SóProvas


ID
2580355
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
Câmara de Maringá- PR
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                             Oh! Minas Gerais

                        O irresistível sotaque dos mineiros me encanta.


      Sei que deveria ir mais a Minas Gerais do que vou, umas duas, três vezes ao ano. Pra rever meus parentes, meus amigos, pra não perder o sotaque.

      Sotaque que, acho eu, fui perdendo ao longo dos anos, desde aquele 1973, quando abandonei Belo Horizonte pra ir morar a mais de dez mil quilômetros de lá.

      Senti isso quando, outro dia, pousei no aeroporto de Uberlândia e fui direto na lanchonete comer um pão de queijo que, fora de brincadeira, é mesmo o mais gostoso do mundo.

      - Cê qué qui eu isquento um tiquinho procê?

      Foi assim que a mocinha me recebeu, quase de braços abertos, como se fosse uma amiga íntima de longo tempo.

      Sei não, mas eu acho que o sotaque mineiro aumentou – e muito – desde que parti. Quando peguei o primeiro avião com destino à felicidade, todos chamavam o centro de Belo Horizonte de cidade. O trólebus subia a Rua da Bahia, as pessoas tomavam Guarapan, andavam de Opala, ouviam Fagner cantando Manera Fru Fru, Manera, chamavam acidente de trombada e a polícia de Radio Patrulha.

      Como pode, meu filho mais velho, que nasceu tão longe de Beagá, e, que hoje mora lá, me ligar e perguntar:

      - E ai pai, tudo jóia, tudo massa?

      A repórter Helena de Grammont, quando ainda trabalhava no Show da Vida, voltou encantada de lá e veio logo me perguntar se o sotaque mineiro era mesmo assim ou se estavam brincando com ela. Helena estava no carro da Globo, procurando um endereço perto de Belo Horizonte, quando perguntou para um guarda de trânsito se ele poderia ajudá-la. A resposta veio de imediato.

      - Cê ségui essa istrada toda vida e quando acabá o piche, cê quebra pra lá e continua siguino toda vida!

      Já virou folclore esse negócio de mineiro engolir parte das palavras. Debaixo da cama é badacama, conforme for é confórfô, quilo de carne é kidicarne, muito magro é magrilin, atrás da porta é trádaporta, ponto de ônibus é pôndions, litro de leite é lidileiti, massa de tomate é mastumati e tira isso daí é tirisdaí.

      Isso é verdade. Um garoto que mora em São Paulo foi a Minas Gerais e voltou com essa: Lá deve ser muito mais fácil aprender o português porque as palavras são muito mais curtas.

      Mineiro quando para num sinal de trânsito, se está vermelho, ele pensa: Péra. Se pisca o amarelo: Prestenção. Quando vem o verde: Podií.

      Mas não é só esse sotaque delicioso que o mineiro carrega dentro dele. Carrega também um jeitinho de ser.

      A Gabi, amiga nossa mineira, que mora em São Paulo há anos, toda vez que vem, aqui em casa, chega com um balaio de casos de Minas Gerais.

      Da última vez que foi a Minas, ela viu na mesa de café da tia Teresa uma capinha de crochê, cobrindo a embalagem do adoçante. Achou aquilo uma graça e comentou com a tia prendada. Pra quê? Tem dias que Teresa não dorme, preocupada querendo saber qual é a marca do adoçante que a Gabi usa, pra ela fazer uma capinha igual, já que ela gostou tanto. Chega a ligar interurbano pra São Paulo:

      - Num isquéci de mi falá a marca do seu adoçante não, preu fazê a capinha de crocrê procê...

      Coisa de mineiro.

      Bastou ela contar essa história que a Catia, outra amiga mineira – e praticante – que estava aqui em casa também, contar a história de um doce de banana divino que comeu na casa da mãe, dona Ita, a última vez que foi lá. Depois de todos elogiarem aquele doce que merecia ser comido de joelhos, ela revelou o segredo:

      - Cês criditam que eu vi um cacho de banana madurin, bonzin ainda, no lixo do vizinho, e pensei: Genti, num podêmo dispidiçá não!

      Mais de quarenta anos depois de ter deixado minha terra querida, o jeito mineiro de ser me encanta e cada vez mais.

      Quer saber o que é ser mineiro? No final dos anos 80, quando o meu primeiro casamento se acabou, minha mãe, que era uma mineira cem por cento, queria saber se eu já “tinha outra”, como se diz lá em Minas Gerais. Um dia, cedo ainda, ela me telefonou e, ao invés de perguntar assim, na lata, se eu já tinha um novo amor, usou seu modo bem mineiro de ser:

      - Eu tava pensâno em comprá um jogo de cama procê, mas tô aqui sem sabê. Sua cama nova é di casal ou di soltero?


ADAPTADO. VILLAS, Alberto. Oh! Minas Gerais. In: Carta Capital. Publicado em 10 fev. 2017. Disponível em https://www.cartacapital.com. br/cultura/oh-minas-gerais.  

Assinale a alternativa em que o termo em destaque apresenta uma inadequação em relação à regência verbal, com base na norma padrão.

Alternativas
Comentários
  • Galera aquela "a" da letra A antes de Minas Gerais não deveria está no plural?

     

  • Não, a alternativa A queria saber se ia o acento  grave idicativo de crase ou não. Nesse caso esta correto pois vale a regra vou A volta DE crase pra que? Vou a volta DA crase ha.

    Exemplo: Vou a Minas Gerais volto DE Minas Gerais, então não ha crase.

