SóProvas


ID
2571328
Banca
FEPESE
Órgão
PC-SC
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto 4

Guignard na parede

– Este seu Guignard é falso ou verdadeiro? - perguntou-lhe o visitante, coçando o queixo, de um modo ainda mais suspeitoso do que a pergunta.

– Ora essa, por que duvida?

– Eu não duvido nada, só que existem por aí uns cinquenta quadros falsos de Guignard, e então...

– Então o quê?

– Esse também podia ser. Só isso.

– Pois não é, não senhor. Qualquer um vê logo que se trata de Guignard autêntico, Guignard da melhor época.

– Não ponho em dúvida sua palavra, Deus me livre. Mas nunca se sabe se um quadro é autêntico ou não. Nunca. Não há prova irrefutável.

– Mesmo que se tenha visto o pintor trabalhando nele?

– Em geral, o pintor não trabalha à vista dos outros. No máximo dá uma pincelada, um toque. Até os retratos, não sabia? São feitos em grande parte na ausência dos retratados. Todo artista tem um auxiliar, espécie de primo pobre, que imita à perfeição a maneira do mestre...

– Guignard tinha alunos; e daí? Vai me dizer que os alunos pintavam e ele assinava? 

– O senhor é que parece estar insinuando isso. Eu digo apenas que assinatura pode ser autêntica num quadro falso. Veja Picasso. Picasso assina falsos Picassos por blague ou para ajudar pobres-diabos. Pode parecer maluquice, mas para mim o pintor é o primeiro falsificador de sua obra, ele se copia e manda os outros copiarem .

– Não diga uma besteira dessas.

[...]

– Fiquei com medo do senhor ter um falso Guignard, e preveni. Não há razão para se queimar.

– Está bem.

– Talvez tenha feito mal em alertá-lo. O senhor vai ficar preocupado, cismado. Não desejo isso. Vamos fazer uma coisa? Para o senhor não se chatear, eu compro o seu quadro, mesmo tendo as maiores dúvidas sobre a autenticidade. Repare bem: a fluidez da pintura é demasiado fluida para ser original. Um mestre nunca vai ao extremo de sua potencialidade; deixa que os outros exacerbem sua maneira. Este Guignard é tão leve, tão aéreo, que só mesmo de alguém muito habilidoso, que procurasse ser mais Guignard do que o próprio Guignard. Não há dúvida, para mim não é Guignard. Quanto quer por isto?

– Quero que o senhor vá para o inferno, sim?

ANDRADE, C. D. de. 70 historinhas. 13 ed. Rio de Janeiro: Record,2009. p.195-197.

Considere as frases extraídas do texto 4.

1. – Este seu Guignard é falso ou verdadeiro? – perguntou-lhe o visitante.

2. Mas nunca se sabe se um quadro é autêntico ou não. Nunca.

3. Até os retratos, não sabia? São feitos em grande parte na ausência dos retratados.

Identifique abaixo as afirmativas verdadeiras (V) e as falsas (F).

( ) Em 1, os pronomes "seu" e "lhe" são elementos coesivos que fazem referência ao pintor do quadro.

( ) Em 1 e 2, a partícula "ou" tem valor inclusivo e exprime equivalência dos conceitos envolvidos na alternância.

( ) Em 2, o segundo "se" funciona como conjunção integrante e introduz uma oração subordinada que complementa o verbo transitivo saber.

( ) Em 2, a segunda ocorrência de "nunca', em uma frase isolada, tem valor de ênfase.

( ) Em 3, "não sabia?" é uma expressão interrogativa que está intercalada no interior de uma informação declarativa.

Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo.

Alternativas
Comentários
  • Fazendo vista grossa, dava para "acertar", mas cabe recurso nessa questão.



    2. Mas nunca se sabe se um quadro é autêntico ou não. Nunca

    "Em 2, o segundo "se" funciona como conjunção integrante e introduz uma oração subordinada que complementa o verbo transitivo saber. "



    FALSO, pois a oração introduzida pela conjução "SE", devido à particula apassivadora "SE", é uma oração subjetiva(sujeito do verbo SABER)  e não complemento. 

  • ( ) Em 2, o segundo "se" funciona como conjunção integrante e introduz uma oração subordinada que complementa o verbo transitivo saber.

    ESTÁ CERTO.

    2. Mas nunca se sabe se um quadro é autêntico ou não. Nunca.

    FAÇA A PERGUNTA AO VERBO. NUNCA SE SABE O QUE? ISSO. CONJUNÇÃO  INTEGRANTE .

    QUEM SABE, (SABE ALGO OU DE ALGO), OU SEJA PODE SER TRANSITIVO DIRETO( SEM PREPOSIÇÃO) OU TRANSITIVO INDIRETO,(PEDINDO COMPLEMENTO COM PREPOSIÇÃO).

     

    ACHO QUE É ISSO.

  • Pessoal, indiquem para comentário do professor. Esse item do SE é duvidoso.

  • "Em 2, o segundo "se" funciona como conjunção integrante e introduz uma oração subordinada que complementa o verbo transitivo saber. "

    Isso está correto, pois o verbo saber é um verbo transitivo direto e, portanto, pede um complemento sem preposição (objeto direto).

    Com relação à afirmação do colega acima, o "se", nesse caso, não funciona como partícula apassivadora. Não temos voz passiva nesse caso...

    Realmente, caso o "se" funcionasse como partícula apassivadora, teríamos um sujeito oracional e, portanto, uma oração subordinada substantiva subjetiva.

     

    A questão está correta, portanto, não cabe aqui recurso.

  • Vamos ao que segue...

     

    ( ) Em 1, os pronomes "seu" e "lhe" são elementos coesivos que fazem referência ao pintor do quadro.

