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ID
2561839
Banca
FCC
Órgão
TST
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Hannah Arendt, preocupada com a situação da arte numa sociedade dominada pela cultura de massas, explica que, embora cultura e arte estejam inter-relacionadas, são coisas diversas. A palavra “cultura”, desde sua origem romana, implica criação e preservação da natureza e das obras humanas. As obras de arte são, para ela, a expressão mais alta da cultura, “aqueles objetos que toda a civilização deixa atrás de si como quintessência e o testemunho duradouro do espírito que a animou”. A cultura implica “uma atitude de carinhoso cuidado”,

                         e uma sociedade de consumo não pode absolutamente saber como cuidar de um mundo e das coisas que pertencem de modo exclusivo ao espaço das aparências mundanas, visto que sua atitude central ante todos os objetos, a atitude de consumo, condena à ruína tudo o que toca.

      Diz a pensadora, referindo-se à sociedade de massas do século XX: “A sociedade de massas [...] não precisa de cultura, mas de diversão, e os produtos oferecidos pela indústria de diversões são com efeito consumidos pela sociedade exatamente como quaisquer outros bens de consumo”. Os produtos dessa indústria de diversões são perecíveis, portanto precisam ser renovados.

                        Nessa situação premente, os que produzem para os meios de comunicação de  massa esgaravatam toda agama da cultura passada e presente na ânsia de encontrar material aproveitável. Esse material, além do mais, não pode ser oferecido tal qual é; [...] deve ser preparado para consumo fácil.

      Essas considerações de Arendt têm-se mostrado absolutamente justas, com o passar das décadas e os avanços das tecnologias de comunicação. A literatura, como forma de arte, tem sofrido os efeitos da nova situação. O sonho dos escritores modernistas era que a massa comesse o “biscoito fino” por eles fabricado. Infelizmente, a massa tem preferido os cookies industrializados.

      Para que a literatura chegue ao grande público, promovem-se eventos literários (salões do livro, festas de premiação), nos quais autores e obras são apresentados como espetáculo. Os objetos desses eventos são, sem dúvida, legítimos e justificados. Entretanto, o público numeroso que frequenta esses eventos parece incluir menos leitores de livros do que meros espectadores e caçadores de autógrafos.

      Os escritores de hoje têm uma visibilidade pessoal maior do que em épocas anteriores porque são incluídos na categoria de “celebridades”, e os mais “midiáticos” têm mais chance de vender livros, independentemente do valor de suas obras. Ao mesmo tempo, nos debates teóricos, assistimos à defesa da “literatura de entretenimento”, contra as exigências daqueles que ainda têm uma concepção mais alta da literatura. Estes são chamados de conservadores e elitistas. Ora, a conservação é uma atitude inerente aos conceitos de cultura, arte e de educação. Conservação não como imobilismo e fechamento ao novo, mas como conhecimento da tradição sem a qual não se pode avançar.

      Obs.: Hannah Arendt (1906-1975), filósofa alemã, é uma das raras vozes femininas de destaque na filosofia do século XX.

(Adaptado de: PERRONE-MOISÉS, Leyla. A literatura na cultura contemporânea. Mutações da literatura no século XXI, São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 31 a 33) 

Levando em conta o último parágrafo, respeitado seu contexto, é legítimo afirmar:

Alternativas
Comentários
  • Respondendo às questões de interpretação da fcc e olhando as estatísticas, fico pensando no tanto que essas respostas são subjetivas. :/

  • já viu a prova do capeta? como assim? aquela que foi bem elaborada?

    - SIM! 

    - EU LHE APRESENTO Prova: Analista Judiciário – Taquigrafia - TST DA BANCA QUE QUER SE DESTACAR NO MERCADO: FCC

  • Que diabo é isso moço !! FCC tá com o capeta por dentro , só pode !!

    Marquei a letra D e acho importante salientar sobre essa palavra :  ORA. 

     

     

    Significado de Ora :

     

    1- Neste exato momento; agora  ...  Ex :  o projeto, ora avaliado, foi aprovado.

     

    2-Indica espanto, dúvida, desinteresse.

     

    3- Tem valor conclusivo; pois. >  Ex  : ora, o projeto foi um desastre. ( NA LETRA D O ORA POSSUI ESSE VALOR E NÃO DE CONSEQUÊNCIA

    Ora( PORTANTO ) , a conservação é uma atitude inerente aos conceitos de cultura, arte e de educação.

     

    4- Expressa alternância. Ex:  ora chora, ora ri.

     

    5- Palavra ou partícula de relação que habitualmente introduz a segunda premissa de um silogismo dedutivo: todo homem é mortal; ora, Pedro é homem; logo, Pedro é mortal.

     

    6-Em certas situações, tem valor puramente expletivo: ora, não faça cerimônia!

     

    7-Expressa um misto de surpresa, decepção e descaso: ora bolas! pensei que fosse coisa de importância !

     

     

     

    https://www.dicio.com.br/ora/

  • marquei a c.

    nao vou nem perder o meu tempo tentando entender essa prova mais dificil do mundo

  • Galera, Juro que essa foi a prova da FCC mais dificil que ja vi.

    Putz, viajaram legal e fizeram a gente ir com eles...

     

  • GABARITO LETRA A

     

    Na minha humilde opinião acho que a acertiva A extrapolou o texto. 

  • A letra A está correta mesmo. O "X" da questão está na palavra AINDA  (o autor usou o ainda como um modalizador que dá ideia de  que restam poucos que têm uma concepção mais alta da literatura...assim como restam poucos,considera-se possível que uma concepção mais alta da literatura chegue a desaparecer ).

    "Em assistimos à defesa da “literatura de entretenimento”, contra as exigências daqueles que ainda têm uma concepção mais alta da literatura, está subentendida a seguinte ideia: considera-se possível que uma concepção mais alta da literatura chegue a desaparecer".

     

  • Eu não entendi nada

  • Gente, a questão é só sobre a palavra "ainda". Ela carrega um pressuposto.

    Por exemplo, se você diz: "eu ainda te amo", você está dizendo que ama, mas o "ainda" passa a ideia de que é possível que deixe de amar. Entendem?

    Assim, "eu ainda como carne vermelha" é diferente de "eu como carne vermelha". Na primeira oração, está implícita a ideia de que o enunciador pode parar de comer carne vermelha um dia (ou ao menos tem essa intenção ao enunciar).