SóProvas


ID
2519212
Banca
FCC
Órgão
FUNAPE
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                Civilização e infelicidade


      Uma fonte da infelicidade humana estaria na insuficiência das normas que regulam os vínculos pessoais na família, no Estado e na sociedade. Não queremos admitir que as instituições por nós mesmos criadas não trariam bem-estar e proteção para todos nós. Deparamo-nos com a afirmação espantosa que boa parte da nossa miséria vem do que é chamado de nossa civilização; seríamos bem mais felizes se a abandonássemos e retrocedêssemos a condições primitivas.

      A asserção me parece espantosa porque é fato estabelecido – como quer que se defina o conceito de civilização – que tudo aquilo com que nos protegemos da ameaça das fontes do sofrer é parte da civilização. Descobriu-se que o homem se torna neurótico porque não pode suportar a medida de privação que a sociedade lhe impõe, em prol de seus ideais culturais, e concluiu-se então que, se estas exigências fossem abolidas ou bem atenuadas, isto significaria um retorno a possibilidades de felicidade.

(Adaptado de: FREUD, Sigmund. O mal-estar na civilização. Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Penguin & Companhia das Letras, 2011, p. 30-32)

É clara e correta a redação deste livre comentário sobre o texto:

Alternativas
Comentários
  • Letra (d)

     

    a) A insuficiência de normas e instituições seria responsáveis pela infelicidade humana segundo considera Freud por mais paradoxal que seja.

     

    b) Seria impensável que mecanismos institucionais cujos somos nós mesmos os responsáveis viessem a conspirar para a nossa própria felicidade. 

     

    c) A muitos parece que, num estágio primitivo, seríamos mais felizes, porquanto a civilização traria-nos alguns empecilhos para uma vida mais gratificante.

     

    d) Certo.

     

    e) Mesmo que se venha abolir as imposições institucionais, nada nos garante de que nos acarretem com isso uma vida mais realizada.

     

     

    Qlq erro, gentileza avisar para correção.

  • Caro Tiago Costa,

    Não sou bom no PT-BR mas, acho que o erro da letra A esteja na questão dos tempos/modos verbais entre os verbos "seriam" e "considera".

    Aguardando novos comentários....

     

    Abraços!

  • Acho que o erro da letra A esteja no verbo "ser" e "responsáveis" que deveriam estar no singular, pois o núcleo do sujeito é "A insuficiência". Não consegui ver nenhum sujeito composto ali, para estarem no plural.

  • A) A insuficiência de normas e instituições seriam responsáveis pela infelicidade humana, segundo considera Freud, por mais paradoxal que seja. 

     Quem seria responsável peça infelicidade humana? A insuficiência de normas e instituições: Sujeito (simples)

    O verbo concorda com o sujeito

    Correto: A insuficiência de normas e instituições SERIA RESPONSÁVEL pela infelicidade humana...

    B)  Seria impensável que mecanismos institucionais de cujos somos nós mesmos os responsáveis, viessem a conspirar para a nossa própria felicidade. 

    Quem é responsável pelos mecanismos? Nós

    Nós somos responsáveis PELO QUÊ? Pelos mecanismos

    Se CUJO estivesse correto no contexto da frase, a forma acertada seria POR CUJO

    Mas CUJO somente cabe para ideia de posse, o que não ocorre nesta oração: Mecanismos institucionais nossos? Não somos os donos deles. Somos apenas os responsáveis POR eles.

    Outro erro seria a vírgula depois de "responsáveis", pois  não se separa sujeito de verbo.

    Mecanismos institucionais (sujeito) viessem a conspirar...

    Correto: Seria impensável que mecanismos institucionais PELOS QUAIS somos nós mesmos os responsáveis viessem a conspirar para a nossa própria felicidade.

    C) A muitos parece que, num estágio primitivo, seríamos mais felizes, porquanto a civilização traria-nos alguns impecilhos para uma vida mais gratificante. 

    Não "ouço" bem a conjugação dos verbos

    "A muitos parece que, num estágio primitivo, seríamos mais felizes

    A muitos parecia que seríamos mais felizes (naquele tempo do estágio primitivo poderíamos pensar assim)

    A muitos parece que seremos mais felizes (se, hipoteticamente, voltarmos ao estágio primitivo)

    Segunda parte:

    "Porquanto a civilização traria-nos alguns impecilhos para uma vida mais gratificante"

    Porquanto é uma conjunção explicativa, equivalente a pois, porque. Porém, no contexto da frase, o sentido não está adequado. 

    Como temos o sentimento de sermos mais felizes se sabemos que a civilização nos trará empecilhos?

    O correto talvez seja CONQUANTO, que é uma conjunção concessiva (apesar de...)

    Traria: verbo no futuro do pretérito. Exige, assim, mesóclise ou próclise. Mas que também deve se adquar aos tempos da "primeira parte". Trar-nos-ia/nos traria.

    A muitos parecia que seríamos mais felizes, conquanto a civilização nos trouxesse alguns empecilhos para uma vida mais gratificante

    A muitos parece que seremos mais felizes, conquanto a civilização nos traga alguns empecilhos para uma vida mais gratificante

    Não é impecilho, é empecilho.

