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ID
2497612
Banca
IBFC
Órgão
EMBASA
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Para a questão, leia a crônica de Carlos Drummond de Andrade.


                                          O murinho

      A princípio, o território neutro do edifício Jandaia era ocupado por mamães e babás, capitaneando inocentes que iam tomar a fresca da tarde; à noite, vinham empregadas em geral, providas de namorados civis e militares.

      Mas impõe-se a descrição sumária do território: simples área pavimentada em frente ao edifício, separando-se da calçada por uma pequena amurada de menos de dois palmos de altura, tão lisa que convidava a pousar e repousar. Os adultos cediam ao convite, e ali ficavam praticando sobre o tempo, a diarreia infantil, a exploração nas feiras, os casamentos e descasamentos da semana (na parte da tarde). Ou não conversavam, pois outros meios de comunicação se estabeleciam naturalmente na sombra, mormente se o poste da Light, que ali se alteia, falhava a seu destino iluminatório, o que era frequente (na parte da noite).

      Na área propriamente dita, a garotada brincava, e era esse o título de glória do Jandaia. Sem playground, oferecia entretanto a todos, de casa ou de fora, aquele salão a céu aberto, onde qualquer guri pulava, caía, chorava, tornava a pular, até que a estrela Vésper tocava gentilmente a recolher, numa sineta de cristal que só as mães escutam — as mães sentadas no “murinho”, nome dado à mureta concebida em escala de anão.

      E assim corria a Idade de Ouro, quando começaram a surgir, no expediente da tarde, uns rapazinhos e brotinhos de uniforme colegial, que foram tomando posse do terreno. Esse bando tinha o dinamismo próprio da idade — e, pouco a pouco, crianças, babás e mãezinhas se eclipsaram. Os invasores falavam essa língua alta e híbrida que se forja no mundo inteiro, com raízes no cinema, no esporte, na Coca-Cola e nos gritos guturais que se desprendem — quem não os distingue? — dos quadros “mudos” de Brucutu e Steve Roper. Divertido, mas um pouco assustador. E à noite, por sua vez, fuzileiros e copeiras tiveram de ir cedendo campo à horda que se renovava.

      Os moradores do Jandaia começaram a queixar-se. O porteiro saiu a parlamentar, e desacataram-no. A rua era pública. Sentavam no murinho com os pés para fora. Não faziam nada de mau, só cantar e assobiar. Os chatos que pirassem.

      Ouvindo-se tratar de chatos, por trás da cortina, os moradores indignaram-se. O telefone chamou a radiopatrulha, que foi rápida, mas a turminha ainda mais: ao chegar o carro, o porteiro estava falando sozinho.

      No dia seguinte, não houve concentração juvenil, mas já na outra tarde, meio cautelosos, eles reapareceram. A esse tempo a rua se dividira. Havia elementos solidários com a gente do Jandaia, e outros que defendiam a nova geração; estes argumentavam que a rapaziada era pura: em vez de bebericar nos bares, batia papo inocente à luz das estrelas. Preferível à grudação dos casais suspeitos, que antes envergonhava a rua.

      Mas o Jandaia tinha moradores idosos e enfermos, aos quais aquela bulha torturava; tinha também rapazes e meninas, que preferiam estudar e não podiam. Por que os engraçadinhos não iam fazer isso diante de suas casas?

      Como não houvesse condomínio, e os moradores dos fundos, livres da algazarra, se mostrassem omissos, uma senhora do segundo andar assumiu a ofensiva e txááá! um balde de água suja conspurcou a camisa esporte dos rapazes e o blue jeans das garotas. Consternação, raiva, debandada — mas no dia seguinte voltaram. E voltaram e tornaram a voltar.

    Ontem pela manhã, um pedreiro começou a furar o cimento do murinho, e a colocar nele uma grade de ferro, de pontas agudas. Vaquinha dos mártires do Jandaia? Não: outra iniciativa pessoal de um deles, coronel reformado e solteirão. “Logo vi que ele não tem filho!” — comentou uma das garotas, com desprezo. Mas a turma está desoladíssima, e nunca mais ninguém ousará sentar no murinho — nem mesmo as mansuetas babás e mamães, nem mesmo os casais noturnos.

