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ID
2500966
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
Instituto Rio Branco
Ano
2017
Provas
Disciplina
Conhecimentos Gerais
Assuntos

O governo de Juscelino Kubitschek (1956-1960) foi caracterizado pela ênfase nos projetos de desenvolvimento econômico, por meio de ações voltadas para a industrialização e de investimentos em infraestrutura. Essa agenda interna influenciou também a formulação de sua política externa. A respeito da atuação externa do Brasil durante a gestão de Juscelino Kubitschek (JK), julgue (C ou E) o próximo item.


No âmbito multilateral, o Brasil alterou sua posição tradicional e passou a criticar, na ONU, a política colonialista de Portugal.

Alternativas
Comentários
  • ERRADO.

    Durante o governo JK (1956-1960), quando o estatuto dos territórios portugueses começou a ser questionado, o Brasil, quer pelas relações especiais com Portugal (e pelas estipulações do Tratado de Cooperação e Amizade, de 1953), quer por alinhar com o “bloco ocidental”, apoiou fielmente e em todos os aspectos a posição portuguesa.

    A situação somente alterou-se substancialmente com a eleição de Jânio Quadros em Outubro de 1960, cuja política foi mantida por João Goulart: o Brasil aproximou-se dos Estados afro-asiáticos e na ONU votava pela autodeterminação e independência das colônias portuguesas.

  • It is "Rel". 

  • Na verdade, Daniel Gonçalves está equivocado quando diz que o Brasil votava na ONU pela autodeterminação e independência das colônias portuguesas no Governo João Goulart, o que veio a ocorrer somente no período militar. Segue uma cronologia:

    Jânio Quadros (1961):

    Defesa das independências afro-asiáticas

    o    Porém, Brasil evita críticas ao colonialismo português e à África do Sul do apartheid

    o    Política de Zigue-Zague (Sombra Saraiva)

    o    Abstenção na ONU nas votações envolvendo Angola e Argélia, mas apoio retórico à descolonização

    Médici (1969/74):

    África e Ásia: indícios de mudanças

    ·         Conflito entre Delfim Neto (pró-África do Sul e Portugal) e Mário Gibson (pró-África)

    ·         MRE Gibson Barboza visita nove países africanos

    o    Evita país que ficaram independentes com guerra

    o    Evita colônias portuguesas

    ·         Encontros com Marcelo Caetano - para convencê-lo a facilitar as independências

    o    Início de crítica ao colonialismo português, ainda que não fosse pública

    ·         1973: fim ao apoio ao colonialismo português na ONU

    Geisel (1974-79):

    ·         Virada africana

    o    Guiné Bissau foi a primeira a se tornar independente e ser reconhecida pelo Brasil

    o    Reconhecimento de Angola sob MPLA - Brasil primeiro país

    ·         Movimento Popular de Libertação de Angola, orientação marxista

    o    Apoio à independência da Namíbia e ao governo de maioria negra do Zimbábue

    o    Condenação ao apartheid - apesar de ser um grande vendedor de armas, Brasil seguiu à risca o embargo à África do Sul, resolvido pelo CSNU

    o    Ovídio de Andrade Melo em Angola

    o    Ítalo Zappa como embaixador extraordinário para missões na África Portuguesa e depois em Moçambique

  • Só para citar uma fonte do que eu afirmei sobre os governos de Jânio Quadros e João Goulart ainda não votarem na ONU pela autodeterminação e independência das colônias portuguesas:

     

    "

    No contexto da Política Externa Independente (governos de Jânio e Jango), o Brasil seguia a lógica do não-alinhamento (aos Estados Unidos). Nesse período, houve aproximação com a África. Em 1960, houve a abertura de embaixadas em Senegal, na Etiópia e na Costa do Marfim.

     

    Entretanto, na época, havia dois problemas: o alinhamento com as ideias de Portugal (que ainda mantinha colônias no continente), e a falta de decisão do Brasil a respeito do colonialismo, postura que Sombra Saraiva chama de "zigue-zague", quando o Brasil passa a apoiar a descolonização, na década de 70.