    D) Criadas para nos proteger do sofrimento e das injustiças, as instituições, por vezes, nos fazem sofrer, ao imporem severos limites aos nossos desejos. CORRETA

    E) Mesmo que se venha a abolirem as imposições institucionais, nada nos garante de que nos acarretem com isso uma vida mais realizada. 

    Mesmo que as imposições venham a ser abolidas = mesmo que se venham a abolir as imposições...

    Nada nos garante (ISSO, sem o "DE") que com isso uma vida mais realizada nos será ACARRETADA

     

  • a) Concordância errada e falta vírgula, como bem assinalado por nossos colegas. Os tempos verbais estão corretos, o emprego de "seriam" justifica-se porque o autor está usando uma ideia que não é dele, está apenas expondo o pensamento de Freud e prefere ser imparcial, atenuar seu modo de pensar; e o emprego de "considera" e não "considerou / considerava" (tendo em vista que Freud foi desta para melhor), justifica-se pelo uso da metonímia (troca da obra pelo autor), afinal de contas, as obras de Freud ainda estão bem vivas! Pelo mesmo motivo justifica-se o "seja": o paradoxo ainda está presente, ainda que assinalado no passado.

    b) O pronome relativo cujo sempre vem acompanhado de palavra com valor substantivo, de modo que não serve para substituí-lo.

    "Seria impensável que mecanismos institucionais, cujos responsáveis somos nós mesmos, viessem a conspirar para a nossa própria felicidade.

    Caberia outras inúmeras formas de construção, mas o importante é perceber o emprego errado do "cujo".

    c) Além do Impecilho, outro Empecilho é que não se usa ênclise em verbos conjugados no futuro, seja do presente, seja do pretérito. Nesse caso, usa-se a mesóclise ou próclise (lembrando de atentar para os "puxadores", como palavras com sentido negativo, pronomes relativos, etc). Portanto, o correto é: Trar-nos-ia / nos traria. Os tempos verbais estão direitinho; a conjunção explicativa idem. Explico:

    A muitos parecem (aqui uma ideia de possibilidade: parece, mas será mesmo?).

    seríamos mais felizes (tempo verbal confirma a possibilidade enunciada). Seríamos: não fomos e nem seremos com certeza.

    Mas ora.. por que, num estágio primitivo, sériamos mais felizes? Porquanto (porque) a civilização nos traria (mais uma possibilidade, não é verdade!?) Empecilhos para uma vida mais gratificante!

    e) Primeiro, o correto é "venha A abolir". Quando o verbo vir for usado no sentido de conclusão ou desfecho, usa-se vir + a + infinitivo. Quando tem sentido próprio de movimento, usa-se vir + infinitivo. Exemplo: "veio a falecer de bala perdida" / "veio falecer de bala perdida". No primeiro, a pessoa vivia sua vida e pronto, tomou um tiro, se foi. No segundo não... A pessoa queria ser baleada, tomou coragem, subiu a Rocinha! Veio para isso!

    Dito isso, em locuções verbais, como "venha a abolir", quem sofre flexão é o verbo auxiliar. O principal vem numa das formas nominais: particípio, gerúndio e infinitivo. Daí dava para matar a questão: abolir é o verbo principal, logo não se flexionará. Porém ressalto:

    "Imposições institucionais" não é sujeito da locução! É objeto direto! Partindo do pressuposto do plural na segunda parte da frase (acarretem), podemos pensar em um sujeito indeterminado (3ª pessoa do plural) ou oculto (3ª pessoal do plural), porque é o mesmo sujeito para a locução verbal "venha a abolir". Aí sim: "Mesmo que eles venham a abolir as imposições institucionais, nada nos garante que nos acarretem com isso uma vida mais realizada." Caso contrário: "Mesmo que se venha a abolir..."

  • Pessoal, a colocação pronominal "nos fazem sofrer" está correta? 

  • GABARITO LETRA D

     

    a) A insuficiência de normas e instituições SERIA responsáveEL pela infelicidade humana segundo considera Freud, por mais paradoxal que seja.

            NUC. SUJ.

     

    b) Seria impensável que mecanismos institucionais PELOS QUAIS somos nós mesmos os responsáveis viessem a conspirar para a nossa própria felicidade. 

    DICA: O PRONOME CUJO INDICA POSSE, EM RAZÃO DISSO NÃO HÁ VERBO E NEM ARTIGO APÓS O SEU USO.

     

    c) A muitos parece que, num estágio primitivo, seríamos mais felizes, porquanto a civilização traria-nos alguns empecilhos para uma vida mais gratificante.

     

    d) CORRETA

     

    e) Mesmo que se venha abolir as imposições institucionais, nada nos garante que nos acarretem com isso uma vida mais realizada.

    GARANTE É VTD, portanto não há a preposição de.

     

  •  d)Criadas para nos proteger do sofrimento e das injustiças, as instituições, por vezes, nos fazem sofrer, ao imporem severos limites aos nossos desejos. WTF essas virgulas estao coretas? kk