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ID
2535079
Banca
Exército
Órgão
EsPCEx
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                           Noruega como Modelo de Reabilitação de Criminosos


      O Brasil é responsável por uma das mais altas taxas de reincidência criminal em todo o mundo. No país, a taxa média de reincidência (amplamente admitida mas nunca comprovada empiricamente) é de mais ou menos 70%, ou seja, 7 em cada 10 criminosos voltam a cometer algum tipo de crime após saírem da cadeia.

      Alguns perguntariam "Por quê?". E eu pergunto: "Por que não?" O que esperar de um sistema que propõe reabilitar e reinserir aqueles que cometerem algum tipo de crime, mas nada oferece, para que essa situação realmente aconteça? Presídios em estado de depredação total, pouquíssimos programas educacionais e laborais para os detentos, praticamente nenhum incentivo cultural, e, ainda, uma sinistra cultura (mas que diverte muitas pessoas) de que bandido bom é bandido morto (a vingança é uma festa, dizia Nietzsche).

      Situação contrária é encontrada na Noruega. Considerada pela ONU, em 2012, o melhor país para se viver (1° no ranking do IDH) e, de acordo com levantamento feito pelo Instituto Avante Brasil, o 8° país com a menor taxa de homicídios no mundo, lá o sistema carcerário chega a reabilitar 80% dos criminosos, ou seja, apenas 2 em cada 10 presos voltam a cometer crimes; é uma das menores taxas de reincidência do mundo. Em uma prisão em Bastoy, chamada de ilha paradisíaca, essa reincidência é de cerca de 16% entre os homicidas, estupradores e traficantes que por ali passaram. Os EUA chegam a registrar 60% de reincidência e o Reino Unido, 50%. A média europeia é 50%.

      A Noruega associa as baixas taxas de reincidência ao fato de ter seu sistema penal pautado na reabilitação e não na punição por vingança ou retaliação do criminoso. A reabilitação, nesse caso, não é uma opção, ela é obrigatória. Dessa forma, qualquer criminoso poderá ser condenado à pena máxima prevista pela legislação do país (21 anos), e, se o indivíduo não comprovar estar totalmente reabilitado para o convívio social, a pena será prorrogada, em mais 5 anos, até que sua reintegração seja comprovada.

       O presídio é um prédio, em meio a uma floresta, decorado com grafites e quadros nos corredores, e no qual as celas não possuem grades, mas sim uma boa cama, banheiro com vaso sanitário, chuveiro, toalhas brancas e porta, televisão de tela plana, mesa, cadeira e armário, quadro para afixar papéis e fotos, além de geladeiras. Encontra-se lá uma ampla biblioteca, ginásio de esportes, campo de futebol, chalés para os presos receberem os familiares, estúdio de gravação de música e oficinas de trabalho. Nessas oficinas são oferecidos cursos de formação profissional, cursos educacionais, e o trabalhador recebe uma pequena remuneração. Para controlar o ócio, oferecer muitas atividades, de educação, de trabalho e de lazer, é a estratégia.

      A prisão é construída em blocos de oito celas cada (alguns dos presos, como estupradores e pedófilos, ficam em blocos separados). Cada bloco tem sua cozinha. A comida é fornecida pela prisão, mas é preparada pelos próprios detentos, que podem comprar alimentos no mercado interno para abastecer seus refrigeradores.

      Todos os responsáveis pelo cuidado dos detentos devem passar por no mínimo dois anos de preparação para o cargo, em um curso superior, tendo como obrigação fundamental mostrar respeito a todos que ali estão. Partem do pressuposto que, ao mostrarem respeito, os outros também aprenderão a respeitar.

      A diferença do sistema de execução penal norueguês em relação ao sistema da maioria dos países, como o brasileiro, americano, inglês, é que ele é fundamentado na ideia de que a prisão é a privação da liberdade, e pautado na reabilitação e não no tratamento cruel e na vingança.

      O detento, nesse modelo, é obrigado a mostrar progressos educacionais, laborais e comportamentais, e, dessa forma, provar que pode ter o direito de exercer sua liberdade novamente junto à sociedade.

      A diferença entre os dois países (Noruega e Brasil) é a seguinte: enquanto lá os presos saem e praticamente não cometem crimes, respeitando a população, aqui os presos saem roubando e matando pessoas. Mas essas são consequências aparentemente colaterais, porque a população manifesta muito mais prazer no massacre contra o preso produzido dentro dos presídios (a vingança é uma festa, dizia Nietzsche).

LUIZ FLÁVIO GOMES, jurista, diretor-presidente do Instituto Avante Brasil e coeditor do Portal atualidadesdodireito.com.br. Estou no blogdolfg.com.br. ** Colaborou Flávia Mestriner Botelho, socióloga e pesquisadora do Instituto Avante Brasil. FONTE: Adaptado de http://institutoavantebrasil.com.br/noruega-como-modelo-dereabilitacao-de-criminosos/ Acessado em 17 de março de 2017.

Assinale a opção que contém um pronome relativo:

Alternativas
Comentários
  • Quando o "que" funcionar como pronome relativo, ele pode corretamente ser substituído por "o(s) qual(is)" ou "a(s) qual(is)". Veja:

     

    Ex.: Essa é a rua de QUE falamos (Essa é a rua DA QUAL falamos).

    Ex.: Aqueles são os carros QUE foram multados? (Aqueles são os carros OS QUAIS foram multados?).

    Ex.: Esse terreno QUE mencionou está à venda (Esse terreno O QUAL mencionou está à venda).

     

     

    Podemos seguir o modelo de substuição na alternativa C. Observe:

     

    Uma cultura sinistra, mas QUE diverte muitas pessoas (Uma cultura sinistra, mas A QUAL diverte muitas pessoas).

     

    Portanto, na alternativa C a partícula "que" está atuando como pronome relativo.

     

    Letra C

  • Gabarito: letra C

    O pronome relativo possui natureza anafórica/remissiva, pois retoma um termo antecedente (lembrando que antecedente nem sempre é o imediatamente anterior).

    a) Pronomes relativos variáveis: o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto

    b) Pronomes relativos invariáveis: que, quem, como, onde



  • O pronome relativo é um pronome substantivo.

  • C

    QUANDO O QUE FOR PRONOME RELATIVO PODERÁ SER SUBSTITUIDO POR O QUAL E SUAS VARIAÇÕES (o qual, a qual, os quais, as quais, dos quais, das quais)

  • Uma dica: quando você não souber o que significa aquilo que a questão pede, interprete, por exemplo na questão, o que cada "que" está fazendo na questão, nesse caso, o único com função diferente dos demais era a letra C. Desse jeito, mesmo sem saber o que significa vc pode encontrar a resposta, já que é sempre aquela que se diferencia das demais

  • Toda vez que pedir pronome relativo do "QUE", pode sem medo troca-lo por "O QUAL" ou "A QUAL". se essas palavras fizerem sentido dentro da oração, pode marcar que essa é a correta