SóProvas


ID
2497852
Banca
FCC
Órgão
AL-SP
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                  Você tem medo de quê?

      Vou direto ao ponto: estive em Paris. É um verdadeiro luxo, Paris. Não por causa do Louvre, da Place Vendôme ou da Champs-Élysées. Nem pelas mercadorias todas, lindas, chiques, caras, que nem penso em trazer para casa. Meu luxo é andar nas ruas, a qualquer hora da noite ou do dia, sozinha ou acompanhada, a pé, de ônibus ou de metrô (nunca de táxi), e não sentir medo de nada. Melhor: de ninguém. Meu luxo é enfrentar sem medo o corpo a corpo com a cidade, com a multidão.

      O artigo de luxo que eu traria de Paris para a vida no Brasil, se eu pudesse − artigo que não se globalizou, ao contrário, a cada dia fica mais raro e caro −, seria esse. O luxo de viver sem medo, o de circular na cidade sem temer o semelhante, sem que o fantasma de um encontro violento esteja sempre presente. Não escrevi “viver em uma sociedade sem violência”, já que a violência é parte integrante da vida social. Basta que a expectativa da violência não predomine sobre todas as outras; que a preocupação com a “segurança” não seja o critério principal para definir a qualidade da vida urbana.

      Mas eu conheço, eu vivi em uma cidade diferente desta em que vivo hoje. Essa cidade era São Paulo. Já fiz longas caminhadas a pé pelo centro, de madrugada. Não escrevo movida pelo saudosismo, mas pela esperança. Isso faz tão pouco tempo! Sei lá como os franceses conseguiram preservar seu raro luxo urbano. Talvez o valor do espaço público, entre eles, não tenha sido superado pelo dos privilégios privados. Talvez a lei se proponha, de fato, a valer para todos. Pode ser que a justiça funcione melhor. E que a sociedade não abra mão da aposta nos direitos. Pode ser que a violência necessária se exerça, prioritariamente, no campo da política e não no da criminalidade.

      Se for assim, acabo de mudar de ideia. Viver sem medo não é, não pode ser, um luxo. É básico; é o grau zero da vida em sociedade. Viver com medo é que é uma grande humilhação.

(Adaptado de Maria Rita Kehl. 18 crônicas e mais algumas. S.Paulo: Boitempo, 2011. p. 119-120)

... sem temer o semelhante ...


O verbo grifado acima tem o mesmo tipo de complemento que o verbo empregado em:

Alternativas
Comentários
  • GB: E, VTD

  • TEMER é verbo, logo "o semelhante ..." não pode ser Complemento Nominal ou Adjunto adnominal. E "o semelhante ..." não dá ideia de lugar, tempo, modo etc, portanto, também não é Adjunto Adverbial. Se esse complemento ("o semelhante ...") não é Adjunto Adverbial, logo o verbo TEMER também não é Intrasitivo.

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    Assim, TEMER só pode ser Verbo Transitivo Direto, haja vista que o seu complemento "o semelhante ..." não inicia com preposição. "Que teme, teme algo".

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    Assim, observando os verbos, temos:

    A) " era" (Verbo de Ligação)

    B) "predomine" (Verbo Transitivo Indireto) sobre (preposição).

    C) vivi /"de viver"(Verbo Intransitivo)

    D) estejam/"do verbo estar" (Verbo de Ligação)

    E) "definir" Verbo Transitivo Direto (quem define, define algo)

  • Dúvida

    Na letra E, "da vida urbana" seria CN?