Gabarito: E
No que diz respeito à formação ética/moral do futuro cidadão, há também dois modos de conceber a tolerância em relação ao outro. Pode-se tomar a regra de ouro em um sentido preventivo: não fazer algo ruim, não molestar, não agredir para não sofrer ações recíprocas. Esse modo corresponde, no plano ético/moral, à aceitação cultural, na medida em que não estreita a relacionalidade humana, antes preservando espaços conquistados e limites de ação bem estabelecidos.
Outra forma de se adotar a regra de ouro é aquela em que o sentido de interdição é retirado, tornando-a propositiva: fazer ao outro o que desejaríamos que ele nos fizesse. A princípio, tal positividade poderia sugerir apenas uma inversão da prescrição em termos genéricos, o que a tornaria semelhante a formulações do tipo "fazer o bem sem olhar a quem" ou "amar ao próximo como a si mesmo". Entretanto, se a supressão dos "nãos" for acompanhada por questões como "quais seriam os interesses do outro?" e "de que maneira o outro pode tomar conhecimento dos nossos interesses?", tem-se em vista a perspectiva dialógica. As diferenças passam então a ser problematizadas, o que significa confrontar as hierarquias de valores, os juízos e as ações praticadas por meio de processos argumentativos nos quais os interlocutores se coloquem ao mesmo tempo na situação de oradores e de auditório.
Fonte: OLIVEIRA, Renato José de. Ética na escola: (re)acendendo uma polêmica. (http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302001000300012&lng=en&nrm=iso)