ANDRADE, Carlos Drummond. In Fala, amendoeira. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. 

Na oração “mas impõe-se a descrição sumária do território”, o sujeito é:

Alternativas
Comentários
  • Mas impõe-se a descrição sumária do território -> A descrição sumária impõe-se.

    *Lembrem-se, pessoal, a banca sempre tentará vencê-lo pela ordem: Sujeito - Verbo - Complemento, então atentem-se para colocar o período nessa ordem, ademais, o sujeito é simples pelo fato da oração possuir apenas um núcleo do sujeito( "DESCRIÇÃO").

  • Quando o verbo está na voz passiva, não há sujeito indeterminado, mas sujeito paciente apenas. Ou seja, o sujeito indeterminado ocorre com VTI + se (índice de indeterminação do sujeito) e quando o verbo está na terceira pessoa do plural iniciando a oração, mas não há um sujeito expresso ( sem ser precedido de pronome substantivo ou de substantivo isolado). Exemplos: Trata-se um belo automóvel. / Fizeram a compra do belo automóvel. 

  • Na voz passiva,o objeto direto é o sujeito paciente.

  • O verbo IMPOR é Transitivo DIreto, por isso, a partícula "se"; nesse caso, será apassivadora.

    Assim, para acharmos o sujeito, basta colocar a frase na voz ativa.

    Para achar o sujeito:

    1º - Pergunta ao verbo: Quem é que impôs?

    2º - Resposta - sujeito da frase: A descrição sumária do território...

    Dessa forma, encontramos O SUJEITO SIMPLES da frase.

    -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Obs.: Para ser Sujeito INdeterminado, o verbo precisa ser Transitivo INdireto + "SE" (que, nesse caso, será indice de indeterminação) 

    Ex.: Trata-se de uma regra básica para todos os concurseiros.

    Percebam que ao perguntar "quem trata?" não encontraremos resposta.

    -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Por que o sujeito é simples, apesar de ter mais de uma palavra?

    Porque possui um único núcleo.

      

    Para ser sujeito composto são necessários dois ou mais núcleos.

    Ex.: Luan e João trabalharão no Tribunal do Estado.

  • Sujeito oculto: O sujeito oculto ou elíptico ocorre quando não está presente na oração, mas pode ser identificado pelo contexto. Também pode ser chamado de sujeito subentendido, desinencial ou implícito.

    Ex: estou cantando muito. (eu).

    Ex: neste fim de semana, Carla dançoufoi à praia, cantou, passeou com as amigas e foi ao cinema.

    -

    Sujeito composto: é o que possui mais de um núcleo (sempre substantivo ou equivalente).

    Ex.1:  Eu e você  nos amamos.  

    Ex.2:  Seis ou sete  ficaram reprovados. 

    -

    Sujeito simples: É o que possui apenas um núcleo (palavra mais importante: um substantivo ou equivalente).

    É a resposta da questão! Letra C.

    No entanto, a questão tenta nos induzir a erro ao colocar "impõe-se", dando a ideia de sujeito indeterminado. Pois bem. Não está indeterminado. Impor é um verbo transitivo direto, ou seja, dispensa preposição. O verbo está apenas na voz passiva, e por ser transitivo direto, o sujeito é paciente. 

    Quem se impôs? A descrição sumária do território. Isso é um sujeito simples.

    -

    Sujeito indeterminado: é aquele que, embora existindo, não se pode determinar nem pelo contexto, nem pela terminação do verbo. Na língua portuguesa, há três maneiras diferentes de indeterminar o sujeito de uma oração:

    a) Com verbo na 3ª pessoa do plural:

    O verbo é colocado na terceira pessoa do plural, sem que se refira a nenhum termo identificado anteriormente (nem em outra oração):

    Por Exemplo:

    Procuraram você por todos os lugares.
    Estão pedindo seu documento na entrada da festa.

    .

    b) Com verbo ativo  na 3ª  pessoa do singular, seguido do pronome se:

    O verbo vem acompanhado do pronome se, que atua como índice de indeterminação do sujeito. Essa construção ocorre com verbos que não apresentam complemento direto (verbos intransitivos, transitivos indiretos e de ligação). O verbo obrigatoriamente fica na terceira pessoa do singular.

