SóProvas


ID
2540023
Banca
FGV
Órgão
MPE-BA
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO 1 – CHINA


Estou há pouco mais de dois anos morando na China, leitor, e devo dizer que a minha admiração pelos chineses só tem feito crescer. É um país que tem coesão e rumo, como notou o meu colega de coluna neste jornal Cristovam Buarque, que passou recentemente por aqui.

Coesão e rumo. Exatamente o que falta ao nosso querido país. E mais o seguinte: uma noção completamente diferente do tempo. Trata-se de uma civilização milenar, com mentalidade correspondente. Os temas são sempre tratados com uma noção de estratégia e visão de longo prazo. E paciência. A paciência que, como disse Franz Kafka, é uma segunda coragem.

Nada de curto praxismo, do imediatismo típico do Ocidente, que têm sido tão destrutivos e desagregadores.

Esse traço do chinês é até muito conhecido no resto do mundo. Há uma famosa observação do primeiro-ministro Chou En-Lai, muito citada, que traduz essa noção singular do tempo. Em certa ocasião, no início dos anos 1970, um jornalista estrangeiro lançou a pergunta: “Qual é afinal, primeiro-ministro, a sua avaliação da Revolução Francesa?” Chou En-Lai respondeu: “É cedo para dizer”.

Recentemente, li aqui na China que essa célebre resposta foi um simples mal-entendido. Com os percalços da interpretação, Chou En-Lai entendeu, na verdade, que a pergunta se referia à revolta estudantil francesa de 1968! Pronto. Criou-se a lenda.

Pena que tenha sido um mal-entendido. Seja como for, é indubitável que para os chineses o tempo tem outra dimensão. Para uma civilização de quatro mil anos ou mais, uma década tem sabor de 15 minutos. (O Globo, 15/9/2017)  

“Pena que tenha sido um mal-entendido”; a observação do cronista no texto 1 se justifica porque:

Alternativas
Comentários
  • achei bem dificil - fiquei com a c, mas a correta é a b. Alguem consegue me explicar?

  • No contexto o fato do primeiro-ministro, ter feito uma observação erronia do um fato acontecido a muito tempo atrás. Ante a um fato que tinha 02 anos do acontecido. Ganhou muito mais notoriedade filosofica, uma vez que a nação chinesa tem milênios de existência. 

  • Joey, não me convenci da sua resposta. 

  • Se tem mais valor filosofico,por que é uma pena?

  • Temm mais valor filosófico porque os desdobramentos da Revolução Francesa cronologicamente são bem maiores do que os da Revolução Estudatil. 

    Dessa forma, o ministro estaria ainda avaliando os efeitos da Rev. Francesa, o que demonstra que o tempo, para os chineses realmente passa de uma forma muito lenta. Afinal, mais de dois séculos para verificar os efeitos da rev... efeitos estes que o mundo ocidental já deu por interprestaddos e até mesmo ultrapassados há bastante tempo. 

    Essa observação tem mais valor filosófico justamente porque amplia a noção de tempo e de efeitos de eventos históricos na visão dos chineses. 

  • Gab: B.

    .

    Qual o resultado do mal-entendido? 

    Explicitar que o povo Chinês faz uma análise mais calma e comedida dos acontecimentos, mesmo que se referia à Revolução Francesa/1789.

    Esse posicionamento dá ensejo a maiores divagações filosóficas em relação aos chineses.

    .

    O mal-entendido foi posteriormente esclarecido, pois o primeiro-ministro se referia a uma revolução estudantil francesa de 1968.

     

  • Hernani, concordo contigo que o equivoco gerou mais valor filosófico, em razão de que a Revolução Francesa teve maiores repercursões e, principalmente, por ter acontecido muitos anos antes - dando valor a opinião do autor, no entanto, com base na interpretação do texto o autor achou uma PENA esse equívoco.

    Assim, tenho que concordar com a Erica Alex, pois se tem mais valor, por que que o autor acha uma pena? A questão é bem clara ao pedir:

     

    "[...]a observação do cronista no texto 1 se justifica porque"

     

    "a história narrada seria de mais valor, por ser verdadeira;" ou "o mal-entendido tira valor da narrativa;" 

     

    Essas seriam alternativas mais plausíveis.

