SóProvas


ID
2605684
Banca
FCC
Órgão
DPE-AM
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      As crianças gostam de brincadeiras que sejam imitativas e repetitivas, mas, ao mesmo tempo, inovadoras. Firmam-se no que lhes é conhecido e seguro, e exploram o que é novo e nunca foi experimentado.

      O termo “arremedo” pode implicar algum grau de intenção, mas imitar, ecoar ou reproduzir são propensões psicológicas (e até fisiológicas) universais que vemos em todo ser humano e em muitos animais.

      Merlin Donald, em Origens do pensamento moderno, faz uma distinção entre arremedo, imitação e mimese: o arremedo é literal, uma tentativa de produzir uma duplicata o mais exata possível. A imitação não é tão literal quanto o arremedo. A mimese adiciona uma dimensão representativa à imitação. Em geral, incorpora o arremedo e a imitação a um fim superior, o de reencenar e representar um evento ou relação. O arremedo, segundo Donald, é visto em muitos animais; a imitação, em macacos e grandes primatas não humanos; a mimese, apenas no ser humano.

      A imitação, que tem um papel fundamental nas artes cênicas, onde a prática, a repetição e o ensaio incessantes são imprescindíveis, também é importante na pintura e na composição musical e escrita. Todos os artistas jovens buscam modelos durante os anos de aprendizado. Nesse sentido, toda arte começa como “derivada”: é fortemente influenciada pelos modelos admirados e emulados, ou até diretamente imitados ou parafraseados.

      Mas por que, de cada cem jovens músicos talentosos ou de cada cem jovens cientistas brilhantes, apenas um punhado irá produzir composições musicais memoráveis ou fazer descobertas científicas fundamentais? Será que a maioria desses jovens, apesar de seus dons, carece de alguma centelha criativa adicional? Será que lhes faltam características que talvez sejam essenciais para a realização criativa, por exemplo, audácia, confiança, pensamento independente?

      A criatividade envolve não só anos de preparação e treinamento conscientes, mas também de preparação inconsciente. Esse período de incubação é essencial para permitir que o subconsciente assimile e incorpore influências, que as reorganize em algo pessoal. Na abertura de Rienzi, de Wagner, quase podemos identificar todo esse processo. Há ecos, imitações, paráfrases de Rossini, Schumann e outros − as influências musicais de seu aprendizado. E então, de súbito, ouvimos a voz de Wagner: potente, extraordinária (ainda que horrível, na minha opinião), uma voz genial, sem precedentes.

      Todos nós, em algum grau, fazemos empréstimos de terceiros, da cultura à nossa volta. As ideias estão no ar, e nos apropriamos, muitas vezes sem perceber, de frases e da linguagem da época. A própria língua é emprestada: não a inventamos. Nós a descobrimos, ainda que possamos usá-la e interpretá-la de modos muito individuais. O que está em questão não é “emprestar” ou “imitar”, ser “derivado”, ser “influenciado”, e sim o que se faz com aquilo que é tomado de empréstimo.

(Adaptado de: SACKS, Oliver. O rio da consciência. Trad. Laura Teixeira Motta. São Paulo: Cia. das Letras, 2017, ed. digital) 

O verbo que, no contexto, pode ser flexionado em uma forma do plural, sem que nenhuma outra modificação seja feita na frase, está em:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO LETRA D

     

     

     

     

     

    SUBLINHEI O SUJEITO PARA COMPROVAR QUE ESTÁ NO SINGULAR E, CONSEQUENTEMENTE, NÃO PODERÁ IR PRO PLURAL.

     

    a) ... apenas um punhado irá produzir composições musicais memoráveis...

     

    b) A mimese adiciona uma dimensão representativa à imitação. 

     

    c) A criatividade envolve não só anos de preparação e treinamento conscientes...

     

    d) ... a maioria desses jovens, apesar de seus dons, carece de alguma centelha criativa... EXPRESSÃO PARTITIVA - O VERBO PODE OU NÃO SER FLEXIONADO NO PLURAL

     

    e) Merlin Donald, em Origens do pensamento moderno, faz uma distinção entre... 

     

     

     

     

    DICA DO PONTO DOS CONCURSOS:

    Em primeiro lugar, o que são “termos partitivos”?

    São os que indicam “uma parte do todo”, como “maioria”, “minoria”, “grande parte”, “a maior parte”.

    Quando essas expressões estiverem acompanhadas de substantivos ou pronomes no plural, a concordância verbal é facultativa:

    se realizar a concordância gramatical, o verbo fica no singular, concordando com o termo partitivo (maioria, minoria, parte);

    se realizar a concordância ideológica (= com a ideia), pode concordar com o complemento.

    Exemplos:

    “A maioria dos alunos SAIU (= maioria) / SAÍRAM (= alunos).”

    “Grande parte dos eleitores REJEITA (= parte) / REJEITAM (= eleitores).”

