SóProvas


ID
2561848
Banca
FCC
Órgão
TST
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Hannah Arendt, preocupada com a situação da arte numa sociedade dominada pela cultura de massas, explica que, embora cultura e arte estejam inter-relacionadas, são coisas diversas. A palavra “cultura”, desde sua origem romana, implica criação e preservação da natureza e das obras humanas. As obras de arte são, para ela, a expressão mais alta da cultura, “aqueles objetos que toda a civilização deixa atrás de si como quintessência e o testemunho duradouro do espírito que a animou”. A cultura implica “uma atitude de carinhoso cuidado”,

                         e uma sociedade de consumo não pode absolutamente saber como cuidar de um mundo e das coisas que pertencem de modo exclusivo ao espaço das aparências mundanas, visto que sua atitude central ante todos os objetos, a atitude de consumo, condena à ruína tudo o que toca.

      Diz a pensadora, referindo-se à sociedade de massas do século XX: “A sociedade de massas [...] não precisa de cultura, mas de diversão, e os produtos oferecidos pela indústria de diversões são com efeito consumidos pela sociedade exatamente como quaisquer outros bens de consumo”. Os produtos dessa indústria de diversões são perecíveis, portanto precisam ser renovados.

                        Nessa situação premente, os que produzem para os meios de comunicação de  massa esgaravatam toda agama da cultura passada e presente na ânsia de encontrar material aproveitável. Esse material, além do mais, não pode ser oferecido tal qual é; [...] deve ser preparado para consumo fácil.

      Essas considerações de Arendt têm-se mostrado absolutamente justas, com o passar das décadas e os avanços das tecnologias de comunicação. A literatura, como forma de arte, tem sofrido os efeitos da nova situação. O sonho dos escritores modernistas era que a massa comesse o “biscoito fino” por eles fabricado. Infelizmente, a massa tem preferido os cookies industrializados.

      Para que a literatura chegue ao grande público, promovem-se eventos literários (salões do livro, festas de premiação), nos quais autores e obras são apresentados como espetáculo. Os objetos desses eventos são, sem dúvida, legítimos e justificados. Entretanto, o público numeroso que frequenta esses eventos parece incluir menos leitores de livros do que meros espectadores e caçadores de autógrafos.

      Os escritores de hoje têm uma visibilidade pessoal maior do que em épocas anteriores porque são incluídos na categoria de “celebridades”, e os mais “midiáticos” têm mais chance de vender livros, independentemente do valor de suas obras. Ao mesmo tempo, nos debates teóricos, assistimos à defesa da “literatura de entretenimento”, contra as exigências daqueles que ainda têm uma concepção mais alta da literatura. Estes são chamados de conservadores e elitistas. Ora, a conservação é uma atitude inerente aos conceitos de cultura, arte e de educação. Conservação não como imobilismo e fechamento ao novo, mas como conhecimento da tradição sem a qual não se pode avançar.

      Obs.: Hannah Arendt (1906-1975), filósofa alemã, é uma das raras vozes femininas de destaque na filosofia do século XX.

(Adaptado de: PERRONE-MOISÉS, Leyla. A literatura na cultura contemporânea. Mutações da literatura no século XXI, São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 31 a 33) 

Consideradas as ideias desenvolvidas no texto, a frase que, se apresentada como argumento em defesa da concepção mais alta da literatura, seria contraditória é:

Alternativas
Comentários
  • Rafa, repetir esse seu comentário inútil em todas as questões não ajuda em nada, quer chamar atenção? procure outro meio de comunicação, tipo face ou youtube. mas aqui é pra quem quer estudar meu caro!!!

     

    Pessoal, não consegui entender a questão, se alguém puder ajudar eu agradeço! e desculpem o desabafo, mas o cara copia e cola a mesma porcaria em todas as questões. garanto que quando ele está com duvidas gosta de abrir os comentários e tirá-las, mas ajudar que é bom... nada!!!

  • VERDADE. UAHSUASHU

     

    BIXO ESSA PROVA DE TAQUIGRAFIA TAVA DIFICIL MESMO

     

    ACABEI ACERTANDO ESSA QUESTÃO, POIS O COMANDO DA QUESTAO TA PEDINDO UMA CONTRADIÇÃO E TAL.

  • CONTINUANDO.

     

    A única alternativa que mostra uma contradição, se analisado o que o enunciado ta pedindo, é a A

    Mudanças na cultura podem propiciar que um gênero considerado não literário numa época passe a ser considerado literário em outra. 