    FALSO . Refere-se ao vendedor do quadro, e não ao pintor..

     

    ( ) Em 1 e 2, a partícula "ou" tem valor inclusivo e exprime equivalência dos conceitos envolvidos na alternância. 

    FALSO - a partícula "ou" tem valor exclusivo. Só pode existir uma resposta dentre as duas opções.

     

    ( ) Em 2, o segundo "se" funciona como conjunção integrante e introduz uma oração subordinada que complementa o verbo transitivo saber.

    CERTO -  Para confirmar se a partícula "se" é conjunção integrante, basta substituí-la por "ISSO". O que vem a seguir é uma oração subordinada obejtiva direta, pois completa o sentido do verbo "disse".

     

    ( ) Em 2, a segunda ocorrência de "nunca', em uma frase isolada, tem valor de ênfase. 

    CERTO.

     

    ( ) Em 3, "não sabia?" é uma expressão interrogativa que está intercalada no interior de uma informação declarativa.

    CERTO - está intercalada... Colocando na ordem direta dicaria assim: " Até os retratos são feitos em grande parte na ausência dos retratados, não sabia?"

     

    Espero ter ajudado...

     

    Abraço

  • Claudia Chilelli, respeito sua visão, porém no meu entendimento - confirmado pelo professor Fernando Pestana - a conjunção integrante(CI) está introduzindo, sim, uma Oração subordinada substantiva Subjetiva(OSSS).


    Mas nunca se(PA) sabe(VTD) se(CI) um quadro é autêntico(OSSS)...

    VTD + PA = Voz passiva sintética

    Ordem direita:  se um quadro é autêntico ou não(SUJEITO ORACIONAL) nunca se sabe. 

  • 2. Mas nunca se sabe se um quadro é autêntico ou não. Nunca.

    quem ficar muito nessa de trocar por ''isso'' sem entender de verdade vai errar muitas questões e deu sorte nessa, porque isso não é objeto direto ou indereto nesse caso da frase... o examinador foi bonzinho de não cobrar que é uma oração subordinada substantiva subjetiva, veja:

    se um quadro é autêntico ou não (sujeito oracional) nunca se sabe

    não é nunca se sabe ''isso'', quem pensou assim concluiu que era oração subordinada objetiva direta, mas não, nesse caso não se lê ''nunca se sabe isso'', mas sim ''isso nunca se sabe''

  • Um sujeito COMPLEMENTA um verbo????

  • (F) FALSO.  Os pronomes "seu" e "lhe" fazem referência ao dono do quadro, não ao pintor.

     

    (F) FALSO. A conjunção OU é ambígua, podendo ter valor inclusivo ou exclusivo, a depender do contexto. Nas frases 1 e 2, a conjunção OU tem valor exclusivo, significando "ou é apenas um, ou é apenas o outro, mas não é ambos".

     

    (V) VERDADEIRO. O que determina se a oração subordinada substantiva é subjetiva ou objetiva direta é o primeiro "SE".

    A oração subordinada subtantiva definitivamente seria objetiva direta se a frase fosse:

     

    "Mas ninguém nunca sabe       se um quadro é autêntico ou não"

            Sujeito             VTD   Oração Subordinada Substantiva Obejtiva Direta  

     

    Mas ao usar a partícula apassivadora "SE" (o primeiro "SE" e não o segundo), a oração subordinada deixa de ser objetiva direta e passa a ser subjetiva, pois a oração principal não terá sujeito:

     

    "Mas nunca se  sabe  se       um quadro é autêntico ou não"

                     PA  VTD  CI   Oração Subordinada Substantiva Subjetiva

     

    A pergunta é: um complemento do verbo pode ser sujeito da oração? Sim. Observe que saber está acompanhado do pronome seSaber, na frase apresentada, é um verbo transitivo direto, pois quem sabe, sabe algo. Sempre que um verbo transitivo direto (ou transitivo direto e indireto) com objeto direto estiver acompanhado do pronome se, este será denominado de partícula apassivadora, e o objeto direto se transformará em sujeito, mas não deixará de complementar o verbo, pois qual é o objeto direto do verbo saber? É a oração se um quadro é autêntico ou não: Quem sabe, sabe algo; nunca se sabe o quê? Resposta: “se um quadro é autêntico ou não”. Assim, o complemento do verbo é uma oração subordinada substantiva subjetiva. Esta oração é encabeçada pelo vocábulo se, que é uma conjunção integrante.

     

    (V) VERDADEIRO. A repetição de palavras com função de ênfase ocorre quando um item é repetido para ficar com mais destaque. A repetição da palavra "nunca" nos transmite a ideia de que absolutamente nunca é possível saber se um quadro é autêntico ou não. A repetição da palavra "nunca" é inserida como ênfase, uma vez que ao repeti-la percebemos a intenção do locutor em intensificar e enfatizar a ideia que ela traz.

     

    (V) VERDADEIRO. Estamos acostumados a ler frases e orações intercaladas afirmativas. Mas elas podem ter, acreditem!, qualquer pontuação. Os redatores costumam evitar a construção, sabiam?, porque ela pode dificultar a leitura.

  • acertei no chute kkkk 

  • Mas nunca se sabe se um quadro é autêntico ou não.

    Mas(O que é que) nunca se sabe?  (ISTO)

    Sempre que a resposta para o verbo puder ser substituida por "ISTO ou ISSO", confirma o sujeito oracional.

    Mas(O que é que) nunca se sabe?  se um quadro é autêntico ou não.

    Sujeito oracional, complemento do verbo saber. 

     

    Confie no Senhor de todo o seu coração e não se apoie em seu próprio entendimento; Provérbios 3:5