  • Questão recorrente em concurso:

     

    A regra geral de concordância verbal é que o verbo deve concordar com o sujeito, em número (singular/plural) e pessoa (1a. , 2ª. ou 3ª. pessoa). Mas, como o uso da língua é muito amplo, existem algumas regras específicas.  Esse é o caso da concordância em orações em que há expressões partitivas, como “a maioria”, “a minoria”, “grande parte de”, “mais da metade”.

    Seguem exemplos de como podem ser conjugados os verbos:

    Exs:

    A maior parte dos colaboradores aderiu à greve. (singular)

    Mais da metade dos funcionários não compareceram à reunião (plural)

    Na primeira oração, o verbo está no singular; na segunda, está no plural. Vale ressaltar que ambas as frases estão corretas.

    A explicação para a ocorrência do verbo no singular ou no plural nesses casos é a seguinte: quando o sujeito é formado por uma expressão partitiva (“a maior parte”, “mais da metade”)  acompanhada de um especificador no plural (“dos colaboradores”, “dos funcionários”), o verbo pode ser conjugado das duas formas.

    Exs.:

    A menor parte dos participantes não gostou/gostaram do curso.

    Boa parte dos integrantes concorda/concordam com a política do grupo.

    Menos da metade dos monitores lembra/lembram daquela aluna.

    Mas há uma sutil diferença de sentido:

    a)    conjugar o verbo no singular, dá ênfase à noção de conjunto, de grupo (foco na expressão “a menor parte”, “boa parte”, “menos da metade”).

    b)    conjugar no plural, enfatizam-se aqueles que formam o grupo ( “participantes”, “integrantes”, “monitores”), ainda que esta seja a forma incomum de redigir esse tipo de oração.

    Como recomendação, dê preferência ao uso do verbo no singular quando redigir orações com expressões partitivas, por ser a mais usual. Mas saiba que tanto a versão no singular quanto no plural são aceitas gramaticalmente

     

    GABARITO D

  • Letra (d)

     

    As expressões partitivas a maior parte, grande parte, a maioria, grande número, acompanhadas de adjunto adnominal no plural, fazem o verbo concordar com o núcleo do sujeito ou com o especificador (adjunto adnominal). (Décio Terror)

     

    Essa é a concordância literal -> ...a maioria desses jovens, apesar de seus dons, carece de alguma centelha criativa...

                                                                                                        Adj. Adn

    Parte da doutrina começou a concordar com o adjunto adnominal, para enfatizá-lo -> ...a maioria desses jovens, apesar de seus dons, carecem de alguma centelha criativa...

     

    Veja outros exemplos:


    Grande parte dos torcedores aplaudiu a jogada.
    Grande parte dos torcedores aplaudiram a jogada.

  • A questão pede a afirmativa em que a concordância é facultativa

     

    D) ...a maioria desses jovens, apesar de seus dons, carece de alguma centelha criativa...

                   SUJEITO                                                        VERBO

        ...a maioria desses jovens, apesar de seus dons, careceM de alguma centelha criativa...

                    SUJEITO                                                       VERBO

     

    Sendo o sujeito uma das expressões quantitativas a maior parte de, a maioria de, grande número de, etc..., seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo, quando posposto ao sujeito, pode ir para o singular ou plural.

     

    Fonte: Domingos paschoal cegalla, NOVISSÍMA GRAMÁTICA DE LÍNGUA PORTUGUESA.

  • Melhor resposta JULIA Okvibes.

     

  • Nesse tipo de questão, a primeira coisa que vc faz é procurar uma expressão partitiva, que admite concordância lógica ou atrativa.

     

     

    Grande parte... 

     

    A maioria de/dos/das..

     

    A minoria de/dos/das..

     

     

     

     

    GABARITO LETRA D

  • Letra A é maldosa.

    Ga.D

  • Só um detalhe para não confundirmos expressões partitivas, como muito bem explicado pelos colegas, com expressões aproximativas, tais como: mais de um, menos de dois, cerca de, menos de... Nesses casos, a concordância segue o numeral.

     

    Ex: Mais de um cliente se queixou;

    Ex: Mais de dois clientes se queixaram;

    Ex: Menos de dois clientes se queixaram;

    Ex: Cerca de mil pessoas se queixaram.

  • Questão típica da FCC.

  • expressão partitiva

  • O verbo "carecer" concorda com o termo "a maioria" por estarem no singular, ao mesmo tempo que se este verbo for colocado no plural (carecem), ele continuará concordando com o termo a maioria porque ela representa uma quantidade maior ou igual a dois. Uma maioria de qualquer coisa nunca será igual a um.

  • o termo carece concorda com a mairia e jovens por isso podem ser flexionado para carecem

  • O verbo "carece" está retomando o núcleo do sujeito "jovens", que está no plural. Portanto, cabe torná-lo plural.

  • d) ... a maioria desses jovens, apesar de seus dons, carece de alguma centelha criativa...

