SóProvas


ID
2511613
Banca
UEM
Órgão
UEM
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                  Literatura faz bem para a saúde (Moacyr Scliar)


1 É difícil / extrair novidades de poemas / no entanto, pessoas morrem miseravelmente / pela falta daquilo que ali se encontra.” O poeta e dramaturgo modernista americano William Carlos Williams (1883-1963) sabia do que estava falando quando escreveu esses versos: além de escritor multitalentoso, tinha formação em medicina e efetivamente trabalhava cuidando da saúde dos outros. A partir de sua afirmativa, a pergunta se impõe: o que existe, nos poemas e na literatura em geral, que pode manter as pessoas vivas e, quem sabe, até ajudar na cura de algumas doenças?

2 Em primeiro lugar, podemos destacar as próprias palavras. Que são, como costumavam dizer os antigos gregos, um verdadeiro remédio para as mentes sofredoras. Não se tratava só de uma metáfora engenhosa e sedutora: no século 1 d.C., o médico romano Soranus prescrevia poemas e peças teatrais para seus pacientes. O teatro, aliás, era considerado uma válvula de escape para aquelas emoções reprimidas que todos têm, através da catarse (alívio) que proporciona.

3 A palavra tem um efeito terapêutico. Verbalizar ajuda os pacientes, e esse é o fundamento da psicoterapia – ou talk therapy, como dizem os americanos. E a inversa é verdadeira: ao ouvir histórias, as crianças sentem-se emocionalmente amparadas. E não apenas elas, claro. Todos nós gostamos de escutar causos e de nos identificarmos com alguns deles. Dizia Bruno Bettelheim (1903- 1990), psicólogo americano de origem austríaca, sobrevivente dos campos de concentração nazistas: “Os contos de fadas, à diferença de qualquer outra forma de literatura, dirigem a criança para a descoberta de sua identidade. Os contos de fadas mostram que uma vida compensadora e boa está ao alcance da pessoa, apesar das adversidades”.

4 Não é de admirar, portanto, que a leitura tenha se transformado em recurso terapêutico ao longo dos tempos. No primeiro hospital para doentes mentais dos Estados Unidos, o Pennsylvania Hospital (fundado em 1751 por Benjamin Franklin), na Filadélfia, os pacientes não apenas liam como escreviam e publicavam seus textos em um jornal muito sugestivamente chamado The Illuminator (“O Iluminador”, em inglês). Nos anos 60 e 70 do século 20, o termo “biblioterapia” passou a designar essas atividades. Logo surgiu a “poematerapia”, desenvolvida em instituições como o Instituto de Terapia Poética de Los Angeles, no estado americano da Califórnia. Aliás, nos Estados Unidos, existe até uma Associação Nacional pela Terapia Poética.  

5 Aqui no Brasil, já temos várias experiências na área. No livro O Terapeuta e o Lobo – A Utilização do Conto na Psicoterapia da Criança, o psiquiatra infantil, poeta e escritor Celso Gutfreind, destaca a enorme importância terapêutica do conto, como forma de reforço à identidade infantil e como antídoto contra o medo que aflige tantas crianças. Também é de destacar o Projeto Biblioteca Viva em Hospitais, realizado no Rio de Janeiro e mantido pelo Ministério da Saúde, pela Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e por um grande banco. A leitura, realizada por voluntários, ajuda a criança a vencer a insegurança do ambiente estranho e da penosa experiência da doença, terrível para todos, mas ainda mais amedrontadora para os pequenos.

6 Finalmente, é preciso dizer que a literatura pode colaborar para a própria formação médica. Muitas escolas de medicina pelo mundo, inclusive no Brasil, estão incluindo no currículo a disciplina Medicina e Literatura. Através de textos como A Morte de Ivan Illich, do escritor russo Léon Tolstoi (em que o personagem sofre de câncer), A Montanha Mágica, do alemão Thomas Mann (que fala sobre a tuberculose) e O Alienista, do brasileiro Machado de Assis (uma sátira às instituições mentais do século 19), os alunos tomam conhecimento da dimensão humana da doença. E assim, mesmo que muitas vezes indiretamente, a literatura passa a ajudar pacientes de todas as idades.

*Moacyr Scliar foi médico sanitarista e um dos principais escritores brasileiros, autor de, entre outros, A Paixão Transformada, um ensaio sobre as relações entre medicina e literatura.