    Exemplos:

    Vive-se melhor no campo. 

    (Verbo Intransitivo)
    Precisa-se de técnicos em informática. (Verbo Transitivo Indireto)
    No casamento, sempre se fica nervoso. (Verbo de Ligação)

    .

    c) Com o verbo no infinitivo impessoal:

    Por Exemplo:

    Era penoso estudar todo aquele conteúdo.
    É triste assistir a estas cenas tão trágicas.

    -

    Obs.: quando o verbo está na 3ª pessoa do plural, fazendo referência a elementos explícitos em orações anteriores ou posteriores, o sujeito é determinado.

    Por Exemplo:

    Felipe e Marcos foram à feira. 

    Compraram muitas verduras.

    Nesse caso, o sujeito de compraram é eles (Felipe e Marcos). Ocorre sujeito oculto.

  • Gab. C

    Eu não sou assinate desse site e tenho direito a resolver 10 questões/dia. Qndo esse limite é ultrapassado não tenho acesso ao gabarito, por isso peço a gentileza, coloquem o gabarito nos comentários. Se não for pedir muito, coloquem o gabarito de forma que seja fácil visualiza-lo (em destaque).

    Obrigado pela compreensão. Bons estudos. 

  • impõe-se a descrição sumária do território

                    SUJEITO PACIENTE

    A descrição sumária do território é imposta por alguém!

    IMPÕE-SE ISSO

    VOZ PASSIVA SINTÉTICA   (VTD OU VTDI)

    SE (PRONOME APASSIVADOR) SINTETIZA TUDO!

    SUJEITO PACIENTE

  • O verbo impor é VERBO TRANSITIVO DIRETO, logo ===> SE ==> PRONOME APASSIVADOR (não é índice de indeterminação do sujeito)

     

    “mas impõe-se a descrição sumária do território"

     

    O que é que se IMPÕE?

    R = A descrição sumária do território.

     

    reescrevendo na ordem direta: A DESCRIÇÃO SUMÁRIA DO TERRITÓRIO É IMPOSTA (tranformação do verbo IMPOR => IMPÕE => IMPOSTA).

     

    obs.: AS BANCAS SEMPREEEEEE FAZEM USO DA FIGURA DE LINGUAGEM CHAMADA HIPÉRBATO ==> Consiste em colocar a frase na ordem indireta ao invés da direta.

     

    Espero ter ajudado e que Deus nos abençoe!

     

  • Quando índice de indeterminação do sujeito, o "se" acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos e de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na terceira pessoa do singular.

    Exemplos:

    Precisa-se de governantes interessados em civilizar o país.
    Confia-se em teses absurdas.
    Era-se mais feliz no passado.

     

    Quando  pronome apassivador, o "se" acompanha verbos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e indiretos (VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nesse caso, o verbo deve concordar com o sujeito da oração.

    Exemplos:

    Construiu-se

    um posto de saúde.
    Construíram-se novos postos de saúde.
    Não se pouparam esforços para despoluir o rio.
    Não se devem poupar esforços para despoluir o rio.

  • Quem impõe-se? A Descrição sumária do território; Suj. Simples

  • GABARITO:   C

    meus breves resumos... espero que te ajude a entender esse ''se'' da oração, que no caso é apassivador. Abraços! Força!

     

     

    RESUMO DO PRONOME SE => MORFOLOGIA 

     

    Valor do vocábulo ''SE'' morfologicamente

    Conjunção integrante                                        = Que e Se

    Conjunção subordinada substantiva                 =É óbvio se ele vem agora?

    Conjunção subordinada adverbial condicional = Se você estudar ,passará no concurso. (Caso você estudar ,passará )

    Conjunção subordinativa adverbial causa      l = Se ele estudou então passou. (Porque ele estudou então passou.)

     

    RESUMO DO PRONOME SE => SINTAXE

     

    partícula apassivadora = VTD +SE+ SUJ PACIENTE Alugam-SE CASAS --> Voz sintética

                                                                                    CASAS SÃO alugadas --> Voz analítica

    partícula apassivadora  = VTDI+SE +OI+ SUJ PACIENTE Enviou-se aos chefes o documento -->Voz passiva sint.