                      

  • Regência => A  -----> CVC IR = Chegar, Voltar, Comparecer, Ir, Retornar

  • Verbo IR pede regência A e não EM

  • Direto "A" lanchonete
  • Essa eu aprendi na marra quando pedia pra ir "no banheiro" e a tia sempre me corrigia kkkkkkkkk

    Quem vai, vai A algum lugar.

  • “[...] pousei no aeroporto de Uberlândia e fui direto na lanchonete comer um pão de queijo [...]”. 

    ELE NÃO VAI NA LANCHONETE 

    ELE VAI A LANCHONETE 

  • Que saudade do aeroporto de Uberlândia quando chegava lá também ia direto a lanchonete comer pão de queijo.

     

    Saudades do Hotel Presidente, daquela praça maneira que tem lá em frente, da night local e, sobretudo dos amigos(AS) que fiz/conquistei por lá...

     

    HEY HO LET'S GO!

  • Acertei a questão, mas alguém poderia comentar o erro das demais alternativas ?

  • QUEM VAI E VOLTA "DA", NESSE CASO CRASE HÁ.

    QUEM VAI  E VOLTA "DE", NESSE CASO CRASE PRA QUE?

    exemplo; 
    vou pra Roma volto DE Roma, logo vou A Roma. 
    vou pra Namibia volta DA Namíbia, logo vou À Namíbia

    vou pra Portugal volto DE Portugal, logo vou A Portugal. 
    vou pra Amazônia volta DA Amazônia, logo vou À Amazônia

  • A própria a) “Sei que deveria ir mais a Minas Gerais do que vou, umas duas, três vezes ao ano.” entregou o gabarito.

    Bizu da época da "titia teteca, ensino fundamental"

    Se vou a: CRASE HÁ.
    Se vou de: CRASE PRAQUÊ?


    rsss. Vou à feira -> voltei da feira.
    Vou a Campinas -> voltei de Campinas.

     

    GAB LETRA E

  • Gabriel Lucas, quem vai, vai A algum lugar

  •  pousei no aeroporto de Uberlândia e fui direto na lanchonete comer um pão de queijo...

    QUEM VAI VAI A....E NÃO NA.

  • Quem vai, vai A

    O PROBLEMA DA QUESTÃO DE MÚLTIPLA ESCOLHA É QUE VAI CHEGANDO A ÚLTIMA ALTERNATIVA VAI TE DANDO UM MEDO KKKKK

    #ADAF

  • APRENDI QUE QUEM VAI " NA LANCHOETE , NO BANHEIRO , NA CASA DE FULANO" .... ESTARIA INDO " EM CIMA DE" "EM CIMA DA LANCHONETE, EM CIMA DO BANHEIRO E CIMA DA CASA....

  • Se vou a: CRASE HÁ.

    Se vou de: CRASE PRAQUÊ?

  • na alternativa (a) o 'mais' acabou com a preposicao

    na (e) só teria logica se a lanchonete fosse móvel e ele fosse nela pra outro lugar

  • Fiquei em duvida sobre a alternativa (b) alguém pode argumentar ?

  • adj adv de lugar, onde? na mesa

  • FUI NA LANCHONETE - ERRADO!

    FUI À LANCHONETE. CERTINHOOO!!!

  • Algm me explica o Erro da A? fiquei entre a A e E.

    Vlw

  • Allisson Bruno

    Na frase: "Sei que deveria ir mais a Minas Gerais", a regência verbal está correta, isto é, sempre no caso do verbo "IR" e "CHEGAR", é exigida a preposição "a" após tais verbos nos casos em que exigem complemento.

    Se sua dúvida é quanto ao fato de não haver crase no "a", isto ocorre pela seguinte regra usada no caso de LUGARES:

    *Tento colocar "vim de" ou "vim da" antes do nome do lugar, se aceitar "vim da" o correto é usar crase, "vim de" (VIM DE MINAS GERAIS) não aceita crase. Não dá pra digitar "VIM DA MINAS GERAIS", logo não aceita crase.

  • Na letra E, temos a presença do verbo IR, na flexão de passado “fui”. Essa forma verbal exige regência da preposição A para conectar o verbo ao adjunto adverbial de lugar.

    Dessa forma, o certo seria “... e fui direto à lanchonete...”.

    Resposta: E

  • NÃO SE ESQUEÇAM QUE VOCES DEVEM ACHAR A QUESTAO ERRADA E NAO A CERTA KKKKKK

  • NÃO SE ESQUEÇAM QUE VOCES DEVEM ACHAR A QUESTAO ERRADA E NAO A CERTA KKKKKK

  • Na frase: "Sei que deveria ir mais a Minas Gerais", a regência verbal está correta, isto é, sempre no caso do verbo "IR" e "CHEGAR", é exigida a preposição "a" após tais verbos nos casos em que exigem complemento.

    Se sua dúvida é quanto ao fato de não haver crase no "a", isto ocorre pela seguinte regra usada no caso de LUGARES:

    *Tento colocar "vim de" ou "vim da" antes do nome do lugar, se aceitar "vim da" o correto é usar crase, "vim de" (VIM DE MINAS GERAIS) não aceita crase. Não dá pra digitar "VIM DA MINAS GERAIS", logo não aceita crase.

  • FUI NA LANCHONETE - Errado

    FUI À LANCHONETE. Certo

  • Vou a... volto da...crase no A

    Vou a... volto de...crase pra que?

    Trecho da canção da crase do "Descomplicando na web"

  • gab. E.

    Regência do verbo IR: com sentido de se deslocar para algum lugar é VTI e exige a preposição A. (quem vai, vai a algum lugar)

    ex: Fui ao shopping. (exige preposição A).