SóProvas


ID
2559388
Banca
CONSULPLAN
Órgão
TRE-RJ
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                              Estado e interesses coletivos


      [...] como é necessário haver uma palavra para designar o grupo especial de funcionários encarregados de representar essa autoridade, conviremos em reservar para esse uso a palavra Estado. Sem dúvida é muito frequente chamar-se de Estado não o órgão governamental, mas a sociedade política em seu conjunto, o povo governado e seu governo juntos, e nós mesmos empregamos a palavra nesse sentido. Assim, fala-se em Estados europeus, diz-se que a França é um Estado. Porém, como é bom que haja termos especiais para realidades tão diferentes quanto a sociedade e um de seus órgãos, chamaremos mais especialmente de Estado os agentes da autoridade soberana, e de sociedade política o grupo complexo de que o Estado é o órgão eminente. [...]

      Eis o que define o Estado. É um grupo de funcionários sui generis, no seio do qual se elaboram representações e volições que envolvem a coletividade, embora não sejam obra da coletividade. Não é correto dizer que o Estado encarna a consciência coletiva, pois esta o transborda por todos os lados. É em grande parte difusa; a cada instante há uma infinidade de sentimentos sociais, de estados sociais de todo o tipo de que o Estado só percebe o eco enfraquecido. Ele só é a sede de uma consciência especial, restrita, porém mais elevada, mais clara, que tem de si mesma um sentimento mais vivo. [...] Podemos então dizer em resumo; o Estado é um órgão especial encarregado de elaborar certas representações que valem para a coletividade. Essas representações distinguem-se das outras representações coletivas por seu maior grau de consciência e de reflexão. [...]

             (DURKHEIM, Émile. Lições de sociologia. São Paulo: Martins Fontes, 2002. p. 67-71.)

Assim, fala-se em Estados europeus, diz-se que a França é um Estado. Porém, como é bom que haja termos especiais para realidades tão diferentes quanto a sociedade e um de seus órgãos, chamaremos mais especialmente de Estado os agentes da autoridade soberana, e de sociedade política o grupo complexo de que o Estado é o órgão eminente.[...]” (1º§) Considerando o trecho destacado anteriormente, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.


( ) O segmento “haja termos especiais” exemplifica a impessoalidade da oração devido à forma verbal utilizada.

( ) A impessoalidade das formas verbais “fala-se” e “diz-se” caracteriza as orações, das quais fazem parte, como orações desprovidas de sujeito.

( ) Apesar de não apresentar pistas desinenciais para indicação do sujeito, a forma verbal “chamaremos” permite que o sujeito seja recuperado no contexto.

( ) É possível verificar que a omissão da identidade do sujeito em “fala-se em Estados europeus, diz-se que a França” tem como razão discursiva o gênero de texto apresentado e sua estrutura.


A sequência está correta em

Alternativas
Comentários
  • (V) Haja termos traz o “haver existencial”, por isso fica no singular, pois é impessoal.

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    (F) “Diz-se” tem sujeito sim.

     

    Diz-se [que a França é um Estado]

     

    Diz-se [ISTO]

     

    [ISTO] Diz-se

     

    [ISTO] é dito

     

    Temos sujeito paciente, em forma de oração.

     

    A estrutura “fala-se em” de fato traz VTI+SE, então temos sintaxe de sujeito indeterminado.

    ----------------------------------------------------------------

     

    (F) “chamaremos” traz sim pista desinencial, pois a terminação “mos” nos indica o sujeito “nós”.

     

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    (V) De fato, a estrutura “fala-se em” de fato traz VTI+SE. Não sabemos “quem fala”; então temos sintaxe de sujeito indeterminado.

     

    Nesse último item, a banca também deu uma “vacilada”, pois o melhor seria dizer que a intenção era omitir o “agente”, não o sujeito. Já que temos sujeito oracional em “diz-se que a França…”, oração também incluída nesse item. Provavelmente a banca quis perguntar apenas pelo “Fala-se em…”.

     

    Gabarito letra A.

     

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    FONTE : PROFESSOR FELIPE LUCCAS

  • Jaqueline, fala-se em é transitivo indireto. 

  • Lembrando que "em" é uma preposição, então o verbo não seria VTD.

    Gab.A

  • Nossa, que questão sem pé nem cabeça.

     

    Se o "diz-se" possui sim sujeito "que a França é um Estado", como pode o quarto item ser verdadeiro se fala sobre "omissão da identidade do sujeito"?? Nao existe omissão nenhuma do sujeito de "diz-se".

     

    .

