma mesma ciência, ou pseudociência: facções com o mesmo vocabulário e os mesmos códigos, mas que não se entendem. Economistas de um lado e de outro do abismo lidam com os mesmos números, recebem os mesmos dados, analisam as mesmas estatísticas – e veem e preveem coisas diferentes. Há dias o Elio Gaspari escreveu sobre a controvérsia que está havendo a respeito das taxas de juros entre economistas brasileiros, todos da mesma escola, com a mesma formação e a mesma informação, e nenhum deles adepto de qualquer heresia econômica. A cisão é inexplicável, a não ser que se procure sua causa no terreno movediço dos egos em choque.

      Ou então a explicação é antiga: o mundo da ciência econômica, como todos os mundos, também está dividido entre humanistas e seus contrários. Antes de divergirem nas suas interpretações e receitas, os economistas divergem no seu coeficiente de consciência social. Não é o caso da polêmica citada pelo Gaspari, em que nenhum dos contendores pode remotamente ser chamado “de esquerda”. Mas o menor desafio à ortodoxia vigente já vale como um ponto para o humanismo.

      “Consciência social” é um termo escorregadio. Não se trata de compaixão, ou de ter ou não ter coração. Nenhum lado tem monopólio dos bons sentimentos, todos têm consciência da desigualdade crescente, no país e no mundo, entre os poucos que têm dinheiro e poder e a maioria de despossuídos, e da explosão a que pode levar. Ou a que, segundo alguns, já levou. A doença é clara, discute-se a cura. Ela certamente não virá com a insistência num pensamento liberal único e a vassalagem irreversível ao capital financeiro, A divisão reportada por Gaspari é, entre outras coisas, sobre a persistência de um conservadorismo econômico que ainda não se deu conta de que a prancha acabou, e os tubarões estão esperando lá embaixo. 

VERÍSSIMO, Luis Fernando. Cisão. Gazeta do Povo, Curitiba, p. 24. 11 e 12 fev 2017.

Analise as assertivas abaixo.


I) Conversa-se, pelo menos entre os dois lados do abismo.

II) Mas há uma separação que se agrava.

III) A cisão é inexplicável, a não ser que se procure sua causa no terreno movediço dos egos em choque.

IV) Não se trata de compaixão ou de ter ou não ter coração.

V) A doença é clara, discute-se a cura.


Assinale a alternativa que explica a colocação pronominal nos períodos acima, segundo a norma culta.

Alternativas
Comentários
  • posso estar errado, mas início de periodo também é inicio de oracão.

    alguem sabe explicar?

  • lyon losiuk,

     

    Acredito que sim.

     

    Mas, mesmo sem entrar nesse mérito, o erro da E é dizer que em V ocorre próclise, onde, na verdade, há ênclise.

  • A diferença da alternativa II para a III está na palavra Que. 

    II = pronome relativo, pode ser substituído por: o qual. 

    III= Conjunção integrante, pode ser substituído por: isto. 

  • queria saber a diferença entre período e oração, isso me levou ao erro.

  • ORAÇÃO

    A oração é uma unidade sintática. Trata-se de um enunciado linguístico cuja estrutura caracteriza-se, obrigatoriamente, pela presença de um verbo. Na verdade, a oração é caracterizada, sintaticamente, pela presença de um predicado, o qual é introduzido na língua portuguesa pela presença de um verbo. Geralmente, a oração apresenta um sujeito, termos essenciais, integrantes ou acessórios.

     

    período é uma unidade sintática. Trata-se de um enunciado construído por uma ou mais orações e possui sentido completo. Na fala, o início e o final do período são marcados pela entonação e, na escrita, são marcados pela letra maiúscula inicial e a pontuação específica que delimita sua extensão. Os períodos podem ser simples ou compostos. Vejamos cada um deles:

    Período simples

    Os períodos simples são aqueles constituídos por uma oração, ou seja, um enunciado com apenas um verbo e sentido completoExemplo: Os dias de verão são muito longos! (verbo ser)

    Período composto

    Os períodos compostos são aqueles constituídos por mais de uma oração, ou seja, dois ou mais verbos. Exemplo: Mariana me ligou para dizer que não virá mais tarde. (Período composto por três orações: verbos ligar, dizer e vir.)

  • talvez esteja errado,mas a diferença seria, possuir um sentindo completo? a oração não apresenta e o período sim? se alguém puder me esclarecer, fico grato.

     

  • André Farias,

     

    Segue um link que fala sobre frase, oração e período. Espero que possa te ajudar.

     

    http://portugues.uol.com.br/gramatica/frase-oracao-periodo.html

  • Entendo que período é o que vai de ponto a ponto (começa com letra maiúscula e termina com um ponto, que pode ser ponto final, de interrogação ou de exclamação), enquanto oração é somente uma frase (com verbo), que pode ser separada por vírgulas.

    Dentro de um período vc pode ter uma oração (período simples) ou ter várias orações (período composto).

  • que isso André.. aloprou na resposta kkk

  • questão top, avalaia seu conhecimento mexmo kkkk

  • Acho engraçado... todas as alternativas I, falam a mesma coisa.
    Então pq cobrar? Estes examinadores...

  • O período se dá pela existência de duas orações que contenham verbos lyon losiuk. 

    Eu errei a questão por não ter me lembrado deste detalhe, não necessariamente um período se inica em letra maisúcula.

  • Frase: o importante para ser frase é ter sentido completo, independente da existência de verbo.

