SóProvas


ID
2577094
Banca
UPENET/IAUPE
Órgão
UPE
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto 1


                                SINTAXE PENOSA


      Não, dileto leitor, não incorporei o espírito do professor Pasquale; não é o objetivo da presente coluna proferir uma invectiva contra os que violentam a sintaxe da língua de Camões com gerundismos ("vamos estar falando de ciência") ou destroçam a harmonia das orações subordinadas. Quando digo "sintaxe penosa", entenda-me literalmente: passarinhos cujo canto tem regras semelhantes à nossa tradicional ordem de sujeito seguido de verbo e objeto (por exemplo) nas frases.

      Se essa possibilidade não faz cair o seu queixo, deveria. Como enfatizei na coluna passada (eu sei, faz duas semanas já, mas quem sabe você recorda), os cientistas têm mostrado que é cada vez menor a lista das faculdades mentais exclusivamente humanas. Uma das poucas que sobraram – ou melhor, sobravam – é a linguagem com sintaxe. Alguns passarinhos japoneses resolveram melar o nosso triunfo, ao que parece.

      Os penosos em questão pertencem à espécie Parus minor, ou chapim-japonês. Assim como uma grande variedade de outros animais, incluindo outras aves, obviamente, mas também primatas como nós e outras criaturas, o chapim-japonês produz vocalizações que podem ser comparadas às nossas palavras.

      Esses sons foram criativamente apelidados com as letras A, B, C e D. Seu significado varia um pouco, mas podemos dizer, de modo geral, que combinações das três primeiras "palavras" (AC ou BC, por exemplo) denotam a presença de diversos tipos de predadores, enquanto os sons do tipo D (caracterizados por uma sequência de sete a dez "notas", como as de uma música) servem para recrutar outros passarinhos – quando um macho chama sua parceira, por exemplo.

      O bacana, porém, é que a "palavra" D pode ser combinada às outras, modificando o sentido delas. AC-D, digamos, pode ser usado quando um chapim vê um falcão e chama outras aves para avisá-las sobre o caçador e convocá-las para fazer "mobbing" (quando vários passarinhos se juntam para intimidar uma ave de rapina).

      A pergunta é: será que faz diferença a ordem dos fatores? Afinal, em português, "O cão mordeu o menino" e "O menino mordeu o cão" são frases com sentido completamente distinto. Foi o que Toshitaka Suzuki, da Universidade Sokendai, no Japão, resolveu testar usando gravações das "palavras" típicas das aves.

      Resultado: quando ouvem as gravações de ABC, os chapins olham assustados para os lados esperando um predador; se escutam só D, voam na direção do alto-falante, procurando o colega que teria chamado por eles. ABCD produz, como esperado, um misto de olhares assustados para os lados e voo rumo ao som. E quando o som é DABC? Em geral, nada – os bichos ficam confusos. A sintaxe da "frase" não faz sentido para eles. Ou seja, é a ordem dos termos dos chamados que importa nesse caso, como na fala humana. Os dados estão em artigo na revista científica "Nature Communications".

      Pode ser que você não esteja lá muito embasbacado com as proezas sintáticas do chapim-japonês. Está no seu direito, obviamente, mas o que descobertas como essa reiteram, feito a linha de baixo constante e sólida de um bom rock, é o fato inconteste de que as nossas capacidades mentais aparentemente inigualáveis derivam, na verdade, de "tijolinhos" cognitivos que já estavam presentes nos lugares mais improváveis da Árvore da Vida. Nosso edifício comportamental é mais arrojado, faraônico até – mas ainda tem as marcas de que um dia foi uma choupana.

LOPES, Reinaldo José. Publicado em 27 mar. 2017. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/reinaldojoselopes/2016/03/1754157-sintaxe-penosa.shtml. Acesso em: 8 jul. 2017. Adaptado.

Acerca das normas de concordância e de regência verbal, incluídas as de emprego da crase, analise as afirmativas a seguir.


I. O trecho: “quando um chapim vê um falcão e chama outras aves para avisá-las sobre o caçador” também estaria em conformidade com a norma-padrão se fosse empregada a preposição “de”: „quando um chapim vê um falcão e chama outras aves para avisá-las do caçador‟.

II. O sinal indicativo de crase é opcional no trecho destacado em: “passarinhos cujo canto tem regras semelhantes à nossa tradicional ordem”, ao contrário do trecho: “Os penosos em questão pertencem à espécie Parus minor (...), em que a marcação da crase é obrigatória.

