SóProvas


ID
2536903
Banca
IBFC
Órgão
TJ-PE
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto


                                       Camelos e beija-flores...

                                                                                             (Rubem Alves)


      A revisora informou delicadamente que era norma do jornal que todas as “estórias” deveriam ser grafadas como “histórias”. É assim que os gramáticos decidiram e escreveram nos dicionários.

      Respondi também delicadamente: “Comigo não. Quando escrevo ‘estória’ eu quero dizer ‘estória’. Quando escrevo ‘história’ eu quero dizer ‘história’. Estória e história são tão diferentes quanto camelos e beija-fores...”

      Escrevi um livro baseado na diferença entre “história” e “estória”. O revisor, obediente ao dicionário, corrigiu minhas “estórias” para “história”. Confiando no rigor do revisor, não li o texto corrigido. Aí, um livro que era para falar de camelos e beija-flores, só falou de camelos. Foram-se os beija-flores engolidos pelos camelos...

      Escoro-me no Guimarães Rosa. Ele começa o Tutameia com esta afirmação: “A estória não quer ser história. A estória, em rigor, deve ser contra a história.”

      Qual é a diferença? É simples. Quando minha filha era pequena eu lhe inventava estórias. Ela, ao final, me perguntava: “Papai, isso aconteceu de verdade?” E eu ficava sem lhe poder responder porque a resposta seria de difícil compreensão para ela. A resposta que lhe daria seria: “Essa estória não aconteceu nunca para que aconteça sempre...”

      A história é o reino das coisas que aconteceram de verdade, no tempo, e que estão definitivamente enterradas no passado. Mortas para sempre. [...]

      Mas as estórias não aconteceram nunca. São invenções, mentiras. O mito de Narciso é uma invenção. O jovem que se apaixonou por sua própria imagem nunca existiu. Aí, ao ler o mito que nunca existiu eu me vejo hoje debruçado sobre a fonte que me reflete nos olhos dos outros. Toda estória é um espelho. [...]

      A história nos leva para o tempo do “nunca mais”, tempo da morte. As estórias nos levam para o tempo da ressurreição. Se elas sempre começam com o “era uma vez, há muito tempo” é só para nos arrancar da banalidade do presente e nos levar para o tempo mágico da alma.

      Assim, por favor, revisora: quando eu escrever “estória” não corrija para “história”. Não quero confundir camelos e beija-flores...

O texto de Rubem Alves é uma crônica. Ao compará-lo com as características desse gênero, só NÃO é correto afirmar:

Alternativas
Comentários
  • Atenção ao comando da questão que pede a alternativa Incorreta!

     

    Analisando as alternativas :

     

    a) O texto assume um caráter narrativo em função, inclusive dos personagens. 

    Correto. O autor narra o episódio entre ele e a filha.

     

     

     

    c) A pergunta retórica “Qual é a diferença?” (5º§) funciona como um convite à reflexão do leitor.

    Correto.

     

     

    d) Embora apresente uma linguagem mais subjetiva, pode-se apreender, com clareza, a defesa de um posicionamento. 

    Correto. O autor defende e afirma que há uma grande diferença entre 'estórias' e 'histórias'

     

     

    e) Em “A história nos leva para o tempo” (8º§), a presença da primeira pessoa do plural no pronome funciona como estratégia de aproximação com o leitor.

    Correta. A afirmativa acima refere-se à história, que tem o intuito de levar o leitor à epóca do fato ocorrido dentro do contexto relatado.

     

     

     

     

    b) O texto assume um caráter poético, simplesmente, em função da referência que faz ao camelo e ao beija-flor. 

    Errada. O texto não assume caráter poético. Só porque citou camelo e beija-flor , isso não quer dizer que o texto como um todo será uma poesia.

     

     

     

     

    Qcom - Questão comentada

    https://www.youtube.com/channel/UCBY27FNGgRpPa-PgFubwjPQ

  • Rubem Alves, como sempre, excelente nas palavras. 

  • Gabarito    B

  • A linguagem subjetiva é aquele que pertence o íntimo,a vida do autor( mais pessoal).

     

  • gab. B

     

  • Além da linguagem subjetiva ser de cunho pessoal, há de ser salientado que, para ser uma poesia, deveria no texto conter rimas, versos e estrofes.
  • concordo, não vejo esse texto como  poético. Ele simplismente compara, defendendo sua forma de escrever, tentando convencer ao leitor o significado de sua escrita errada.

  • Rasttru Rasttru, atente-se que a alternativa fala em caráter poético, não em poesia. São coisas diferentes. O caráter poético, presente na subjetividade e no uso de figuras de linguagem para exprimir uma ideia, encontra-se bem presente em todo o texto.

  • Lembrando que o enunciado da questão pede a alternativa que não é correta. No caso a B é a única errada.

  • Parece-me que poema e poesia não são necessariamente a mesma coisa. A poesia pode estar contida numa canção, num conto e, até, numa receita de bolo.

  • Como diise nosso colegar Valdemar Silva acima: "O caráter poético, presente na subjetividade e no uso de figuras de linguagem para exprimir uma ideia, encontra-se bem presente em todo o texto." Acredito que o erro está na palavra "simplismente" da alternativa B.

     

    b) O texto assume um caráter poético, simplesmente, em função da referência que faz ao camelo e ao beija-flor. 

    Errada. O texto não assume caráter poético. Só porque citou camelo e beija-flor , isso não quer dizer que o texto como um todo será uma poesia. (Comentário de Rodrigo Marcelo).

    Neste texto há aspectos de poesia, porém o título do texto por si só não é o suficiente para defini-lo como poesia.

  • O  comando da questão pede a alternativa Incorreta.

    Prestem atenção!

    Fica a dica.

  • Funções da Linguagem.

    Função Poética ou Conotativa - Sentido figurado< expressões construídas com base em certas relações figurativas.

    Como o enuciado da questão pede a alternativa incorreta, então o enunciado da letra B não condiz com o  texto, já que não é de caráter poético.

    Se estiver errado, corrijam-me. Por favor!

  • Gostei bastante desse texto. Nele o Rubem Alves vem com uma tipologia argumentativa em sua maior parte e apesar da comparação "Camelos a Beija-Flores" soar de forma poética, este é apenas um pequeno trecho, quando comparado ao texto inteiro.

     Obrigado por me fazer errar aqui!

  • É preciso ter atenção, pois na pergunta se pede a alternativa incorreta.
  • Prestem atenção no gênero pedido... A crônica!

    Principais Caraterísticas

    Narrativa curta

    Linguagem simples e coloquial

    Poucos personagens, se houver

    Espaço reduzido

    Acontecimentos cotidianos

    Como a questão pede a alternativa incorreta, logo o texto não assume um caráter poético.

    Alternativa incorreta: B

  • b

     

  • GABARITO: B

  • Tem poesia aí, mas não é um poema

  • Amo esse site de questões! Obg gente!

  • GABARITO BBBBBBBBBBBBBBB

  • Fiquei com dúvida entre B e C. Porém, o que levei para matar a questão foi

    "O texto assume um caráter poético, simplesmente, em função da referência que faz ao camelo e ao beija-flor."

    Afirmação muito "pesada" para definir o texto.