Segundo Brandão (2006), as concepções de homem e de sociedade, legitimadas pela tríade Neotomismo – Pensamento Conservador – Positivismo, eliminavam, no âmbito da formação e do exercício profissional, a compreensão sobre: a desigualdade imposta pela sociedade capitalista, associada às condições de exploração do homem pelo homem e às relações sociais que sustentam o trabalho alienado; o caráter contraditório da prática profissional e sua participação no processo de reprodução social; e a dimensão ético-política da prática profissional, em nome de uma neutralidade que, de fato, é afinada com a necessidade de legitimar a suposta face humanitária do Estado e do empresariado.
Essa questão foi muito, muito, muito específica, além de não cobrarem a redação na integra, de acordo com o que está no texto, o que pode fazer a pessoa errar idenpendente de ter lido o texto (rs). Ás vezes fico presa aos livros clássicos, quando estudo os pressupostos teórico-metodológicos da profissão, e nessas horas me dou mal. A questão foi elaborada em cima de um texto específico da Maria Angela Rodrigues Alves de Andrade da Revista Serviço Social & Realidade, Franca, v. 17:
O que impedia uma visão crítica acerca da questão social, nesse período, entre outros elementos, eram os aportes teóricos que o Serviço Social utilizava para explicar a realidade social: os fundamentos filosóficos da Doutrina Social da Igreja (Neotomismo), os conteúdos ideológicos(pensamento conservador) e a perspectiva analítica então hegemônica nas Ciências Sociais (Positivismo). A profissão “aceitava” a base de legitimidade e o significado de sua “função social” atribuídos pelo Estado e pelo empresariado. Dessa forma, as concepções de homem e de sociedade legitimadas pela tríade Neotomismo/Pensamento Conservador/ Positivismo eliminavam, no âmbito da formação e do exercício profissional, a compreensão sobre:
- A substância profundamente desigual da sociedade capitalista, considerada como natural, harmônica e capaz de realizar suas necessidades individuais e sociais;
- As condições da exploração capitalista e as relações sociais que sustentam o trabalho alienado, inerentes ao processo de dominação e manutenção da ordem burguesa;
- O caráter contraditório da prática profissional e sua participação no processo de reprodução social dos interesses de classe contrapostos que convivem em tensão;
- A dimensão ético política da prática profissional, em nome de uma neutralidade axiológica, afinada com a necessidade de legitimar a suposta “face humanitária do Estado e do empresariado” (BRITES; SALES, 2001, p. 26).
Fonte: ANDRADE, Maria Angela Rodrigues Alves de. O METODOLOGISMO E O DESENVOLVIMENTISMO NO SERVIÇO SOCIAL BRASILEIRO – 1947 a 1961.Revista Serviço Social & Realidade, Franca, v. 17.