     

    Questão bosta.

  • Não tira valor algum da narrativa, simplesmente a narrativa deixa de ser mais rica filosoficamente; como resalta a alternativa B de BRazilzão q eu amo tanto!  #vença #pelos #estudos

  • to imaginando as 30 bombas que vão vim no TJ Alagoas

  • Entendi o gabarito da seguinte forma: A pergunta feita ao ministro em 1970, foi sobre a revolução francesa ocorrida em 1789, e ele respondeu que ainda era cedo para dizer algo. Esta resposta obviamente causou grande espanto: como era cedo? Então o povo chinês realmente tem uma noção de tempo muito diferente do ocidente! Era interessante que o ministro estivesse realmente falando sobre a revolução francesa, só que ele se referia a revolução estudantil francesa ocorrida em 1968, então não era tanto tempo assim. Por isso que o mal-entendido tem valor filosófico e o autor da crônica diz que é uma pena ter sido um mal-entendido, antes fosse realmente o pensamento do ministro, pois seria mais contundente como exemplo da forma de pensar o tempo do povo chinês.

  • Josimara explicou bem. Mas é complicado porque pra ter esse tipo de raciocínio na hora da prova você tem que estar realmente num dia iluminado

  • Galera eu errei tbm e percebi que foi porque eu respondi com a minha conclusao do fato e nao a do autor, tem que ter cuidado nisso.

  • O que seria "valor filosófico" ?

  • Essa fgv em português  é complicada

  • Acertei por eliminação , Ufaaa. rsrs

  • Eu estou achando forçação de barra querer justificar esse gabarito .ali tem pelo menos 2 respostas certas.

  • uma coisa que o pessoal tem que entender.
    Na FGV, vc sempre vai ficar em dúvida entre duas. Geralmente essas duas podem parecer, num primeiro momento, ambas corretas. No entanto, tem um detalhizinho sutil que a diferencia da outra
    O candidato tem que, primeiramente, eliminar as 3 erradas e encontrar as duas "certas". Depois, re-ler o enunciado (muitas das vezes, o enunciado dá uma dica valiosa para conseguir indentificar esse sutil detalhe). Feito isso, tentar compreender o pq desta alternativa está mais certa que a outra.

    Por essas e outras que a FGV é uma das bancas mais difíceis em lingua portuguesa, pois eles focam muito na interpretação de texto dos candidatos.

  • O exemplo da Josimara está excelente, mas não faz deixar a C como correta também. 
    Seu próprio comentário distorce a explicação da B: "antes fosse realmente o pensamento do ministro, pois seria mais contundente como exemplo da forma de pensar o tempo do povo chinês." 
    Evidentemente, se fosse verdade, o exemplo dado pelo autor tornaria sua narrativa de que a percepção de tempo pelo povo chinês é realmente verdadeira. Sendo que esse valor falho diminui o valor da narrativa. Absolutamente nada prova que a percepção de tempo deles é diferente! Mesmo que o país tenha uma cultura de 4 mil anos, pois isso não é provado! Mas seria, se a maneira como o Ministrio interpretou fosse verdadeira. 
    :B
    #FGVmefazquererquebrartudo :) hehe 

  • Algumas vezes, a FGV não precisa ser explicada, mas ignorada. Questões assim só nos fazem perder tempo durante o estudo.

  • Esse comentário da Josimara Rodriguês (um pouco mais abaixo nos comentários), e acredito que explica muito bem quanto ao entendimento sobre a questão:

    Entendi o gabarito da seguinte forma: A pergunta feita ao ministro em 1970, foi sobre a revolução francesa ocorrida em 1789, e ele respondeu que ainda era cedo para dizer algo. Esta resposta obviamente causou grande espanto: como era cedo? Então o povo chinês realmente tem uma noção de tempo muito diferente do ocidente! Era interessante que o ministro estivesse realmente falando sobre a revolução francesa, só que ele se referia a revolução estudantil francesa ocorrida em 1968, então não era tanto tempo assim. Por isso que o mal-entendido tem valor filosófico e o autor da crônica diz que é uma pena ter sido um mal-entendido, antes fosse realmente o pensamento do ministro, pois seria mais contundente como exemplo da forma de pensar o tempo do povo chinês.