SóProvas


ID
2559394
Banca
CONSULPLAN
Órgão
TRE-RJ
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                 Estado e interesses coletivos

[...] como é necessário haver uma palavra para designar o grupo especial de funcionários encarregados de representar essa autoridade, conviremos em reservar para esse uso a palavra Estado. Sem dúvida é muito frequente chamar-se de Estado não o órgão governamental, mas a sociedade política em seu conjunto, o povo governado e seu governo juntos, e nós mesmos empregamos a palavra nesse sentido. Assim, fala-se em Estados europeus, diz-se que a França é um Estado. Porém, como é bom que haja termos especiais para realidades tão diferentes quanto a sociedade e um de seus órgãos, chamaremos mais especialmente de Estado os agentes da autoridade soberana, e de sociedade política o grupo complexo de que o Estado é o órgão eminente. [...] 

Eis o que define o Estado. É um grupo de funcionários sui generis, no seio do qual se elaboram representações e volições que envolvem a coletividade, embora não sejam obra da coletividade. Não é correto dizer que o Estado encarna a consciência coletiva, pois esta o transborda por todos os lados. É em grande parte difusa; a cada instante há uma infinidade de sentimentos sociais, de estados sociais de todo o tipo de que o Estado só percebe o eco enfraquecido. Ele só é a sede de uma consciência especial, restrita, porém mais elevada, mais clara, que tem de si mesma um sentimento mais vivo. [...] Podemos então dizer em resumo; o Estado é um órgão especial encarregado de elaborar certas representações que valem para a coletividade. Essas representações distinguem-se das outras representações coletivas por seu maior grau de consciência e de reflexão. [...]

(DURKHEIM, Émile. Lições de sociologia. São Paulo: Martins Fontes, 2002. p. 67-71.)



 Estado e liberdade


      Depois que nos livrarmos do preconceito de que tudo o que faz o Estado e a sua burocracia é errado, malfeito e contrário à liberdade, e de que tudo o que é feito pelos indivíduos particulares é eficiente e sinônimo de liberdade – poderemos enfrentar adequadamente o verdadeiro problema. Reduzido a uma só frase, o problema consiste em que, em nosso mundo moderno, tudo é político, o Estado está em toda parte e a responsabilidade política acha-se entrelaçada em toda a estrutura da sociedade. A liberdade consiste não em negar essa interpenetração, mas em definir seus usos legítimos em todas as esferas, demarcando limites e decidindo qual deve ser o caminho da penetração, e, em última análise, em salvaguardar a responsabilidade pública e a participação de todos no controle das decisões.

(MANNHEIM, Karl. Liberdade, poder e planificação democrática. São Paulo: Mestre Jou, 1972. p. 66.)

Acerca das relações estabelecidas entre termos regentes e termos regidos, assinale a afirmativa cuja expressão indica correção.

Alternativas
Comentários
  •  D  : “Contrário à liberdade” marca uma fusão de sons iguais, representada na escrita pelo acento grave. Temos contração de “contrario A+A liberdade”. Por isso, apenas um “A” é pronunciado. O mesmo ocorre em “contrA+Ataque”, em que os dois “A” são fundidos, virando um som único. Contudo, pela evolução da língua no tempo (aspecto diacrônico), apenas o primeiro caso se consolidou com acento grave.

     

    Há outros casos de crase, como “ele e eu”, em que os dois primeiros “e” se fundem, também não há crase.

     

    A) Não há crase antes de “todas”, pois não é possível inserir artigo.

     

    B) A crase antes de “uma” é proibida.

     

     

    C) Não há dois “A” para haver a fusão, mas esse foi o gabarito da banca. Se a finalidade da crase fosse evitar ambiguidade entre “reduzir a frase=deixar a crase menor”, o motivo seria muito mais “semântico” do que “sintático” como diz a questão.  Contudo, não vejo como poderia haver crase nesse caso. 

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    FONTE : PROFESSOR FELIPE LUCCAS

     

  • Dependendo da semântica: 

     

    Reduzindo (no sentindo de diminuir somente). VTD > ex: Ele estava reduzindo a marcha.  / As placas reduziram os ruídos.

     

    Reduzindo (no sentimento alterar/modificar). VTI/VTDI  - rege preposição "a"  > ex: Ele incinerou o cadáver, reduzindo-o ao pó / O ano mal acabara, e eu já reduzia minha expectativa a frustração. 

     

     

    fonte: https://www.dicio.com.br/reduzir/

  • Complementando o que o César Concurseiro falou, acredito que 

     

    D) No trecho “malfeito e contrário à liberdade”, o sinal indicativo de crase no “a” apresenta-se como fenômeno diacrônico consolidado, como pode ser visto em “contra-ataque” em que se verifica contração de duas letras vogais em contato.

