A abordagem de Klein à análise de crianças muito pequenas era simples e inovadora: a liberdade de brincar podia substituir as associações livres, e as fantasias expressas no brinquedo eram �a mesma linguagem, o mesmo arcaico e filogeneticamente adquirido modo de expressão com que estamos familiarizados nos sonhos� (in Klein, �The psychological principles of early analysis�, The writings of Melanie Klein. Vol. 1. London: Hogarth, p. 134). (Hinshelwood, 1992, p. 26-27).
O importante, para Melanie Klein, era o fato de que a brincadeira era uma maneira de a criança expressar o seu mundo interno, era uma maneira pela qual as fantasias inconscientes infantis eram expressas. Então, a interpretação da brincadeira correspondia nada menos do que à interpretação dos conteúdos das fantasias inconscientes. para Klein, esse tipo de interpretação tinha o poder de modificar a ansiedade infantil associada à fantasia inconsciente. A interpretação, reveladora da fantasia inconsciente, tinha o poder de fazer com que a criança diminuísse, por assim dizer, seu grau de fixação a essa fantasia inconsciente e aos objetos (pessoas) a ela associada. Klein nos mostra sua maneira de trabalhar, ao apresentar o relato de um caso clínico em que explicita como chegou ao desenvolvimento de sua perspectiva de tratamento analítico para crianças.