     

    Nos Governos militares, houve maior aproximação no período de Médici; o continente africano continua possuindo importância, havendo a tentativa de incluir a África na agenda da política externa brasileira. A partir de 1973 (Médici) o Brasil passa a criticar o colonialismo de Portugal. No governo de Figueiredo (79-85), houve a primeira visita de um Presidente brasileiro ao continente Africano, ao mesmo tempo em que o Apartheid era condenado."

     

    Fonte: http://notaseanotacoes.blogspot.com.br/2013/10/brasil-e-africa.html

  • O Lucas tem razão quanto à posição do Brasil em votações sobre descolonização. 

    No governo Jânio Quadros (anos 60), o Brasil tinha uma atuação ideológica moderada quanto à descolonização, devido principalmente a compromissos com Portugal e África do Sul.

    Exemplos da atuação ideológica moderada: (1) o Brasil se absteve de votações em casos de descolonização referentes a Angola e Argélia; (2) o Brasil era favorável à autodeterminação dos povos e à não-intervenção, mas mantinha relações com a África do Sul (a importância comercial sulafricana contrasta com a condenação retórica do apartheid em 1964).

    No governo Médici (anos 70), há aproximação com a África (périplo de Gibson Barboza).

    Somente no governo Geisel (anos 70), com o "pragmatismo responsável", é que houve mudança de posição e o Brasil passou a condenar a descolonização e o apartheid ("africanismo pragmático"), em grande parte devido a interesses econômicos e diversificação de mercados. Exemplos do "africanismo pragmático": (1) o Brasil reconheceu independências de países africanos, como Guiné-Bissau, Moçambique e Angola (contra o colonialismo português); (2) houve distanciamento da África do Sul (apartheid), que fez com que o Brasil se aproximasse dos outros países africanos; (3) o Brasil apoiou ações da ONU contra o apartheid.

    [Fonte: anotações das aulas do Prof. Casarões].

  • pessoal, Jânio Quadros assumiu o governo em janeiro de 1961

  • Errado, o Brasil até relativizou sua posição, prestando apoio teórico aos princípios anticolonialista e independentista das ex-colônias devido a interesses comerciais. Contudo, não criticou na ONU a posição de Portugal, mas sim se absteve, mantendo-se neutro, esperando e desejando uma solução acordada entre Portugal e suas ex-colônias. Conforme pode observar dos trechos destacados da obra de História da Política Exterior do Brasil.

    Para o presidente Janio Quadros, o apoio que o Brasil dera até então ao colonialismo na ONU fora “uma equivocada posição”, que suscitava um descredito da política externa brasileira. [Contudo, não passou da retorica] (CERVO; BUENO. História da Política Exterior do Brasil. Ed. UnB, 2015, pag. 337)

    Concluiu que a presença brasileira “no complexo político africano deveria “estar isenta de qualquer tendência de intervencionismo ou atitude partidária nos assuntos locais ou nas questões ainda não consolidadas internacionalmente. 

    A política africana de Jânio, todavia, sofreu críticas. Segundo Rodrigues (1964), teria tido equívocos e poucos resultados concretos. Não teria ido além dos votos de abstenção na ONU com respeito às questões angolana e argelina. No tocante a angola, o voto de abstenção não fazia consonância com os proclamados anticolonialismo e autodeterminação dos povos. [...]. Apesar de apoiado por lideranças de importantes partidos no Congresso no tocante a um eventual voto na ONU contra o colonialismo, o governo absteve-se em razão de compromissos anteriores com Portugal.

    (CERVO; BUENO. História da Política Exterior do Brasil. Ed. UnB, 2015, pag. 343)

    A pesar da ênfase que a PEI emprestava ao anticolonialismo, a tradicional amizade com Portugal inibia a Chancelaria brasileira na tomada de uma posição mais contundente na questão angolana. (CERVO; BUENO. História da Política Exterior do Brasil. Ed. UnB, 2015, pag. 367)