Adaptado de <http://www.revistaprosaversoearte.com/literatura-faz-bem-para-saude-moacyr-scliar/> . Acessado em 19 de julho de 2017.  

Sobre a acentuação gráfica de palavras retiradas do texto, assinale a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  • "Tranquilona hein!"

     

     

    e) As palavras “metáfora” e “médico” são acentuadas porque são proparoxítonas.

    Há uma ocorrência de proparoxítonas nas palavras destacadas acima, pois ambas estão sendo acentuada na antepenúltima sílaba e  as vogais são as mais fortes da palavra.

  • A regra que justifica a acentuação de Aliás é a das oxítonas.

     

  • a) Própria o acento é justificado por ser uma PROPAROXITÓNA. Sabendo que todas proparoxitónas são acentuadas, fica justificado.

    b) Saúde, apresenta um  hiato, logo leva acentuação; Aliás, oxitonas terminadas em A(S) E(S) O(S) EM(NS), levam acento. 

    c)Também e além são acentuadas porque são oxítonas terminadas em EM.

    d) Currículo e Terapêutico são acentuadas porque são proparoxítonas.

    e) Metáfora e Médico são acentuadas porque são proparoxítonas.  =>GABARITO

     

    OBS: se eu estiver errado me corrijam, estamos aqui para aprender. FORÇA GUERREIROS...

     

  •  

    Galera a explicação do Marcos Medeiros está parcialmente errada, baseim-se no comentário do nosso amigo Nathanael

  • Nathanael, a palavra "própria" é uma paroxítona meu querido.
  • Sobre a letra a) A palavra própria é uma paroxítona terminada em ditongo crescente;

  • Própria pode ser considerada proparoxítona de acordo com a nova regra ortográfica (creio eu), ao invés de enquadrar-se na regra da paroxítona terminada em ditongo crescente, entra na regra da proparoxítona (pró-pri-a). Isso ocorre com todas '' paroxítonas terminadas em ditongo crescente ''

  • 'Aliás' é oxitona, mas da impressão ser hiato,se a regra da oxitona não tivesse o A no final poderia essa palavra ser um hiato?

  • Sigo o entendimento de Nathanael Batista. A palavra própria é uma paroxítona terminada em ditongo crescente, entretanto pode ser considerada uma proparoxítona eventuais ou acidentais. A Cespe costuma cobrar essa classificação também. Resposta: Letra C

  • Thaís, a palavra "aliás" já é um hiato, sendo separada desse modo: a-li-ás, e pela regra das oxítonas levou acento no a. Não faria sentido acentuar o i de qualquer modo já que mesmo sem a regra a tônica seria o "as". Se não leríamos com o nome próprio Elías. E o hiato se deu pela palavra ter duas vogais juntas, sons fortes do "i" e "a" Espero ter ajudado

  • ALIÁS e SAÚDE são ambas hiato.

    Entretanto, a regra geral, prevalece sobre a regra especial. 

    Aliás, é acentuada por ser oxítona terminada em A(s)

    Enquanto saúde é acentuada por ser hiato, ter o í, tônico. 

     

    REGRAS GERAIS DE ACENTUAÇÃO (Prevalecem sobre os casos especiais)
     

    a) Acentuam-se os monossílábos tônicos terminados em a/e/o seguidos ou não de s. 
     

    b) Acentuam-se as oxítonas terminadas em: A/E/O - seguidos ou não de s. E as terminadas em: EM/ENS. 
    Oxítonas são aquelas em que a sílaba tônica é a última da palavra.
     

    c) Acentuam as todas paraxítonas, exceto as terminadas em A/E/O - seguidos ou não de s. E as terminadas em: EM/ENS. 
    Veja que a regra das paroxítonas é o contrário das oxítonas.
    Paroxítonas são palavras nas quais a sílaba tônica é a penúltima. 
     

    c1) Todas as paroxítonas terminadas em 
     

    L N R X (Regra do rouxinol, tiram as vogais, as consoantes ficam)
     

    I/ UM/ UNS
     

    Ã/ ÃO
     

    Ditongo (que é o encontro de duas vogais)
     

    PS
     

    são acentuadas.
     

    IMPORTANTE: Veja que dentro das paroxítonas, portanto, há regras específicas de acentuação, você tem que saber. Uma paroxítona terminada em ditongo, não é acentuada pelo mesmo motivo de uma paroxítona terminada em PS, por exemplo.
     

    d) Todas as proparoxítonas são acentuadas.
    São as que a sílaba tônica é a antepenúltima.
     

