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ID
2533912
Banca
UPENET/IAUPE
Órgão
UPE
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto 1


                                            O preconceito linguístico deveria ser crime


(01) Basta ser homem, estar em sociedade e estar rodeado de pessoas falantes que a língua – esse sistema de comunicação inigualável – emerge. Ela se instaura e toma conta de todos nós, de nossos pensamentos, de nossos desejos e de nossas ações. Falar faz parte do nosso cotidiano, de nossa vida. A troca por meio das formas linguísticas é a nossa dádiva maior, nossa característica básica. É por meio de uma língua que o ser humano se individualiza, em um movimento contínuo de busca de identidade e de distinção. É isso, enfim, que nos torna humanos e nos diferencia de todos os outros animais. 

(02) Não existe homem sem língua. Mesmo as pessoas com deficiências diversas adotam um sistema de comunicação. Quem é surdo, por exemplo, usa a linguagem de sinais. Sendo assim, não existe razão para que tenhamos preconceito com relação a qualquer variedade linguística diferente da nossa. Preconceito linguístico é o julgamento depreciativo, desrespeitoso, jocoso e, consequentemente, humilhante da fala do outro ou da própria fala. O problema maior é que as variedades mais sujeitas a esse tipo de preconceito são, normalmente, as com características associadas a grupos de menos prestígio na escala social ou a comunidades da área rural ou do interior. Historicamente, isso ocorre pelo sentimento e pelo comportamento de superioridade dos grupos vistos como mais privilegiados, econômica e socialmente. 

(03) Então, há críticas negativas em relação, por exemplo, à falta de concordância verbal ou nominal (“As coisa tá muito cara”); ao "r" no lugar do "l" (“Eu torço pelo Framengo”); à presença do gerúndio no lugar do infinitivo (“Eu vô tá verificano”); ao "r" chamado de caipira, característico da fala de amplas áreas mineiras, paulistas, goianas, mato-grossenses e paranaenses – em franca expansão, embora sua extinção tenha sido prevista por linguistas. Depreciando-se a língua, deprecia-se o indivíduo, sua identidade, sua forma de ver o mundo.  

(04) O preconceito linguístico – o mais sutil de todos os preconceitos – atinge um dos mais nobres legados do homem, que é o domínio de uma língua. Exercer isso é retirar o direito de fala de milhares de pessoas que se exprimem em formas sem prestígio social. Não quero dizer com isso que não temos o direito de gostar mais, ou menos, do falar de uma região ou de outra, do falar de um grupo social ou de outro. O que afirmo e até enfatizo é que ninguém tem o direito de humilhar o outro pela forma de falar. Ninguém tem o direito de exercer assédio linguístico. Ninguém tem o direito de causar constrangimento ao seu semelhante pela forma de falar. 

(05) A Constituição brasileira estabelece que “ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante”. Sendo assim, interpreto eu que qualquer pessoa que for vítima de preconceito linguístico pode buscar a lei maior da nação para se defender. Até porque, sob essa ótica, o preconceito linguístico se configura como um tratamento desumano e degradante – uma tortura moral. Se necessário for, poderíamos até propor uma lei específica contra esse tipo de preconceito, apenas para ficar mais claro que qualquer pessoa tem o direito de buscar a justiça quando for vítima de qualquer iniciativa contra o seu modo de se expressar.

(06) Sei que muitos devem achar que isso é bobagem, que todos devem deixar de falar errado. Mas todo mundo tem direito de se expressar, sem constrangimento, na forma em que é senhor, em que tem fluência, em que é capaz de expressar seus sentimentos, de persuadir, de manifestar seus conhecimentos. Enfim, de falar a sua língua ou a sua variante dela. 

Marta Scherre. Disponível em: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI110515-17774,00- O+PRECONCEITO+LINGUISTICO+DEVERIA+SER+CRIME.html. Acesso em: 17/07/17. Adaptado. 

Palavras e expressões são cuidadosamente empregadas no Texto 1. No que se refere ao significado de algumas delas, assinale a alternativa CORRETA.

Alternativas
Comentários
  • e) No trecho: “Até porque, sob essa ótica, o preconceito linguístico se configura como um tratamento desumano e degradante.” (5º parágrafo), a expressão destacada equivale semanticamente a “desse ponto de vista”.

  • A) emerge = surge, manifesta-se, aparece —— dissemina = divulga, difunde, dispersa.

    B) instaura = instala, estabelece, implanta —— recupera = recobra, reconstitui, reabilita.

    C) depreciativo = desqualificativo, pejorativo, insultoso —— aleatório = casual, fortuito, acidental.

    D) sem prestígio social = sem influência social, sem relevância social —— socialmente vulnerável = socialmente frágil, fraco, indefeso.

    E) sob essa ótica = desse ponto de vista = sob essa perspectiva; sob esse pensamento; por esse lado, dentro desse enfoque; etc.

  • Nas alternativas não aparece qual palavra está destacada. Verifiquem isso por favor.
  • Tô melhorando graças a Deus! 

  • "Nunca deixe alguém dizer que você não pode fazer alguma coisa. se você tem um sonho, tem que correr atrás dele.

    as pessoas não conseguem vencer e, dizem que você também não vai vencer. SE QUER ALGUMA COISA, CORRE ATRÁS."

     

    #PMPE2018 AÍ VOU EU.

  • RENAM MARQUES, EXCELENTE COMENTÁRIO O SEU... QUEM DERA QUE ALGUNS AQUI TAMBÉM TIVESSE ESSA ÓTICA. "POSTAR O QUE REALMENTE É ÚTIL PARA O APRENDIZADO..."

    PARABÉNS.

  • #PMPE AI VOU EU 

  • Parem de colocar #NumSeiOque #Blábláblá, comentem sobre a questão, a maioria aqui vai fazer PM-PE não tem porque ficar colocando "#". Concurseiro de verdade trabalha em silêncio.

  • achei q fosse a letra b , porém, qnd li a acertiva E nao tive dúvidas q fosse ela .

    afinal , a alternativa "mais certa" e o Gabarito ne ? rs

    GAB; E

  • QUANDO ELE FALA SOBRE ESSA ÓTICA,  O PRONOME ESSA, ESTÁ SE REFERINDO AO TERMO ANTERIOR. GAB(E)

    MACETE:´PRONOME ESSE: TERMO ANTERIO

    PRONOME ESTE:TERMO POSTERIOR.

     

    JESUS VIVE................................