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ID
2600644
Banca
IFPI
Órgão
IF-PI
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

   Leia o texto para responder à questão seguinte:


                        O exercício da crônica


Escrever crônica é uma arte ingrata. Eu digo prosa fiada, como faz um cronista; não a prosa de um ficcionista, na qual este é levado meio a tapas pelas personagens e situações que, azar dele, criou porque quis. Com um prosador do cotidiano, a coisa fia mais fino. Senta-se ele diante de uma máquina, olha através da janela e busca fundo em sua imaginação um assunto qualquer, de preferência colhido no noticiário matutino, ou da véspera, em que, com suas artimanhas peculiares, possa injetar um sangue novo. Se nada houver, restar-lhe o recurso de olhar em torno e esperar que, através de um processo associativo, surja-lhe de repente a crônica, provinda dos fatos e feitos de sua vida emocionalmente despertados pela concentração. Ou então, em última instância, recorrer ao assunto da falta de assunto, já bastante gasto, mas do qual, no ato de escrever, pode surgir o inesperado.

Alguns fazem-no de maneira simples e direta, sem caprichar demais no estilo, mas enfeitando-o aqui e ali desses pequenos achados que são a sua marca registrada e constituem um tópico infalível nas conversas do alheio naquela noite. Outros, de modo lento e elaborado, que o leitor deixa para mais tarde como um convite ao sono: a estes se lê como quem mastiga com prazer grandes bolas de chicletes. Outros, ainda, e constituem a maioria, “tacam peito” na máquina e cumprem o dever cotidiano da crônica com uma espécie de desespero, numa atitude ou-vai-ou-racha. Há os eufóricos, cuja prosa procura sempre infundir vida e alegria em seus leitores e há os tristes, que escrevem com o fito exclusivo de desanimar o gentio não só quanto à vida, como quanto à condição humana e às razões de viver. Há também os modestos, que ocultam cuidadosamente a própria personalidade atrás do que dizem e, em contrapartida, os vaidosos, que castigam no pronome na primeira pessoa e colocam-se geralmente como a personagem principal de todas as situações. Mas uma coisa é certa: o público não dispensa a crônica. [...]

MORAES, Vinícius de. Para viver um grande amor: crônicas e poemas. São Paulo: Cia das Letras, 1991. (adaptado)


Nos textos em geral, é comum a manifestação simultânea de várias funções da linguagem, com o predomínio, entretanto, de uma sobre as outras. Analise o texto “O exercício da crônica” e avalie as proposições para marcar corretamente.


I - A crônica, além de colocar em evidência os elementos que servem de inspiração ao cronista, destaca o referente,o assunto, a comparação objetiva entre o cronista e o ficcionista. Neste texto, predomina, portanto, a função referencial.

II - A atitude do enunciador em relação ao gênero crônica se sobrepõe àquilo que está sendo dito, refletindo, pois, o estado de ânimo, os sentimentos e as emoções, comprovadas pelo uso da primeira pessoa no primeiro parágrafo, que são marcados predominantemente pela função emotiva.

III - A função predominante é a metalinguística, cuja mensagem está centrada no próprio código. O cronista aborda, por meio do gênero textual crônica, as dificuldades de se escrever uma crônica.


É CORRETO o que se afirma apenas em: 

Alternativas
Comentários
  • Esse assunto é difícil tem horas.

     

  • I) A função referencial é centrada na mensagem, por isso é objetiva e imparcial. É comumente encontrada em textos científicos e livros didáticos. 

     

    II) A função emotiva é centrada no emissor, desta forma predomina-se o uso da primeira pessoa. É comumente encontrada em depoimentos e discursos.

     

    III) A função metalinguística é centrada no código, o emissor explica o próprio código.

    Nesse texto o cronista (emissor) explica como escrever uma crônica, por isso a função metalinguística é a predominante.


     

  • Complicado essas funções

  • Função referencial: lembra do jornal, tentando sempre ser imparcial...

    Função emotiva: lembra dos discursos, poemas e depoimentos em primeira pessoa...

    Função metalinguística: lembra do dicionário, quando o código fala do próprio código...

  • GAB C I A função predominante é a metalinguística, só de falar que é outra diferente já nega o item III. II Não é o que se observa. III EXATAMENTE ISSO
  • O que é a função referencial ou denotativa? A função referencial ou denotativa da linguagem é usada para transmitir uma informação clara, objetiva e direta sobre um determinado assunto. Apoia-se em fatos e dados concretos, excluindo elementos que confiram subjetividade e emotividade à mensagem. Privilegia o uso de uma linguagem denotativa estruturada em orações na ordem direta, de forma a evitar ambiguidades e diferentes interpretações. A impessoalidade da mensagem fica marcada pelo uso da 3.ª pessoa do discurso, sendo isenta de opiniões pessoais. Dando ênfase ao contexto comunicativo, a função referencial ou denotativa é a função da linguagem mais utilizada no dia a dia. Está presente em: notícias de jornal; correspondências comerciais; livros didáticos; documentos oficiais; textos técnicos; artigos científicos. Ex: A prefeitura informa que, na próxima semana, será iniciada uma campanha de vacinação contra o sarampo para todas as crianças com idades entre 1 e 5 anos. https://googleweblight.com/i?u=https://www.normaculta.com.br/funcao-referencial-ou-denotativa/&hl=pt-BR