     

    O avaliador disse que são fenômenos diacrônicos o sinal de crase e a pronúncia de somente um "a" em "contra-ataque". Entretanto, eu acredito que somente se pode considerar fenômeno diacrônico o caso de "contra-ataque". Porque pode se dizer que mais recentemente na língua portuguesa se pronuncia "contrataque" e não "contra-ataque". Já o sinal indicativo de crase é utilizado há muito tempo no caso de fusão da preposição com o artigo (tudo na língua se modifica, o sinal indicativo de crase surgiu em algum momento da história, mas comparando-se com o caso do "contra-ataque", acho que não cabe considerá-lo fenômeno diacrônico semelhante ou idêntico).

     

    C) Desconsiderando alterações semânticas, a substituição de “Reduzido a uma só frase” por “Reduzindo à frase” exemplifica o fenômeno da crase por motivo sintático.

     

    Não há, realmente, uma razão para haver um artigo antes de "frase" para que haja fusão dele com a preposição e formação de crase, mas, diante das demais opções, marquei essa, porque em outra frase que não essa poderá haver esse artigo e, consequentemente, crase.

     

    EXTRA:

    (http://www.lpeu.com.br/q/929da)

    Pergunta:
    O que significa sincronia e diacronia?

    Resposta:
    A partir de Saussure, linguista genebriano, muito se falou em sincronia e diacronia. Sincrônico significa ao mesmo tempo. Diacrônico são ocorrências que acontecem através do tempo. Passando isso para o estudo da língua, sincronia é estudar os fenômenos da língua através de um recorte, ou seja, numa determinada fase/época e diacronia é o estudo da língua que engloba as as mudanças ocorridas através do tempo.

  • Gabarito letra "c": Há crase decorrente da união da preposição "a" exigida pelo verbo reduzir e pelo artigo definido "a" antes da palavra "frase".

  • falou que essa banca vai fazer o concurso, nem perco meu tempo, tô fora.

  • Para estudos.

     

    Diacronia

    Um estudo diacrônico da língua incide nas mudanças que a língua apresenta ao longo do tempo. Assim:

    apresenta a evolução que as palavras sofrem através do tempo, analisando as transformações ocorridas até à palavra atual;

    apresenta caraterísticas dinâmicas e históricas, remontando à origem das palavras;

    ao incidir sobre o processo evolutivo da língua, caracteriza-se como o estudo da sucessão de diversas diacronias, possibilitando

    comparações.

     

    Diaboplan ferrou-me nessa, só nessa. 

  • ERROS:

     

    A) INCORRERIA EM ERRO, POIS NÃO HÁ CRASE ANTES DA PALAVRA ''TODAS'' NO PLURAL

     

    B) INCORRERIA EM ERRO, POIS NÃO HÁ CRASE ANTES DE IDEIA INDEFINIDA (UMA)

     

    D) EM CONTRA-ATAQUE, NÃO HÁ A CONTRAÇÃO DAS DUAS VOGAIS ''A''. AO CONTRÁRIO, ELAS ESTÃO SEPARADAS.

     

     

    GAB C

  • Marylia Santana,

    Observe que na C foi pedido que se desconsiderasse ALTERAÇÕES DE SENTIDO, mas não falou de alterações SINTÁTICAS, logo precisamos manter a transitividade do verbo que nos foi apresentado. Por isso entendo que o artigo "A" antes de FRASE seria mantido, uma vez que o verbo REDUZIR está funcionando como VTI (quem reduz, reduz alguém a algo ou alguma coisa a outra). Sendo assim O VERBO CONTINUA PEDINDO A PREPOSIÇÃO "A" E A PALAVRA FRASE É FEMININA, logo É PRECEDIDA DO ARTIGO "A", assim teremos a CRASE: JUNÇÃO DO "A" PREPOSIÇÃO + "A" ARTIGO".

     

  • "Desconsiderando alterações semânticas, a substituição de “Reduzido a uma só frase” por “Reduzindo à frase” exemplifica o fenômeno da crase por motivo sintático."

    A crase NUNCA é uma "escolha semântica", a crase é um elemento sintático

    -> Reduzido a uma só frase (Objeto Indireto) 

    -> Reduzindo a frase (Objeto Direto) 

    -> Reduzindo à frase (Objeto Indireto) 

    A retirada da crase acarreta mudança SINTÁTICA na oração. 

    GAB: C

  • A - ''Todas" não leva artigo, portanto, não leva crase

     

    B - "Uma" pronome indefinido, não leva artigo, portanto a crase é proibida, não facultativa

  • A banca como sempre nojenta com essas indagações sem eira nem beira, mas acertei assim mesmo!