    Não confudir: 

    Dígrafo: É quando duas letras se unem formando um único som. 
    Pode ser dígrafo vocálico e consonantal.

    No caso do "dígrafo" consonantal, se as duas consoantes não formarem um único som, será encontro consonantal. Ex: PeDRa. Você ao falar, faz o som do D e do R. Nesse caso não é dígrafo.

    Ditongo: Encontro de vogais. 

    REGRAS ESPECIAIS
     

    HIATOS: Acentuam-se os hiatos com acento tônico no i e u, que venham longe nh.

    DITONGO: Ditongo aberto no fim da palavra é acentuado.

    ACENTO DIFERENCIAL: POR, PODE, VEM, TEM, FORMA

     

  • GABARITO: LETRA E

    ACRESCENTANDO:

    Regra de Acentuação para Monossílabas Tônicas:

    Acentuam-se as terminadas em -a(s), -e(s), -o(s).

    Ex.: má(s), trás, pé(s), mês, só(s), pôs…

    Regra de Acentuação para Oxítonas:

    Acentuam-se as terminadas em -a(s), -e(s), -o(s), -em(-ens).

    Ex.: sofá(s), axé(s), bongô(s), vintém(éns)...

     

    Regra de Acentuação para Paroxítonas:

    Acentuam-se as terminadas em ditongo crescente ou decrescente (seguido ou não de s), -ão(s) e -ã(s), tritongo e qualquer outra terminação (l, n, um, r, ns, x, i, is, us, ps), exceto as terminadas em -a(s), -e(s), -o(s), -em(-ens).

    Ex.: história, cáries, jóquei(s); órgão(s), órfã, ímãs; águam; fácil, glúten, fórum, caráter, prótons, tórax, júri, lápis, vírus, fórceps.

     

    Regra de Acentuação para Proparoxítonas:

    Todas são acentuadas .Ex.: álcool, réquiem, máscara, zênite, álibi, plêiade, náufrago, duúnviro, seriíssimo...


    Regra de Acentuação para os Hiatos Tônicos (I e U):

    Acentuam-se com acento agudo as vogais I e U tônicas (segunda vogal do hiato!), isoladas ou seguidas de S na mesma sílaba, quando formam hiatos.

    Ex.: sa-ú-de, sa-í-da, ba-la-ús-tre, fa-ís-ca, ba-ú(s), a-ça-í(s)...

    FONTE: A GRAMÁTICA PARA CONCURSOS PÚBLICOS 3ª EDIÇÃO FERNANDO PESTANA.

  • Resumo Acentuação e Ortografia:

    Monossílabos:

    Terminados em A(s),E(s),O(s) : pá, três, pós;

    Terminadas em Ditongo Aberto: éu, éi, ói: céu, réis, dói;

    Oxítonas:

    Terminadas em A(s),E(s),O(s),Em(s). sofá, café,

    Terminadas em Ditongo Aberto: éu, éi, ói: chapéu, anéis, herói;

    Paroxítonas:

    • Todas, exceto terminadas em A(s),E(s),O(s),Em(s). Ex: fácil, hífen, álbum,

    cadáver, álbuns, tórax, júri, lápis, vírus, bíceps, órfão

    • Terminadas em ditongo (Regra cobradíssima) Ex: Indivíduos, precárias,

    série, história, imóveis, água, distância, primário, indústria, rádio

    • Se tiver Ditongo Aberto: não acentua mais!Ex: boia, jiboia, proteico, heroico

    Proparoxítonas:

    • Todas. Sempre. Ex: líquida, pública, episódica, anencéfalo, período.

    Regra do Hiato:

    Acentuam-se o “i” ou “u” tônico sozinho na sílaba (ou com s): baú,

    juízes, balaústre, país, reúnem, saúde, egoísmo. Caso contrário, não acentue: juiz,

    raiz, ruim, cair.

    Não se acentuam também hiatos com vogais repetidas: voo, enjoo, creem, leem, saara,

    xiita, semeemos.

    Exceção1: “i” seguido de NH: rainha, bainha, tainha,

    Exceção2: “i” ou “u” antecedido de ditongo, se a palavra não for oxítona: bocaiuva,

    feiura, sauipe, Piauí, tuiuiú. Decore: Guaíba e Guaíra são acentuados.

    FONTE: Professor Filipe Luccas - Estratégia concursos.