SóProvas


ID
2611138
Banca
FAPESE
Órgão
UFS
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

  • Privilégio ou Previlégio?

Clara Braga 

Atire a primeira pedra quem nunca escreveu uma palavra com a grafia errada jurando que estava escrevendo certo. Essa é a história da minha vida. Meu melhor amigo? Corretor do Word. Minha melhor desculpa? Licença poética. Mas tem uns erros que não há licença poética que segure.

Esses dias vi um que confesso que na hora “h” me deixou na dúvida: privilégio ou previlégio? Eu tinha certeza que era privilégio, mas sabe quando você vê a palavra errada em uma frase tão convincente que acaba ficando na dúvida? Pois é, “viajar para o exterior é um previlégio de poucos”. Quer frase mais convincente que essa? 

Nada que um bom dicionário não resolva: Privilégio – vantagem concedida a alguém, com exclusão dos outros; permissão especial. Substantivo masculino com origem no latim ‘privilegium’ e, por isso, escrita com “i” mesmo! Se fosse o soletrando do Caldeirão do Hulk, ainda poderíamos pedir a divisão silábica e a utilização em uma frase, mas não é necessário, só pela origem já não fica mais na dúvida, é com “i”. Mas pesquisar alguns sinônimos não faz mal a ninguém: posse, regalia, concessão, direito, direito. Opá, direito?

Pois é, parece que direito pode ser sinônimo de privilégio, porém, em alguns casos, a palavra privilégio pode ser entendida de forma pejorativa, afinal é algo que uma pessoa possui e outra não, seja lá o motivo, e ninguém gosta de ser excluído de uma concessão, não é mesmo? Porém, é aí que mora todo o problema, algumas pessoas não entendem que nem todo mundo tem o privilégio de não ter uma deficiência, por exemplo, que o impeça de ter acesso a seja lá o que for, de banheiro a informação.

Não vivemos em um mundo adaptado a todas as necessidades, e isso não é culpa das pessoas com deficiência, muito pelo contrário, no final, são elas que saem perdendo. Por isso, algumas regras básicas precisam ser colocadas para que todas as pessoas tenham iguais oportunidades na vida (e aqui também incluo desde a oportunidade de se informar até a oportunidade de usar um banheiro público), e é por isso que essas regras não estão em discussão pois são DIREITOS garantidos por lei, e não privilégios.

A placa colocada em Curitiba que pedia o fim dos privilégios das pessoas com deficiência e que causou revolta na internet parece não ter passado de uma ação de marketing para uma campanha que busca garantir os direitos das pessoas com deficiência. Uma ótima campanha para ser feita próxima do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência e do Dia Mundial da Acessibilidade. Tomara que a revolta que eu e muitos sentiram não morra nas redes sociais.

Considere o seguinte enunciado: “Mas tem uns erros que não há licença poética que segure”. Assinale a alternativa correta sobre o que se deve compreender por “licença poética”:

Alternativas
Comentários
  • Primeiro passo, é saber o que é Licença poética: Nada mais é que uma incorreção na linguagem, mas que é permitida na poesia. 

     

    a) Errada. Não se trata de desconhecimeto das regras gramaticais, pois o autor de determinada poesia pode ter domínio da gramática e mesmo assim fazer uso da incorreção para dar "qualidade" à poesia. 

     

    b) Errada. Confesso que fiquei na dúvida, pois realmente são desvios linguisticos que fogem ao preceito das regras gramaticais. Entretanto o erro da alternativa está em dizer que se trata do uso oral, pois a poesia é escrita. 

     

    c) Gabarito. Exatamente. O autor usa para dar maior expressividade e "realidade" à poesia. 

     

    d) Errada. Que abona toda e qualquer incorreção, não! Mesmo podendo fazer uso de pequenos desvios, não é qualquer erro que é permitio. Erros de concordância são os menos aceitos em poesias. 

     

    e) Errada. O desvio é proposital. 

  • a b) também está errada porque

     

    b) desvios linguísticos inconscientes (erroque fogem aos preceitos gramaticais tanto no uso oral quanto no uso escrito da língua;

     

    não são desvios inconscientes

  • Licença poética é uma incorreção de linguagem permitida na poesia. Em sentido mais amplo, são opiniões, afirmações, teorias e situações que não seriam aceitáveis fora do campo da literatura.

     

    A poesia pode fazer uso da chamada licença poética, que é a permissão para extrapolar o uso da norma culta da língua, tomando a liberdade necessária para utilizar recursos como o uso de palavras de baixo-calão, desvios da norma ortográfica que se aproximam mais da linguagem falada ou a utilização de figuras de estilo como a hipérbole ou outras que assumem o carácter "fingidor" da poesia, de acordo com a conhecida fórmula de Fernando Pessoa ("O poeta é um fingidor").

     

    A licença poética é permitida para que o escritor tenha toda a liberdade para manipular as palavras, para que ele possa passar tudo o que pensa ao leitor.

     

    EXEMPLO: “Meu primeiro amor sentávamos…”. Perceba que, para a norma culta da língua, há um erro de concordância verbal, pois, segundo a regra, o verbo deve concordar com o sujeito. Trata-se de uma licença poética do poeta.

     

    a) incorreções linguísticas cometidas por desconhecimento das regras gramaticais;

    b) desvios linguísticos inconscientes que fogem aos preceitos gramaticais tanto no uso oral quanto no uso escrito da língua;

    c) construções linguísticas utilizadas por escritores com o objetivo de atingir maior expressividade;

    d) código linguístico que abona toda e qualquer incorreção da linguagem escrita ou oral;

    e) transgressão não proposital de normas gramaticais para o uso oral e escrito da língua.

  • De acordo com o dicionário Houaiss, o termo “Licença Poética” é definido como a “liberdade de o escritor utilizar construções, prosódias, ortografias, sintaxes não conformes às regras, ao uso habitual, para atingir seus objetivos de expressão”. Está presente na literatura, música e também nas propagandas.

    Por meio da licença poética, o artista ganha liberdade de expressão e se desprende da normatividade das regras gramaticais e/ou métricas, utilizando, entre outros recursos, versos irregulares, erros ortográficos e/ou gramaticais e rimas falsas. Assim, observa-se uma espécie de erro proposital, empregado para destacar determinado ponto da obra.

    Entre os exemplos de uso de licença poética, podemos destacar o poema Indivisíveis, de Mário Quintana, que apresenta a seguinte frase: “Meu primeiro amor sentávamos    (veja que o verbo não concorda com o sujeito de forma proposital.).   GABARITO C

  • Teoria pura, Boa questão 

  • Letra: C

    construções linguísticas utilizadas por escritores com o objetivo de atingir maior expressividade;

  • Questão bem sem vergonha, porquê o contexto do texto não é isso. Tanto que o autor afirma que a licença poética é uma desculpa para seus erros. E a pergunta da banca deixa em aberto se é no contexto do texto ou na teoria. Impressionante como não foi anulada.