SóProvas


ID
2587582
Banca
VUNESP
Órgão
Câmara de Valinhos - SP
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Fascínio

        De todos aqueles ratos de cinemateca que formaram a Nova Onda do cinema francês no final dos anos 60, só Truffaut ficou. Eu sei que os outros continuam aí, fazendo boas coisas, mas só de Truffaut pode-se dizer que se estabeleceu no ramo do cinema. A noite americana mostra o porquê. Truffaut nunca pretendeu do cinema nada além do cinema. O mais admirável em A noite americana é a sua contenção, a sua extrema economia de propósitos. Outro diretor teria aproveitado a oportunidade — um filme sobre a feitura de um filme — para armar um jogo intelectual qualquer, um truque de espelhos, a fantasia e a realidade, a arte e a vida, e olhem só como eu sou engenhoso. Truffaut, não. Faz um filme convencional sobre Truffaut fazendo um filme convencional. Mas Truffaut faz grandes filmes convencionais.

      Não é que ele seja superficial. Fellini também é um superficial e substitui as ideias pelo barroquismo de imagem. Está certo, a imagem inteligente é uma das formas que o cinema tem de ser profundo. Truffaut não se interessa em ser profundo. A primeira mágica do cinema, o fato do cinema em si, já basta como fascínio. Nada de muito extraordinário acontece em A noite americana, e a grande homenagem de Truffaut ao cinema é transformar o fato corriqueiro de um filme sendo feito num espetáculo extraordinário. Truffaut, como todos da sua geração, começou no cinema pelo deslumbramento. A diferença entre ele e o resto é que ele continua deslumbrado. Durante as quase duas horas de A Noite americana, o cinema reina e nos emociona.

    Profundamente. E Truffaut está tão comovido quanto a gente.


(Luis Fernando Verissimo. Banquete com os deuses: cinema, literatura, música e outras artes. Rio de Janeiro, Objetiva, 2011. Adaptado)

No trecho selecionado do texto, uma aparente contradição na argumentação do autor evidencia-se no emprego da palavra destacada em:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: C

     

    Primeiramente, o autor diz: "Não é que ele seja superficial."

     

    Logo depois, ele diz: "Fellini também é um superficial e substitui as ideias pelo barroquismo de imagem."

     

    Quando ele afirma que Fellini também é um superficial, está incluindo Truffaut como superficial, fato que ele tinha acabado de negar na frase anterior. Por isso a aparente contradição.

  • É SÓ LEMBRAR DAS CONJUNÇÕES.

     

  • Essa prova estava de lascar!

  • Questão bem mirabulosa.

  • Alternativa: C

    "Não é que ele seja superficial." e "Fellini também é superficial...", esses dois trechos demonstram a contradição na argumentação do autor.

    Ora, se ele não é superficial, então não caberia dizer que Fellini também é superficial.

  • É importante voltar ao texto para responder esse tipo de questão!