III. No trecho: “eu sei, faz duas semanas já”, a forma verbal destacada, com sentido de tempo decorrido, poderia flexionar corretamente no plural se o advérbio “já”, também de valor temporal, fosse descolocado para junto da citada forma verbal: “eu sei, já fazem duas semanas”.

IV. O trecho: “Uma das poucas que sobraram é a linguagem com sintaxe.” também estaria em conformidade com a norma-padrão se a forma verbal destacada fosse flexionada no singular, em concordância com “uma”.


Estão CORRETAS:

Alternativas
Comentários
  •  I. O trecho: “quando um chapim vê um falcão e chama outras aves para avisá-las sobre o caçador” também estaria em conformidade com a norma-padrão se fosse empregada a preposição “de”: "quando um chapim vê um falcão e chama outras aves para avisá-las do caçador‟.

    pode sem problemas ser empregado a forma de.

    II. O sinal indicativo de crase é opcional no trecho destacado em: “passarinhos cujo canto tem regras semelhantes à nossa tradicional ordem”, ao contrário do trecho: “Os penosos em questão pertencem à espécie Parus minor (...), em que a marcação da crase é obrigatória.

    correta, pois no primeiro caso, antes de pronome possessivo a crase é opcional.

    já no segundo caso o uso da crase é obrigatório, pois pertence a alguma coisa, exige a preposição.

    lll- No trecho: “eu sei, faz duas semanas já”, a forma verbal destacada, com sentido de tempo decorrido, poderia flexionar corretamente no plural se o advérbio “já”, também de valor temporal, fosse descolocado para junto da citada forma verbal: “eu sei, já fazem duas semanas”.

    Esse plural não flexiona, pois refere-se a tempo transcorrido.

    IV. O trecho: “Uma das poucas que sobraram é a linguagem com sintaxe.” também estaria em conformidade com a norma-padrão se a forma verbal destacada fosse flexionada no singular, em concordância com “uma”.

     

    Uma das poucas que sobrou está igualmente correta a acertiva.

  • Na assertiva II, denota-se que "à nossa" deve ter o uso facultativo de crase, tendo em vista que se está diante de pronome possessivo feminino.

  • Fiz por eliminação. Só eliminei oonde tinha a 3, o que me levoou direto pra B.

    O verbo fazer no sentido de tempo transcorrido SEMPRE ESTARÁ NA TERCEIRA PESSOA DO SINGULAR.

  • I -  Avisamos alguém de algo ou sobre algo.

     

    As preposições se diferem conforme o tipo de objeto indireto. Veja:

    ⇒ Se o objeto indireto referir-se a coisas, avisar estará acompanhado da preposição de ou sobre:

    A rádio avisou a população do (sobre) o corte do fornecimento de energia.

    ⇒ Se o objeto indireto referir-se a pessoas, avisar estará acompanhado da preposição a – podendo formar as seguintes contrações ààsao e aos:

    A rádio avisou à população o corte do fornecimento de energia.

     

    https://portugues.dicaseexercicios.com.br/regencia-do-verbo-avisar/

  • GABARITO (B)

  • IV. O trecho: “Uma das poucas que sobraram é a linguagem com sintaxe.” também estaria em conformidade com a norma-padrão se a forma verbal destacada fosse flexionada no singular, em concordância com “uma”.

     

    Expressão partitiva é toda expressão que designa quantidade, geralmente inespecífica, formada por artigos, numerais, pronomes indefinidos, etc.
    Quando o sujeito é formado por uma expressão partitiva (EX: maioria de, a maior parte de, grande parte de) seguida de um substantivo no plural, o verbo pode ficar tanto no singular quanto no plural. Vai depender de quem voce quer enfatizar.
    EX: A maioria dos estudantes concordaram/concordou em mudar a data da prova.
    A maioria: expressão partitiva.

  • Sabendo que a III está errada, você mata a questão, pois ela só não aparece na letra B.

    III-Verbo fazer com sentido de tempo fica sempre no singular.

  • A respeito da IV, vale a pena ler a renomada crônica de Fernando Sabino, "Eloquência singular":

    http://www.releituras.com/fsabino_eloquencia.asp

  • Um(a) dos/ das que : Singular/Plural

    Ele foi um dos alunos que fez/fizeram a diferença.

     

    Fonte: Flávia Ritta.

  • Para acertar essa questão, bastava saber que a III está errada...
  •  Avisamos alguém de / sobre algo.

    II - Antes do pronome possessivo temos o emprego facultativo da crase: --> "...semelhantes à nossa tradicional ordem..."

         pertence a algo + palavra feminina  = crase. --> "...pertencem à espécie Parus minor..." 