    Oração: o importante para ser oração é ter verbo. Há orações sem sentido completo.

    (Conversa-se sobre o quê? Só Deus sabe...)

    Período: o importante para ser período é ter verbo e sentido completo.

    (Discuti-se sobre o quê? Sobre a cura.)

     

  • Deiveson Cruz 

    29 de Agosto de 2017, às 14h23

    Útil (0)

    O período se dá pela existência de duas orações que contenham verbos lyon losiuk. 

    Eu errei a questão por não ter me lembrado deste detalhe, não necessariamente um período se inica em letra maisúcula.

     

    ((((((( O "período" se dá pela existência de "duas orações" que contenham verbos???????? )))))))

    De onde veio essa informação??????????????

  • III é uma conjunção integrante

    Letra D

  • I-VERBO INICIANDO ORAÇÃO ( em outra flexão  que não futuro do presente  ou  futuro do pretérito) (ênclise): Deram-nos um prazo de dez dias.

    II-PRONOME RELATIVO ANTES DO VERBO (próclise): Sei onde nos encontrarão.

    III-CONJUNÇÃO OU LOCUÇÃO CONJUNTIVA ANTES DO VERBO (próclise): Você estava certo, portanto lhe devo desculpas.

    IV-PAUSA FORTE, PARÊNTESE,"VÍRGULA", ORAÇÃO INTERCALADA:(ÊNCLISE)*: Ao sair, deixe-lhes os documenyos. Aqui vive-se bem.

    (MESMO QUE HAJA 'PALAVRA ATRATIVA')

    *(POR SER INICÍO DE PERÍODO,ESSA SITUAÇÃO, É NOVA PARA MIM)

  • Gabarito D.

    Linda questão , o item V facilitou a resposta 

  • Que questão hein, um pequeno detalhe muda tudo. Também derrapei na diferença entre conjunção integrante e pronome relativo QUE. Bacana!

  • Pessoal, por favor me expliquem: aprendi que período é da letra maiúscula até a pontuação final. E pode ser simples ou composto dependendo das orações. Isso não é um conceito "ao pé da letra"? Então se tivermos mais de uma oração, também podemos chamar cada uma de período???? 

  • Apenas para esclarecer o gabarito (letra D), complementando o que os nobres colegas já sustentaram:

     

    A alternativa "V) A doença é clara, discute-se a cura." traz duas orações coordenadas (independentes entre si) assindéticas (sem sindeto; sem qualquer conjunção); poderiam, aliás, ser separadas, sem qualquer prejuízo sintático ou semântico, do seguinte modo: "A doença é clara. Discute-se a cura.". Vale mencionar que não há qualquer erro em querer juntar, reunir orações coordenadas e separá-las por vírgula. Isso é até muito comum em textos escritos... É de bom alvitre, entretanto, observar que para cada verbo há uma oração correspondente. Há tantas orações quantos verbos houver. E há tantos períodos quantas orações houver.

     

    2 verbos ou locuções verbais = 2 orações = 2 períodos (períodos compostos)

     

    Um só período: período simples. Dois ou mais: período composto. Os períodos, nesta hipótese, são compostos por uma relação de coordenação, isto é, de independência. Deste modo, "ênclise, por ser início de oração" é a alternativa que explica corretamente a colocação pronominal nos períodos acima, segundo a norma culta.

  • De início, fiquei meio transtornado com a questão, achando que havia duas alternativas corretas, "D" e "E".

    O erro da alternativa "E" se dá pelo fato de declarar "próclise" na assertiva "V", quando, na verdade, há um caso de "ênclise".

  • Questão que mede bem o conhecimento do candidato .

  • Errei pois não sei a diferença de um que conjução para o que pronome !

  • Besouro Suco,

     

    Quando o "que" é pronome relativo, é possível substituí-lo por o qual, a qual. Ele retoma um termo anterior - O carro que ele tem é bonito. O carro o qual ele tem é bonito.

     

    Quando é conjunção integrante, é possível substituí-lo por "isso" - Eu quero que você vá embora. Eu quero isso.

  • I) Conversa-se, pelo menos entre os dois lados do abismo.
    Ênclise, não inicia frase como pronome oblíquo átono.

    II) Mas há uma separação que se agrava.
    Próclise, pronome relativo atrai (... que se agrava / a qual se agrava)

    III) A cisão é inexplicável, a não ser que se procure sua causa no terreno movediço dos egos em choque.
    Próclise, oração subordinada atrai (... "a não ser" troca por "a menos que")

    IV) Não se trata de compaixão ou de ter ou não ter coração.
    Próclise, a expressão negativa (não) atrai.

    V) A doença é clara, discute-se a cura.
    Ênclise, a vírgula impõe a nova oração com o verbo discutir (2º período da frase). Não inicia oração/período com pronome oblíquo átono.

    gabarito d

  • QUE = CONJUNÇÃO

     

    SEMPRE QUE SE INICIAR UMA ORAÇÃO SUBORDINADA

  • d-

    I) início de oração - enclise

    II) que atrai proclise, seja como pronome relativo ou conjunção integrante. Pronome relativo representa um sintagma nominal, conjunção integrante aparece em orações subordinadas e.g.: o que ele sabe é que as coisas são caras.

    III) conjunção

    IV) adverbio - proclise

    V) nada para causar proclise, logo, usa-se ênclise (a vírgula chuta o pronome obliquo átono).

  • Puts... marquei a E por falta de atenção. Não percebi que estava escrito próclise.

  • Questão Show.

  • Que questão show acertei!