    Nessa alternativa há duas formas de concordância.
    A maioria Carece
    Jovens Carecem

    É facultativo, isso acontece sempre quando aparece "a maioria De', "a minoria de"

  • Nem tudo são flores. Nem tudo é flores. Tudo aqui seria partitiva?

  • Ia comentar mas o EDUARDO SILVA já disse tudo...

     

    Segue o baile e foco na missão!

  • essa é mais manjada que o cabelo do neymar

     

    Concordância com nomes partitivos ⇒ facultativo → singular ou plural

     

     

    2017

    Em “A maioria dos alunos que chegam à escola pública é oriunda precisamente desses grupos socioeconômicos” (l. 17 e 18), a forma verbal “chegam” poderia ser corretamente flexionada no singular. Nesse caso, o pronome “que” retomaria o núcleo do sujeito da oração principal.

    Certa

     

    2013

     

    ....A maioria das residência possui....

     

    A forma verbal “possui" (R.8) poderia ser flexionada no plural sem prejuízo para a correção gramatical do período.

    certa

     

  • A título de curiosidade, "punhado" também é expressão partitiva, da mesma forma que maioria, mas no caso da alternativa "A", falta a expecificação do que seria esse punhado para poder concordar com um verbo no plural. Em outras palavras, se a frase fosse "apenas um punhado de jovens irá produzir composições musicais memoráveis" o irá poderia concordar com punhado e irão poderia concordar com com jovens.

  • ALTERNATIVA A: Alternativa incorreta. O tremo “um punhado” é sujeito de “irá”. Se houvesse flexão, deveríamos mudar o sujeito para “dois punhados” ou “alguns punhados”.

    ALTERNATIVA B: Outra situação em que o sujeito teria que ser modificado para que o verbo fosse flexionado no plural. Assim, “a mimese” teria que ficar no plural para “adiciona” ser flexionado no plural. Alternativa incorreta.

     ALTERNATIVA C: Mais uma alternativa incorreta. A forma verbal “envolve” tem como “a criatividade”. Não há como alterar a flexão de número do verbo sem mexer no sujeito.

    ALTERNATIVA D: Alternativa correta, pois, como “a maioria desses jovens” tem o partitivo “a maioria”, o verbo poderia tanto estar no singular (concordando com “a maioria”) como no plural (concordando com “desses jovens”).

    ALTERNATIVA E: Alternativa incorreta. O sujeito “Merlin Donald” não teria condições de ficar no plural, sendo assim, seu verbo (faz) também não poderia ser flexionado.

  • Por que Letra D?

    Porque temos um caso de Coletivo que está sendo especificado, admitindo tanto o singular, quanto o plural.

    " A maioria desses jovens

    (maioria = coletivo; Jovens = especificador)

  • José Maria | Direção Concursos

    ALTERNATIVA A: Alternativa incorreta. O tremo “um punhado” é sujeito de “irá”. Se houvesse flexão, deveríamos mudar o sujeito para “dois punhados” ou “alguns punhados”.

    ALTERNATIVA B: Outra situação em que o sujeito teria que ser modificado para que o verbo fosse flexionado no plural. Assim, “a mimese” teria que ficar no plural para “adiciona” ser flexionado no plural. Alternativa incorreta.

     ALTERNATIVA C: Mais uma alternativa incorreta. A forma verbal “envolve” tem como “a criatividade”. Não há como alterar a flexão de número do verbo sem mexer no sujeito.

    ALTERNATIVA D: Alternativa correta, pois, como “a maioria desses jovens” tem o partitivo “a maioria”, o verbo poderia tanto estar no singular (concordando com “a maioria”) como no plural (concordando com “desses jovens”).

    ALTERNATIVA E: Alternativa incorreta. O sujeito “Merlin Donald” não teria condições de ficar no plural, sendo assim, seu verbo (faz) também não poderia ser flexionado.

  • José Maria | Direção Concursos

    ALTERNATIVA A: Alternativa incorreta. O tremo “um punhado” é sujeito de “irá”. Se houvesse flexão, deveríamos mudar o sujeito para “dois punhados” ou “alguns punhados”.

    ALTERNATIVA B: Outra situação em que o sujeito teria que ser modificado para que o verbo fosse flexionado no plural. Assim, “a mimese” teria que ficar no plural para “adiciona” ser flexionado no plural. Alternativa incorreta.

     ALTERNATIVA C: Mais uma alternativa incorreta. A forma verbal “envolve” tem como “a criatividade”. Não há como alterar a flexão de número do verbo sem mexer no sujeito.

    ALTERNATIVA D: Alternativa correta, pois, como “a maioria desses jovens” tem o partitivo “a maioria”, o verbo poderia tanto estar no singular (concordando com “a maioria”) como no plural (concordando com “desses jovens”).

    ALTERNATIVA E: Alternativa incorreta. O sujeito “Merlin Donald” não teria condições de ficar no plural, sendo assim, seu verbo (faz) também não poderia ser flexionado.