SóProvas


ID
2559382
Banca
CONSULPLAN
Órgão
TRE-RJ
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                              Estado e interesses coletivos


      [...] como é necessário haver uma palavra para designar o grupo especial de funcionários encarregados de representar essa autoridade, conviremos em reservar para esse uso a palavra Estado. Sem dúvida é muito frequente chamar-se de Estado não o órgão governamental, mas a sociedade política em seu conjunto, o povo governado e seu governo juntos, e nós mesmos empregamos a palavra nesse sentido. Assim, fala-se em Estados europeus, diz-se que a França é um Estado. Porém, como é bom que haja termos especiais para realidades tão diferentes quanto a sociedade e um de seus órgãos, chamaremos mais especialmente de Estado os agentes da autoridade soberana, e de sociedade política o grupo complexo de que o Estado é o órgão eminente. [...]

      Eis o que define o Estado. É um grupo de funcionários sui generis, no seio do qual se elaboram representações e volições que envolvem a coletividade, embora não sejam obra da coletividade. Não é correto dizer que o Estado encarna a consciência coletiva, pois esta o transborda por todos os lados. É em grande parte difusa; a cada instante há uma infinidade de sentimentos sociais, de estados sociais de todo o tipo de que o Estado só percebe o eco enfraquecido. Ele só é a sede de uma consciência especial, restrita, porém mais elevada, mais clara, que tem de si mesma um sentimento mais vivo. [...] Podemos então dizer em resumo; o Estado é um órgão especial encarregado de elaborar certas representações que valem para a coletividade. Essas representações distinguem-se das outras representações coletivas por seu maior grau de consciência e de reflexão. [...]

             (DURKHEIM, Émile. Lições de sociologia. São Paulo: Martins Fontes, 2002. p. 67-71.)

Considere o segmento “[...] o Estado só percebe o eco enfraquecido.” (2º§). Pode-se afirmar que a partir do recurso de linguagem utilizado pelo enunciador na escolha da palavra “Estado”, identifica-se

Alternativas
Comentários
  • O uso do termo “Estado” serve para substituir a ideia de “os membros do estado, os agentes públicos, as pessoas que compõem a máquina estatal etc…”. Essa relação de trocar a parte pelo todo, um termo pela ideia de seus componentes, é chamada de “METONÍMIA”. Observe que não são sinônimos, mas um termo evoca e recupera o sentido do outro, por uma relação de extensão e pertinência de sentido.

     

    A banca “tentou” descrever a metonímia na letra D: “a evocação de um termo (no caso Estado) em lugar de uma palavra, com a qual se acha relacionadO, não sendo sinônimos.

     

    Observe que a banca comete um erro de concordância nominal, pois o que pretende dizer é que “o termo está relacionadO com a palavra”, mesmo não sendo sinônimos. Esse erro deixa o item sem sentido, pois passamos a ter duas referências a palavra feminina: “a qual” e “relacionada”. Só temos um vocábulo feminino, a saber: “palavra”.

     

    Na letra A, teríamos uma metáfora, o que não ocorre aqui.

     

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    Na letra B, temos referência ao recurso linguistico da “redundância ou do pleonasmo estilístico”, em que uma repetição enfática é feita para valorizar ou realçar uma ideia. Não é o que ocorre aqui.

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    A letra C é também muito polêmica, pois temos de fato algo que “lembra” uma sinestesia: “percebe o eco enfraquecido”, em que de fato há mistura de percepções sensoriais. Contudo, não podemos dizer que há fusão, pois basicamente só há referência ao sentido da audição “eco”, se houvesse outro sentido claramente mencionado (visão, olfato, tato, paladar), essa alternativa ficaria muito mais perigosa. Outro ponto é que a ideia de percepção não está relacionada ao uso da palavra “Estado”, objeto da questão.

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    Então, entendo que não há resposta correta para essa questão também. Recurso nela!

     

    Como antecipamos, a banca considerou o gabarito como letra D, que descreve a metonímia. Mas há problema na redação do item!

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    FONTE : PREOFESSOR FELIPE LUCCAS 

  •  

     

    Uma dúvida me surgiu: "a evocação de um TERMO no lugar de UMA PALAVRA". Ora, que palavra seria essa?

    O autor utiliza o TERMO "Estado" para designar o "grupo de funcionários sui generis que o compõe". E essa definição de Estado não constitui UMA PALAVRA, mas sim, uma frase. 

    Não entendi. Alguém pode ajudar?

     

     

     

  • Sinceramente, um dos textos mais chatos que já li.

  • A questão cobrou Figuras de Linguagem

    A) Comparação - No segmenteo o Estado não é só os governantes, é a máquina toda.

    B) Pleonasmo - No segmento não tem essa ideia de palavra redundante.

    c) Sinestesia -  Mistura de sensações, também não tem ideia de sensações.

    D) Metonímia - Uso se uma palavra no lugar de outra palavra.

    “[...] o Estado só percebe o eco enfraquecido.”  - O Estado não tem ouvido... O Estado aqui está no lugar das pessoas. Trocou o lugar pelas pessoas.

    Gabarito D

    Fonte: Prof. Flavia Rita

  • Reforçando o que a Katia falou, acho que o enunciado quis dizer "na escolha da referida frase" e não somente na palavra "Estado". Na escolha da palavra "Estado" não há nenhuma figura de linguagem, mas nessa frase, em que se relaciona "Estado" e a afimação de ele "perceber o eco enfraquecido", há sim figura de linguagem.

    "Pode-se afirmar que a partir do recurso de linguagem utilizado pelo enunciador na escolha da palavra “Estado”, identifica-se"

  • "Rapaiz" que provinha "fia duma" em?

  • ´p

  • O que ocorre é METONÍMIA.
    Gab. D

  • Indicar para comentário.  É difícil vermos comentários em quiestões capciosas como essa...

  • Recurso Improcedente. Ratifica-se a opção divulgada no gabarito preliminar. A alternativa “D) a evocação de um termo em lugar de uma palavra, com a qual se acha relacionada não sendo sinônimos. ” apresenta-se correta. Não há incorreção quanto à concordância no enunciado apresentado, vejamos: a evocação de um termo em lugar de uma palavra, com a qual (palavra = feminino) se acha relacionada (tal evocação = feminino) não sendo sinônimos. A letra "c" refere-se à figura de linguagem sinestesia. "Consiste na associação de palavras referentes a dois sentidos distintos: audição e visão, visão e tato, tato e paladar, paladar e olfato, etc." Como o segmento só permite inferir a alusão a um sentido (audição), a alternativa "c" está incorreta. A letra "a" faz menção a uma metáfora. Conforme definição para esta figura de linguagem: "translação de significado motivada pelo emprego em solidariedades, em que os termos implicados pertencem a classes diferentes, mas pela combinação se percebem também como assimilados". Não há uma metáfora entre "Estado" e "governantes".

  • Obrigada, colegas!

    Os cometários ajudam bastante.

    Vamos que vamos!

     

  • Gabarito D.

    Na letra C não houve mistura de sentidos, por isso está errada.

    Uma dica simples para nunca mais confundir ou esquecer a SINESTESIA: 

    PERFUME DOCE. (mistura dois sentidos, neste caso, o olfato e o paladar).

     

    Bons estudos 

  • Essa prova foi terrível!
  • GABARITO D

    Evocação de um termo = resgate voluntário feito pela memória

    Termo = Estado

    A todo momento do texto acontece essa evocação mas nem sempre com equidade de sentidos.