SóProvas


ID
2564536
Banca
IESES
Órgão
IGP-SC
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Atenção: Nesta prova, considera-se uso correto da Língua Portuguesa o que está de acordo com a norma padrão escrita.

Leia o texto a seguir para responder a questão sobre seu conteúdo.


                                             DIÁLOGO DE SURDOS


                                                                   Por: Sírio Possenti. Publicado em 09 mai 2016. Adaptado de:

                                                    http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/4821/n/dialogo_de_surdos

                                                                                                                              Acesso em 30 out 2017. 


      A expressão corrente trata de situações em que dois lados (ou mais) falam e ninguém se entende. Na verdade, esta é uma visão um pouco simplificada das coisas. De fato, quando dois lados polemizam, dificilmente olham para as mesmas coisas (ou para as mesmas palavras). Cada lado interpreta o outro de uma forma que este acha estranha e vice-versa.

      Dominique Maingueneau (em Gênese dos discursos, São Paulo, Parábola) deu tratamento teórico à questão (um tratamento empírico pode ser encontrado em muitos espaços, quase diariamente). [...]

      Suponhamos dois discursos, A e B. Se polemizam, B nunca diz que A diz A, mas que diz “nãoB”. E vice-versa. O interessante é que nunca se encontra “nãoB” no discurso de A, sempre se encontra A; mas B não “pode” ver isso, porque trairia sua identidade doutrinária, ideológica.

      Um bom exemplo é o que acontece frequentemente no debate sobre variedades do português. Se um linguista diz que não há “erro” em uma fala popular, como em “as elite” (que a elite escreve burramente “a zelite”, quando deveria escrever “as elite”), seus opositores não dirão que os linguistas descrevem o fato como uma variante, mostrando que segue uma regra, mas que “aceitam tudo”, que “aceitam o erro”. O simulacro consiste no fato de que as palavras dos oponentes não são as dos linguistas (não cabe discutir quem tem razão, mas verificar que os dois não se entendem). 

      Uma variante da incompreensão é que cada lado fala de coisas diferentes.

      Atualmente, há uma polêmica sobre se há golpe ou não há golpe. Simplificando um pouco, os que dizem que há golpe se apegam ao fato de que os dois crimes atribuídos à presidenta não seriam crimes. Os que acham que não há golpe dizem que o processo está seguindo as regras definidas pelo Supremo.

      Um bom sintoma é a pergunta recorrente feita aos ministros do Supremo pelos repórteres: a pergunta não é “a pedalada é um crime?” (uma questão mérito), mas “impeachment é golpe?”. Esta pergunta permite que o ministro responda que não, pois o impedimento está previsto na Constituição.

      Juca Kfouri fez uma boa comparação com futebol: a expulsão de um jogador, ou o pênalti, está prevista(o), o que não significa que qualquer expulsão é justa ou que toda falta é pênalti...

      A teoria de Maingueneau joga água na fervura dos que acreditam que a humanidade pode se entender (o que faltaria é adotar uma língua comum, quem sabe o esperanto). Ledo engano: as pessoas não se entendem é falando a mesma língua.

      Até hoje, ninguém venceu uma disputa intelectual (ideológica) no debate. Quando venceu, foi com o exército, com a maioria dos eleitores ou dos... deputados.

                                                                                                                                            Sírio Possenti

                                                           Departamento de Linguística Universidade Estadual de Campinas 

Em se tratando de classes de palavras, vamos pôr atenção aos verbos constantes no quarto parágrafo do texto. Nas alternativas que seguem, foram feitas análises sobre os tempos e modos aí empregados. Assinale a única alternativa em que a análise está correta.

Alternativas
Comentários
  • MODOS VERBAIS

     

    MODO INDICATIVO: certeza, afirmação, convicção, constatação. Ex: A prova está muito difícil!

     

    MODO SUBJUNTIVO: dúvida, suposição, incerteza, possibilidade, hipótese. Ex: Espero que a prova esteja fácil.

     

    MODO IMPERATIVO: sugestão, ordem, pedido, advertência, súplica (dependerá do tom". Ex: Faça a prova!

     

    TEMPOS VERBAIS

     

    PASSADO (PRETÉRITO), PRESENTE E FUTURO.

     

    FUTURO DO PRETÉRITO (FUTURO DO PASSADO)

     

    Indica um fato posterior (normalmente hipotético) a um fato no passado.

     

    Você prometeu que passaria de ano. >>> Você prometeu (fato passado) que passaria de ano (fato futuro no passado).

     

    Análise da questão:

     

    que a elite escreve burramente “a zelite”, quando deveria escrever “as elite”.

     

    Trata-se de uma locução verbal (deveria escrever). A palavra "escreve" está conjugada no presente do indicativo, porém tal conjugação pode representar fatos passados que perduram até o presente momento, ou seja, a elite já escrevia burramente, porém deveria escrever de outra maneira.

     

     

  • Vamos ao que segue...

     

    A - O verbo “deveria” está conjugado no futuro do pretérito do modo indicativo.  CERTO.

    Futuro do pretérito indoca condição de algo acontecer anteriormente a algo no passado. É uma hipótese que jamais vai acontecer...

     

    Futuro do Pretérito

    eu deveria

    tu deverias

    ele deveria

    nós deveríamos

    vós deveríeis

    eles deveriam

     

    B - O verbo “dirão” está conjugado no futuro do presente do modo subjuntivo.  ERRADO

    Está conjungado no FUTURO DO PRESENTE

     

    C -  Nesse parágrafo há predomínio de verbos conjugados no modo subjuntivo.  ERRADO

    Predomínio no modo INDICATIVO.

     

    D - Nesse parágrafo, há pelo menos um verbo conjugado no pretérito perfeito do modo indicativo. ERRADO

    NÃO HÁ verbo no pretérito perfeito.

     

    Espero ter ajudado...

     

    Abraço

  • Dica: verbos no futuro do pretérito apresentam a terminação -ria ou rie Eu amaria Tu amarias Ele amaria Nós amaríamos Vós amaríeis Eles amariam
  • Gab A. Deveria está como hipótese ou seja, o tempo futuro do pretérito nos apresenta esta condição.

    Força!