  • Bom, vamos lá, minha interpretação da questão (que está sujeita a falhas, mas me permitiu acertar essa pergunta):


    Consideradas as ideias desenvolvidas no texto, a frase que, se apresentada como argumento em defesa da concepção mais alta da literatura, seria contraditória é:

     

    Em apertada síntese, o texto crítica a cultura produzida na sociedade de massas, pois visa à diversão e ao entretenimento, em vez de provocar reflexões ou deixar uma marca da geração atual. A concepção mais alta da literatura seria, portanto, algo que viesse a acrescentar no intelecto humano algo de nobre, produtivo, que nos permitisse evoluir/transcender como ser humano em seus mais variados aspectos.



    Pois bem, analisando as alternativas:

     

     a) Mudanças na cultura podem propiciar que um gênero considerado não literário numa época passe a ser considerado literário em outra.  GABARITO DA QUESTÃO. Esse argumento deve ser utilizado na linha de defesa da "literatura de entretenimento" como arte, como incluso no gênero literário. É o tipo de argumento utilizado por quem produz, com a devida vênia, lixos musicais e literários e diz: "É arte, porque eu digo que é".

     

     b) A indústria cultural domina, atualmente, meios de difusão muito mais numerosos e poderosos do que no século passado, e é transnacional, tendendo à homogeneização dos produtos e do público. ERRADO. Esse argumento defende a tese central do texto: que a sociedade de massa produz para difundir diversão, e não cultura, até para que consiga atingir seus interesses.

     

     c) O chamado “elitismo" nomeia uma seleção que visa a preservar o melhor do que já foi feito até a contemporaneidade. ERRADO. "Ao mesmo tempo, nos debates teóricos, assistimos à defesa da “literatura de entretenimento”, contra as exigências daqueles que ainda têm uma concepção mais alta da literatura. Estes são chamados de conservadores e elitistas. Ora, a conservação é uma atitude inerente aos conceitos de cultura, arte e de educação. Conservação não como imobilismo e fechamento ao novo, mas como conhecimento da tradição sem a qual não se pode avançar". Elitistas, CONSIDERADAS AS IDEIAS DESENVOLVIDAS NO TEXTO, são aqueles que exigem uma literatura de qualidade, que verificam a necessidade de se utilizar o termo "literatura" para aquilo que seja útil para o desenvolvimento de uma sociedade. 

     

    e) A palavra “elitista” é um bastão com que são golpeados aqueles que não se preocupam em acompanhar os avanços da tecnologia da comunicação.  ERRADO. Em diversos momentos o texto defende que escritores conservadores e elitistas não se preocupam em ser celebridades, em agradar a mídia, mas sim "em produzir um biscoito fino, e não um cookie industrializado". Sendo possível defender a ideia do texto valendo-se deste argumento.

  • Continuando, por falta de espaço no comentário anterior.

     

     d) Teóricos recentes defendem a ideia de que as obras literárias são feitas a partir de outras obras, são tornadas possíveis pelas obras anteriores que elas retomam, repetem, contestam, transformam. ERRADO. Separei essa porque acredito que, sinceramente, é que a gere mais dúvidas. "Obras feitas de outras obras" pode levar a errônea interpretação de que é possível defender uma concepção alta de literatura simplesmente reescrevendo algo. No entanto, a continuação da resposta permite inferir que se uma obra é feita retomando uma obra anterior de qualidade, que ofereça algo de produtivo, ainda que se conteste o que lá foi exposto, é possível verificar que a obra nova tem qualidade diversa do tipo de literatura que o texto critica, sendo, portanto, possível defender a concepção mais alta de literatura com este tipo de argumento.

    Enfim, os comentários aqui expostos foram meras interpretações que cheguei e possibilitaram a solução da questão. Creio que é possível a existência de falhas (sintam-se à vontade para apontá-las), mas com essas ideias foi possível resolver a questão.

  • que questão ruim.

    A E não faz o menor sentido. Marquei essa porque a A não contradiz o pensamento dito conservador. Muito pelo contrário. Representa a ideia de que a cultura, como é produzida hoje, favorece súbidas mudanças de orientação no padrão literário e cultural de forma geral, sendo facilmente manipulada pela mídia. A conservação não nega isso, apenas vai na contramão dessa tendência, ao preservar o melhor da tradição.

  • Alguém ao menos entendeu o enunciado?

  • Marquei a letra A pois foi a que achei contraditória com a ideia de "alta literatura". As outras alternativas ou estavam de acordo (sem contradição) ou houve fuga ao tema.

  • se apresentada como argumento em defesa da concepção mais alta da literatura, Consideradas as ideias desenvolvidas no texto, a frase que seria contraditória é: 

    a) O primeiro argumento como negação (não literário) foi quem seu o tom de contrariedade.