    III -    O verbo haver e fazer são impessoais, portanto, não admitem sujeito e são flexionados na terceira pessoa do singular. O verbo haver é impessoal quando temsentido de existir e também de tempo decorrido. ... O verbo fazer é impessoal quando indica tempo decorrido ou fenômeno natural.  -->  “eu sei, faz duas semanas já”

    IV -  O verbo fica no singular ou plural quando existe a expressão “um dos que”. --> “Uma das poucas que sobraram / sobrou é a linguagem com sintaxe.”

     

  • Que papo é esse de que a crase em "à nossa" é opcional?

    Está incorreto isso, pronomes possessivos podem apenas em  > "sua, minha, dona, senhora, senhorita e madame"

  • À Paisana ,

     

    desde quando que madame, senhora, dona e senhorita são pronomes possessivos???? São de tratamento!!!

     

    Ponomes possessivos indicam POSSE, como o nome já diz. 

     

    Bons estudos! AVANTE

     

  • SO EM SABER QUE O VERBO FAZ (INDICANDO TEM) NAO PODE SER FLEXIONADO......

     

    ACABA COM TODAS AS ALTERNATIVAS, SOBRANDO A LETRA.    B

  • Qto ao II - No que concerne à questão da crase antes dos pronomes possessivos, em vez de decorar se é caso de admissão de crase ou não, o melhor é aplicar essa regra geral de crase e substituir mentalmente por um pronome possessivo masculino: se, no masculino, aparecer ao ou aos, então há crase no feminino.

    http://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI39816,41046-Crase+antes+de+pronome+possessivo

  • NESSA QUESTÃO BASTAVA SABER SOBRE O VERBO IMPESSOAL "FAZER".

    QUANDO HÁ TEMPO DECORRIDO, FENÔMENO DA NATUREZA E TEMPERATURA, NÃO CONCORDARÁ COM O SUJEITO.

     

     

  • Uso Facultativo da Crase:

     

    1. Antes de nome próprio feminimo.

    Ex.: Refiro-me à (a) Juliana.

     

    2.Antes de pronome possessivo feminino.

    Ex.: Dirija-se à  (a) sua fazenda.

     

    3.Depois de preposição até.

    Ex.: Dirija-se até à (a) porta.

  • Toda vez que vou perguntar ao verbo 'avisar' eu penso: Quem avisa ... amigo é, e me perco na questão kk

  • PELO ITÉM III JÁ MATAVA A QUESTÃO FAZEM TEMPO DECORRIDO E DÓ VIU GAB B

  • Gab: ( B )

    Fé e força!!!

  • interessante

  • III- tempo decorrido, não pode flexionar. Só em saber disso, já temos nossa resposta.

    Todas que tem III estão erradas! então Letra"B"

     

    #VemPMPE2018!

  • #venhaparaMePMPE

     

  • Para a maioria dos gramáticos a expressão um dos que fica no plural, porém outros discordam. haja paciência...

  • no primeiro era apenas trocar uma preposiçao por outra que daria certo 

    já no terceiro , era so lembrar que o verbo "fazer" em tempo decorrido nao varia , ficando apenas no singular 

     

  • III. No trecho: “eu sei, faz duas semanas já”, a forma verbal destacada, com sentido de tempo decorrido, poderia flexionar corretamente no plural se o advérbio “já”, também de valor temporal, fosse descolocado para junto da citada forma verbal: “eu sei, já fazem duas semanas”.

    Haver e fazer indicando tempo decorrido: 3º pessoa do singular.

    (verbos impessoais/formam orações sem sujeito )

    havia semanas que não se falavam.

    faz cinco anos que ele esteve aqui.

    português descomplicado

    Flavia Rita

    II. O sinal indicativo de crase é opcional no trecho destacado em: “passarinhos cujo canto tem regras semelhantes à nossa tradicional ordem”, ao contrário do trecho: “Os penosos em questão pertencem à espécie Parus minor (...), em que a marcação da crase é obrigatória.

    Caso clássico de crase facultativa, a upenet/Iaupe tem uma tara, não pode ir para prova sem saber.

  • O verbo fazer no sentido de tempo transcorrido SEMPRE ESTARÁ NA TERCEIRA PESSOA DO SINGULAR.

  • I, II e IV, apenas.

  • GABARITO B

    VERBO FAZER NO SENTIDO DE TEMPO TRANSCORRIDO FICARÁ NO SINGULAR.

    VERBO HAVER NO SENTIDO DE EXISTIR SERÁ SEMPRE IMPESSOAL E POR ISSO FICARÁ SEMPRE NO SINGULAR.

    bons estudos

  • III - Estar incorreto pois o verbo fazer, ( FAZEM) não flexiona quando está indicando tempo.