                                                                                              O documento foi enviado aos chefes --> Voz passiva analítica

    Índice de indeterminação do sujeito          

    VL = É-se feliz aqui

    VI = Vive-se bem aqui!

    VTI =Precisa-se de profissionais.                   Trata-se de assuntos sigilosos

    | verbo na 3° Pessoa do singular |    

             

    Pronome Reflexivo                          

    Joaquim feriu-se.                               O sujeito é agente do verbo, faz a ação do verbo.

                     VTD

    Pronome recíproco

    Os rivais se cumprimentaram. (Uns com os outros)

     

    Parte integrante do verbo

    Ana tornou-se solidária com as ideias=                                Tornou-se (se torna verbo de ligação ,logo,o resto é predicado)

    Suj  |     VL       | PREDICATIVO DO SUJ

    Ela   se referiu ao problema

    Suj | VL            |OI

     

    Partícula expletiva

    Ana foi-se embora.  

           VI (Mas é possível determinar o sujeito)                   (Pode excluir a partícula e não ocorrerá nenhum problema gramatical.)

    Ela partiu-se sem medo.

     

     

     

     

  • Muita gente achando que a partícula "se" sempre causa indeterminação do sujeito, esquecem que isso vai depender da transitividade do verbo

  • O índice de indeterminação do sujeito - "Se" vai depender da transitividade do verbo

    Alguns exemplos de "indice de indeterminação do sujeito"

    O verbo estando no infinitivo - RECORRER, CANTAR ETC..

    O verbo sendo intransitivo - MUDOU, CANTOU..

    O verbo na terceira pessoa do singular + índice de indeterminação do sujeito + preposição "de" = Precisa-se de ajudante; Necessita-se de medidas

     

    #Deusn0controle

     

    Quando há sujeito na oração não há o que se falar em "indice de indeterminação do sujeito"

  • O mais interessante! :/

    O "se" deveria estar na próclise;

  • Quem impõe-se? A Descrição 

  • Sujeito simples passivo.

  • Na frase, o verbo IMPOR é transitivo direto.
    Sempre que temos VTD + "se", o sujeito será determinado.

       

    Letra C

  • errei marcando letra A 03/06/2018

    O índice de indeterminação do sujeito - "Se" vai depender da transitividade do verbo

    Alguns exemplos de "indice de indeterminação do sujeito"

    O verbo estando no infinitivo - RECORRER, CANTAR ETC..

    O verbo sendo intransitivo - MUDOU, CANTOU..

    O verbo na terceira pessoa do singular + índice de indeterminação do sujeito + preposição "de" = Precisa-se de ajudante; Necessita-se de medidas

     

  • mas impõe-se a descrição sumária do território”  >>  A DESCRIÇÃO É IMPOSTA.  O "SE" É PARTICULA APASSIVADORA.

  • Esse "se" é particula apassivadora e o "a" é artigo e não preposição.

  • sinceramente, eu acho uma falta de respeito e de bom senso um texto deste tamanho em uma prova de concurso.

  • "mas impõe-se a descrição sumária do território"

    Coloca na passiva alguma coisa...... A descrição sumária do território foi imposta....(o que foi imposta? - a descrição sumária

  •  Impõe-se a descrição sumária do territória

    A DESCRIÇÃO SUMÁRIA DO TERRITÓRIO É IMPOSTA

    NA DÚVIDA COM O SE, TENTE TRANSPOR A VOZ!

  • o verbo está na 3a pessoa? daí vc encontra a resposta

  • Imposta

  • QUANDO VOCÊ VIR : VTD OU VTDI + PRONOME SE (PARTICULA APASSIVADORA- PA) = SUJEITO PACIENTE.

    EX: VENDEM-SE CASAS

    VENDEM = VTD

    -SE = PA

    CASAS = SUJEITO PACIENTE

    OBS: NESSE CASO, A VOZ ESTÁ NA VOZ PASSIVA SINTÉTICA, DECORRENDO DA ATIVA - CASAS SÃO VENDIDAS.

    OBS: O VERBO DEVERÁ, SEMPRE, CONCORDA COM O SUJEITO.