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ID
2501356
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
Instituto Rio Branco
Ano
2017
Provas
Disciplina
História
Assuntos

O processo de independência do Brasil resultou de um contexto complexo, determinado por fatores externos e internos. Com relação a esse assunto, julgue (C ou E) o item que se segue.


Fez parte da estratégia política em favor da independência brasileira o esvaziamento da influência das cortes legislativas portuguesas, por meio da criação de uma corte similar no Brasil.

Alternativas
Comentários
  • CORRETO.

    A reengenharia política da independência implicava esvaziar a influência das Cortes legislativas portuguesas, criando uma similar nacional. A medida deu certo e foi auxiliada por algumas iniciativas recolonizadoras dos constituintes portugueses. A elas deve em grande parte ser atribuído o sucesso do Grito do Ipiranga, gesto que, se não contasse com o inestimável apoio das elites do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, passaria para a história como mais um berro inconsequente do autoritário d. Pedro. A independência, porém, pregou uma peça nessas elites. 

  • Daniel, 

    ao dizer que " A independência, porém, pregou uma peça nessas elites. " você está se referindo aos desencontros que levaram à crise do primeiro reinado e à abdicação?

  • O esvaziamento da influência das cortes legislativas portuguesas resultou de uma manobra do Partido Brasileiro, temeroso de uma recolonização do Brasil. O primeiro passo nesse sentido foi opor-se energicamente ao retorno de D. Pedro I a Portugal. Tendo uma formação  absolutista, D. Pedro não aceitava as ordens das Cortes; não foi difícil ao Partido Brasileiro jogá-lo contra elas.

  • TAMBÉM ERREI. PENSEI IGUAL O DANIEL. MAS O ADEMAR PEGOU O PONTO. 

  • Boa tarde @Daniel Gonçalves,

    Se houve apoio das elites do RJ, MG e SP na Independência do Brasil, porque você diz, no final do seu comentário, que "A independência, porém, pregou uma peça nessas elites" ? 

    Aproveito a oportunidade para agradecê-lo pela excelente qualidade dos seus comentários.

  • Em relação a "pregar uma peça na elite do Brasil", acredito que o Daniel quis falar sobre o que aconteceu mais tarde com a dissolução da Assembléia Constituinte e a prisão de vários deputados, dentre eles os irmãos Andrada, figuras centrais da política. 

  • Bóris Fausto, História do Brasil, EDUSP, 2012, p. 113: "Foram os militares descontentes que iniciaram o movimento de 1820 em Portugal. Foi também entre os militares que ocorreram as primeiras repercussões do movimento no brasil. As tropas se rebelaram em Belém e em Salvador, instituindo aí as juntas governativas. No Rio de Janeiro, manifestações populares e das tropas portuguesas forçaram o rei a reformular o ministério, a criar juntas onde elas não existiam e a preparar eleições indiretas para as cortes."

  • A tal da "Assembleia Brasílica", convocada a 3 de junho de 1822. Junto com o "Manifesto às Nações Amigas", da pena de Bonifácio e publicado a 6 de agosto daquele ano (ou seja, a um mês menos um dia do grito do Ipiranga), com um Brasil que já se endereçava às nações como um ente autônomo perante o mundo — posto que ansiava, palavras do Pedro, pela "autonomia completa" —, temos os dois mais relevantes momentos políticos daquele Brasil que nascia entre o Fico, de 9/1, e a Independência, de 7/9, naquele ano tumultuado que se encerrou com a aclamação a 12 de outubro, dia do aniversário do jovem imperador, sagrado e — em ruptura simbólica à antiga metrópole, ainda presa a sebastianismos — também coroado a 1º de dezembro. Viria ainda a guerra.

  • Troca o disco desse Boris Fausto ...Amelie Poulante !!!!!

  • O processo de independência do Brasil, no início do século XIX, pode ser inserido em um contexto além da região colonial. Ele pode ser entendido como uma das revoltas ou revoluções de caráter liberal acontecidas na Europa e na América. Todas elas caudatárias do pensamento iluminista, da Revolução Americana (1776) e da Revolução Francesa (1789).
    A luta é por comércio livre das limitações do “ exclusivo colonial". Ou seja, do monopólio português. E, pela construção de um Estado constitucional, que é o fundamento do liberalismo político. Estruturar o Estado a partir do texto de uma constituição é a peça chave para a ruptura com o Absolutismo, o Antigo Regime e seus derivados. E, nessa constituição devem ser estabelecidos três poderes: executivo, legislativo e judiciário. 
    Esta é a demanda da Revolução do Porto, de 1820, de Portugal. Os revolucionários, além de demandar a volta de D. João VI para Lisboa, já que ele estava no Rio de Janeiro desde 1808, estabeleceram, entre outras medidas, cortes legislativos em Portugal. A proposta era a de elaborar leis a partir da sociedade e não da Corte.
    A Revolução do Porto terá eco nas regiões coloniais no Brasil. Em muitas delas, principalmente naquelas mais próximas ao Rio de Janeiro, serão criadas cortes ao exemplo das portuguesas. A ideia é fortalecer o poder local e minimizar a influência de Portugal, dentro de uma lógica de maior autonomia e, depois, independência.
    É preciso lembrar que a Revolução do Porto, embora liberal para Portugal, tinha propostas recolonizadoras para o Brasil, com a retirada de avanços conseguidos durante a estadia de D. João VI. Portanto, havia a séria intenção, nas regiões onde predominavam os interesses brasileiros, de dificultar a atuação das cortes portuguesas.
    Assim sendo, por tudo que foi acima descrito, podemos concluir que a afirmativa está correta. Ela apresenta uma ideia de História adequada ao processo de independência do Brasil .

    OBS : É preciso não esquecer as diferenças entre as várias regiões do Brasil colonial. Há aquelas que apoiam e aquelas que são contra a independência. Por isso é que há as guerras de independência após o 7 de setembro. 

    RESPOSTA : CERTO
  • A questão exige tão simplesmente o conhecimento acerca da convocação da Assembleia Constituinte, em junho de 1822, e que tal convocação fez parte dos eventos que desencadearam a independência. As Cortes lusitanas, convocadas em 1820, tinham também por finalidade a elaboração de uma carta constitucional, por isso faz sentido falar em " criação de uma corte similar no Brasil". Ajuda saber que, desde o segundo semestre de 1821, críticas à atuação das Cortes, até então unanimemente celebradas pelas elites, tornam-se frequentes, sobretudo pela elite coimbrã, aquela facção comandada por José Bonifácio, daí o ímpeto por seu esvaziamento.

  • Bóris Fausto, História do Brasil, EDUSP, 2012, p. 113: "Foram os militares descontentes que iniciaram o movimento de 1820 em Portugal. Foi também entre os militares que ocorreram as primeiras repercussões do movimento no brasil. As tropas se rebelaram em Belém e em Salvador, instituindo aí as juntas governativas. No Rio de Janeiro, manifestações populares e das tropas portuguesas forçaram o rei a reformular o ministério, a criar juntas onde elas não existiam e a preparar eleições indiretas para as cortes."