SóProvas


ID
2628916
Banca
INEP
Órgão
ENEM
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Tenho visto criaturas que trabalham demais e não progridem. Conheço indivíduos preguiçosos que têm faro: quando a ocasião chega, desenroscam-se, abrem a boca e engolem tudo.

Eu não sou preguiçoso. Fui feliz nas primeiras tentativas e obriguei a fortuna a ser-me favorável nas seguintes.

Depois da morte do Mendonça, derrubei a cerca, naturalmente, e levei-a para além do ponto em que estava no tempo de Salustiano Padilha. Houve reclamações.

— Minhas senhoras, Seu Mendonça pintou o diabo enquanto viveu. Mas agora é isto. E quem não gostar, paciência, vá à justiça.

Como a justiça era cara, não foram à justiça. E eu, o caminho aplainado, invadi a terra do Fidélis, paralítico de um braço, e a dos Gama, que pandegavam no Recife, estudando direito. Respeitei o engenho do Dr. Magalhães, juiz.

Violências miúdas passaram despercebidas. As questões mais sérias foram ganhas no foro, graças às chicanas de João Nogueira.

Efetuei transações arriscadas, endividei-me, importei maquinismos e não prestei atenção aos que me censuravam por querer abarcar o mundo com as pernas. Iniciei a pomicultura e a avicultura. Para levar os meus produtos ao mercado, comecei uma estrada de rodagem. Azevedo Gondim compôs sobre ela dois artigos, chamou-me patriota, citou Ford e Delmiro Gouveia. Costa Brito também publicou uma nota na Gazeta, elogiando-me e elogiando o chefe político local. Em consequência mordeu-me cem mil réis.

RAMOS, G. São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 1990.


O trecho, de São Bernardo, apresenta um relato de Paulo Honório, narrador-personagem, sobre a expansão de suas terras. De acordo com esse relato, o processo de prosperidade que o beneficiou evidencia que ele

Alternativas
Comentários
  • Depois da morte do Mendonça, derrubei a cerca, naturalmente, e levei-a para além do ponto em que estava no tempo de Salustiano Padilha. Houve reclamações.

    Como a justiça era cara, não foram à justiça. E eu, o caminho aplainado (superado), invadi a terra do Fidélis (...)

     Efetuei transações arriscadas, endividei-me, importei maquinismos e não prestei atenção aos que me censuravam por querer abarcar o mundo com as pernas. Iniciei a pomicultura e a avicultura.

    Letra A

  • certamente quem elaborou essa questao foi um marxista que na forma de contentamento por nunca ver seu regime economico em voga pasa a criticar superficialmente o sistema economico que mais perdura sobre a historia humana

    no caso , a resposta , cliche do enem , e A

  • Já faz dois anos que eu li este livro. Realmente um homem de "visão" que abarca as oportunidades que aparecem, mesmo que para isso pise em seus vizinhos mais fracos... tirando questões moralistas, o trecho simplifica um situação de capitalista que cresce a qualquer custo.

    Amei a frase "Tenho visto criaturas que trabalham demais e não progridem. Conheço indivíduos preguiçosos que têm faro: quando a ocasião chega, desenroscam-se, abrem a boca e engolem tudo." 

  • Segredo para passar no ENEM:

     

    - Torne-se um pseudointelectual comunista durante a prova e garanta sua vaga.

  • KKKKKKKKKKKKKKKKKK, nem disfarça mais....

  • Depois da morte do Mendonça, derrubei a cerca, naturalmente, e levei-a para além do ponto em que estava no tempo de Salustiano Padilha. Houve reclamações.

    — Minhas senhoras, Seu Mendonça pintou o diabo enquanto viveu. Mas agora é isto. E quem não gostar, paciência, vá à justiça.

    Como a justiça era cara, não foram à justiça. E eu, o caminho aplainado, invadi a terra do Fidélis, paralítico de um braço, e a dos Gama, que pandegavam no Recife, estudando direito. Respeitei o engenho do Dr. Magalhães, juiz.

    Violências miúdas passaram despercebidas. As questões mais sérias foram ganhas no foro, graças às chicanas de João Nogueira.

  • A que ponto chegamos: condenar como moralmente desumana a grilagem de terras virou coisa de "pseudointelectual comunista".

    Mas nem me surpreende: são essas mesmas pessoas que posam como cidadãos "de bem" e defensores da família e da religião.

    Queria muito saber o que os liberais clássicos, como o Adam Smith, achariam dessa geração aí...