     

  • ( ) É possível verificar que a omissão da identidade do sujeito em “fala-se em Estados europeus, diz-se que a França” tem como razão discursiva o gênero de texto apresentado e sua estrutura.

    Como pode ter razão discursiva o gênero se antes ele usou terceira pessoa?

  • Amanda Bernardes, também concordo, eu errei justamente o segundo ítem por achar que existiu a omissão do sujeito no texto. 

     

  • Gabarito letra A.

     

    (V) O termo "haja" foi usado com o sentido de "existam" e sempre que o verbo haver for usado com o sentido de existir ele será impessoal.

    (F) O verbo ativo na 3ª pessoa do singular + a partícula de indeterminação do sujeito "se" indicam que a oração possui sim um sujeito, porém, indeterminado.

    (F) A forma verbal "chamaremos" apresenta sim pistas desinenciais, pois o verbo está conjulgado na 1ª pessoa do plural, indicando que o sujeito oculto é o "nós".

    (V) Os trabalhos acadêmicos e científicos devem avaliar e descrever os fatos e fenômenos pela sua importância à humanidade e não às pessoas que os publicam. Por isso, nesse gênero textual, deve-se usar a terceira pessoa do singular, com o uso da partícula "se".

     

     

  • Esta última afirmativa não estaria errada ?

    É possível verificar que a omissão da identidade do sujeito em “fala-se em Estados europeus, diz-se que a França” tem como razão discursiva o gênero de texto apresentado e sua estrutura.

    Visto que "fala-se" é VTI , porém "diz-se" é VTD , quem fala , fala algo , portando "que a França " seria o sujeito paciente , logo nesta segunda oração não teria omissão de sujeito ! 

    Fiquei muito na dúvida , mas consegui acertar a questão pelas outras alternativas .

  • Bruno, acho que em nenhum momento na última ele afirma que as duas orações não tem sujeito, talvez seja por isso que a segunda esteja errada e a última certa

  • Recurso Improcedente. Ratifica-se a opção divulgada no gabarito preliminar. A segunda afirmativa “A impessoalidade das formas verbais “fala-se” e “diz-se” caracteriza as orações, das quais fazem parte, como orações desprovidas de sujeito. ” é falsa, conforme gabarito divulgado que aponta a alternativa correta sendo A) V, F, F, V. Sendo falsa a afirmativa, já que há sujeito sim, conforme confirma o recorrente. Em “[...] fala-se em Estados europeus[...]” o verbo não se refere a uma pessoa determinada, ou por se desconhecer quem executa a ação, ou por não haver interesse no seu conhecimento. Dizemos então, que o sujeito é indeterminado. Nestes casos em que o sujeito não vem expresso na oração nem pode ser identificado, põe-se o verbo ou na 3ª pessoa do plural ou na 3ª pessoa do singular, com o pronome “se”. Já em “diz-se que a França é um Estado. ”, temos um sujeito oracional = isto é dito. Portanto, a afirmativa está errada quanto ao que se afirma em relação à oração constituída com a forma verbal “diz-se”. A última afirmativa “É possível verificar que a omissão da identidade do sujeito em “fala-se em Estados europeus, diz-se que a França” tem como razão discursiva o gênero de texto apresentado e sua estrutura. ” está correta, pois, há uma ocorrência de omissão da identidade do sujeito no trecho destacado, o que basta para comprovar a afirmativa em análise.

    [grifo meu]

  • ( ) O segmento “haja termos especiais” exemplifica a impessoalidade da oração devido à forma verbal utilizada.

    Caso impessoalidade se refira a não se referir a uma pessoa... esta certo (eu acho)

    ( ) A impessoalidade das formas verbais “fala-se” e “diz-se” caracteriza as orações, das quais fazem parte, como orações desprovidas de sujeito.

    Terceira pessoa do singular + particula se é igual a sujeito indeterminado, não oração sem sujeito, errada.

    ( ) Apesar de não apresentar pistas desinenciais para indicação do sujeito, a forma verbal “chamaremos” permite que o sujeito seja recuperado no contexto.

    Apresenta pistas sim; "chamaremos" é primeira pessoa do plural, logo, sujeito oculto "nós".
    Sujeito oculto em terceira pessoa do plural "eles" = sujeito indeterminado
    Sujeito oculto em terceira pessoa do singular "ele" + particula "se" = sujeito indeterminado
    Sujeito oculto em "eu", "tu", "ele", "nós", vós" = sujeito oculto mesmo

    ( ) É possível verificar que a omissão da identidade do sujeito em “fala-se em Estados europeus, diz-se que a França” tem como razão discursiva o gênero de texto apresentado e sua estrutura.

    Nem sei... mas vendo as opções, essa fica como verdadeira