Em 1904, Kafka escreveu a seu amigo Oskar Pollak: "No
fim das contas, penso que devemos ler somente livros que nos
mordam e piquem. Se o livro que estamos lendo não nos
sacode e acorda como um golpe no crânio, por que nos darmos
o trabalho de lê-lo? Para que nos faça feliz, como diz você?
Seríamos felizes da mesma forma se não tivéssemos livros.
Livros que nos façam felizes, em caso de necessidade,
poderíamos escrevê-los nós mesmos. Precisamos é de livros
que nos atinjam como o pior dos infortúnios, como a morte de
alguém que amamos mais do que a nós mesmos, que nos
façam sentir como se tivéssemos sido banidos para a floresta,
longe de qualquer presença humana, como um suicídio. É nisso
que acredito."
(Adaptado de Alberto Manguel. Uma história da leitura. São
Paulo: Companhia das Letras, 1999, p. 113)
... por que nos darmos o trabalho de lê-lo?
A expressão que contém o mesmo sentido do segmento grifado acima é: