SóProvas


ID
2661676
Banca
FUMARC
Órgão
CEMIG - MG
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

   Há marcas que vivem da inclusão, e outras que vivem da exclusão

                                                                                    Contardo Calligaris


      Meu telefone, um iPhone 6, estava cada vez mais lento. Não era por nenhuma das causas apontadas nas inúmeras salas de conversa entre usuários de iPhones vagarosos.

      Era mesmo o processador que estava se tornando exasperadamente lento, ao ponto em que havia um intervalo sensível de tempo entre digitar e a letra aparecer na tela.

      Deixei para resolver quando chegasse a Nova York, onde, aliás, a coisa piorou: era suficiente eu tirar o celular do bolso ou deixá-lo num bolso externo (que não estivesse em contato com o calo0r do corpo) para que a carga da bateria baixasse, de repente, de 60% a zero.

      Pensei que três anos é mesmo o tempo de vida útil para uma bateria. E lá fui à loja da Apple na Broadway.

      Esperei duas horas para enfim ter acesso a alguém que me explicou que testaria minha bateria. Depois de contemplarmos os gráficos lindos e coloridos deixados no tablet pelo meu telefone, anunciou que minha bateria ainda não justificava uma troca – no tom pernóstico de um plantonista que sabe que não tem leitos disponíveis e manda você para casa com aquela dor no peito e a "certeza" de que "você não está enfartando, deve ser só digestão".

      O mesmo jovem propôs uma reinstalação do sistema operacional, – que é uma trivialidade, mas foi anunciada como se fosse um cateterismo das coronárias.

      Passei a noite me recuperando, ou seja, reinstalando aplicativos. Resultado: telefone lento como antes.

      Voltei para a Apple (loja da Quinta Avenida), onde descobri que, como na história do hospital sem leitos, de fato, a Apple não dispunha mais de baterias para substituir a minha: muitos usuários estavam com o mesmo problema. Por coincidência, tudo conjurava para que eu comprasse um telefone novo.

      Nos EUA, a Apple está sendo processada (15 casos coletivos, em diferentes Estados) por piorar propositalmente a experiência dos usuários de iPhone sem lhes oferecer alternativas –salvo, obviamente, a de adquirir um telefone novo.

      A companhia pediu desculpas públicas, mas a humildade não é o forte do treinamento Apple. Basta se lembrar que o atendimento pós-venda da companhia se chama (o ridículo não mata ninguém) "genius bar", o balcão dos gênios.

      Já pensou: você poderia ligar para seu serviço de TV a cabo porque a recepção está péssima e alguém diria: "Sim, senhor, pode marcar consulta com o balcão dos gênios".

      A maioria dos usuários não acham isso cômico e despropositado. Por que será?

      Há marcas que vivem de seu poder de inclusão, do tipo "nós fabricamos o carro que todos podem dirigir". E há marcas que vivem de seu poder de exclusão: tipo, será que você merece o que estou vendendo?

      Você já entrou alguma vez numa loja cara onde os vendedores, envaidecidos pela aura do próprio produto que vendem, olham para você com desprezo, como se você não fosse um consumidor à altura da loja?

      É uma estratégia básica de marketing: primeiro, espera-se que você inveje (e portanto deseje) o mundo do qual se sente excluído.

      Você perguntará: de que adianta, se não poderei adquirir os produtos da marca? Em geral, nesses casos o projeto é vender os acessórios da casa. Pouquíssimos comprarão o casaco de R$ 15 mil, mas milhares comprarão um lencinho (com monograma) para se sentirem, assim, membros do clube.

      A Apple mantém sua presença no mercado pela ideia de sua superioridade tecnológica - e pelo design elegante, claro.

      Seriamente, alguém que usa processador de texto não deveria escolher um computador em que não dá para apagar letras da esquerda para a direita. Mas é como os carros ingleses dos anos 1950: havia a glória de viver perigosamente e dirigir sem suspensões posteriores independentes (sem capotar a cada curva).

      Pouco importam as críticas. A Apple conseguiu convencer seus usuários de que eles mesmos, por serem usuários, fazem parte de uma arrojada elite tecnológica. Numa loja da Apple, todos, os usuários e os "gênios" vestem (real ou metaforicamente) a camiseta da marca.

      Quer saber o que aconteceu com meu iPhone? Está ótimo. Fui ao Device Shop, em Times Square, no mesmo prédio do Hard Rock Cafe: atendimento imediato, troca de bateria em dez minutos, conversa agradável. Não havia gênios, só pessoas competentes. E custou menos de dois terços do que pagaria na Apple.

Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/contardocalligaris/2018/01/1949427- ha-marcas-que-vivem-da-inclusao-e-outras-que-vivem-da-exclusao.shtml Acesso em 20 mar. 2018

Admite-se mais de uma concordância dos verbos destacados em:

Alternativas
Comentários
  • a) A maioria dos usuários não acham isso cômico e despropositado.”

        A maioria dos usuários não acha isso cômico e despropositado.”

  • Complementando: Expressões partitivas como  a maioria, a minoria, grande parte de, mais da metade, admitem que a concordância com o verbo permaneça no singular ou vá para o plural.

  • GABARITO LETRA A DE AMOR.

    Rapaz, questão dada é questão feita! Essa daí o examinador havia feito amor na noite passada.

    Vejam bem, sempre que existirem situações em que apareçam exmpressões PARTITIVAS OU FRACIONÁRIAS, poerá haver uma dupla concordância, fazendo com que os verbos flexionem ou não.

     

  • PROFª PAMPA

    .

    APRENDI CONCORDÂNCIA NO LINK ABAIXO
    https://www.youtube.com/watch?v=DXEAEsWJXaA


    Coletivos partitivos como: metade, a maior parte, a maior parte,etc... 
    O VERBO FICA NO SINGULAR OU PLURAL.

    A maioria dos usuários não acham isso cômico e despropositado.
    NESSE CASO, O VERBO ACHAR ESTÁ CONCORDANDO COM O NÚCLEO USUÁRIOS.

     

    A maioria dos usuários não acha isso cômico e despropositado.
    JÁ, NESSE CASO, O VERBO ACHAR ESTÁ CONCORDANDO COM O NÚCLEO A MAIORIA.

  • complementando o comentario da lorena e do filipe.

     

    “A maioria dos usuários não acham isso cômico e despropositado.”

     

    há duas concordancia " a  " logica e com a ideia silepse de número.

     

    EX: Aquela multidão está gritavam diante do ídolo.

     

    Multidão está no singular, mas o verbo está no plural. "Gritavam" concorda com a ideia de plural que está em "multidão"

    ESPERO TER AJUDADO 

     

  • Partitivo Coletivo:

    O verbo deve concordar com o termo no singular ou com a construção no plural:

    “A maioria dos usuários não acham isso cômico e despropositado.”

    Neste caso, o verbo acham concordou com usuários. 

    Se estivesse no singular (acha), concordaria com A maioria

    Observação: Como recomendação, dê preferência ao uso do verbo no singular quando redigir orações com expressões partitivas, por ser a mais usual. Mas, saiba que tanto a versão no singular quanto no plural são aceitas gramaticalmente.

  • Estou achando que esta questão possui duas alternativas corretas, a segunda seria a letra E.

     

    Vou fazer uma análise sintática da frase e em seguida transcrever um trecho da gramática do professor Pasquale:

     

    Pensei / que três anos é mesmo o tempo de vida útil para uma bateria.”

    ----------/-------------------------------------------------------------------------------------

    Em Vermelho: oração principal

    Em azul: oração subordinada substantiva objetiva direta.

     

    três anos: sujeito

    é: verbo de ligação

    o tempo de vida útil para uma bateria: predicativo do sujeito

     

    O verbo está singular para concordar com o predicativo, mas vejamos o que diz o professor Pasquale em Gramática da Língua Portuguesa, 3ª ed, 2010, p. 486:

    " Quando colocado entre um substantivo comum no singular e outro no plural, o verbo SER tende a ir para o plural, independentemente da ordem dos substantivos. Poderá ficar no singular por motivo de ênfase :

    A cama são algumas tábuas retorcidas."

     

    Gostaria que os colegas indicassem

     

     

     

  • GABARITO - LETRA A

  • As expressões partitivas A MAIOR PARTE, GRANDE PARTE, A MAIORIA,
    GRANDE NÚMERO, acompanhadas de adjunto adnominal no plural, fazem o
    verbo concordar com o núcleo do sujeito ou com o especificador (adjunto
    adnominal).

    FONTE: Décio Terror, Estratégia Concursos

  • B errada, pois o sujeito eliptico obriga a concordância no singular:

     b) “E custou menos de dois terços do que pagaria na Apple.” 
    quem custou? "ele, o iPhone"

  • Letra A 

    Tanto pode concordar com usuários como a partícula partitiva a maioria dos...

  • a) “A maioria dos usuários não acham isso cômico e despropositado.”

    Sujeito coletivo, partitivo, percentual concorda com o núcleo ou com o determinante.

     

     b) “E custou menos de dois terços do que pagaria na Apple.” 

    Quantidade aproximada - Concorda com o numeral que acompanha.

     

     c)“Não havia gênios, só pessoas competentes.”

    Verbo Haver no sentido de existir fica impessoal e não tem plural.

     

     d)“Pensei que três anos é mesmo o tempo de vida útil para uma bateria.”

    Verbo SER Sujeito Singular e predicativo coisas concorda no singular ou no plural.

     

  • As expressões partitivas A MAIOR PARTE, GRANDE PARTE, A MAIORIA,
    GRANDE NÚMERO, acompanhadas de adjunto adnominal no plural, fazem o
    verbo concordar com o núcleo do sujeito ou com o especificador (adjunto
    adnominal).

  • GABARITO A

     

    São nossas queridas expressões partitivas, que quando são seguidas por substantivos ou nomes no plural, admitem mais de uma concordância verbal.

    São algumas delas: uma porção, a maioria de, parte de, resto de ... 

     

    “A maioria dos usuários não acham isso cômico e despropositado.”   Aqui o verbo concorda com o substantivo USUÁRIOS.

    A maioria dos usuários não acha isso cômico e despropositado.”      Aqui o verbo concorda com a expressão A MAIORIA.

     

    bons estudos

  • Concordo com o Emerson. Pode mesmo variar esse SER, VL, conforme for o predicativo, singular ou plural. Mas a banca considerou uma só possibilidade. Tende piedade de nós com certas bancas, essa FUMARC, deixa pra lá.

  • Explicação sobre a alternativa d

    “Pensei que três anos é mesmo o tempo de vida útil para uma bateria.”

    "Nas expressões que indicam quantidade (medida, peso, preço, valor), o verbo ser é invariável:

    Cinco quilos é muito.

    Mil reais é pouco para uma família viver em São Paulo.

    Dez minutos é muito tempo.

    Com você, cinco horas é pouco."

    Gramática da Língua Portuguesa/ Pasquale e Ulisses. Scipione, 2008 (p. 486)

  • expressão partitiva

  • A questão é sobre concordância verbal e queremos encontrar nas opções a alternativa que pode ter duas concordâncias diferentes. Vejamos:

    a) Correta.

    Em “A maioria dos usuários não acham", o verbo está no plural para concordar com o adjunto adnominal "usuários", mas poderia concordar com a expressão partitiva “a maioria de”, essa é uma peculiaridade das expressões partitivas no que diz respeitos a concordância do verbo

    b) Incorreta.

    Em “E custou menos de dois terços" o sujeito é formado pelas expressões “mais de um, cerca de, perto de, menos de, coisa de, obra de etc.” Dessa forma, apenas concorda com o numeral que acompanha essas expressões.

    c) Incorreta.

     Em "“Não havia gênios", o verbo haver com sentido de existir é impessoal, somente cabe ficar no singular. 

    d) Incorreta.

    Em “Pensei que três anos é mesmo o tempo de vida útil para uma bateria.”

    Quando o sujeito for uma expressão numérica o verbo ser fica no singular.

    Referência bibliográfica: CUNHA, Celso & CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

    Gabarito do monitor: A

  • Na letra A, temos o importante caso de concordância com expressões partitivas.

    Note que a expressão "A maioria de" é partitiva, pois indica apenas uma parte dos usuários.

    Nesse caso, são possíveis duas concordâncias: uma com o núcleo da expressão partitiva - no caso "maioria" -, resultando na construção: "A maioria dos usuários não acha isso cômico e despropositado"; outra com os especificadores da expressão partitiva - no caso "usuários" -, resultando na construção: "A maioria dos usuários não acham isso cômico e despropositado".

    Resposta: A

  • (A)

    Para quem for fazer os concursos da FUMARC é bom ficar atento:

    Outra questão igual:

    Ano: 2017 Banca: FUMARC Órgão: COPASA Prova: Agente Saneamento

    Permite-se mais de uma concordância do verbo em

    (A) A maioria das pessoas quer salário de chefe no primeiro dia.

    (B)Fomos nós que fizemos os personagens da revista.

    (C)Mais de um candidato estudou para o exame.

    (D)Qual de vós saiu mais cedo?

    GABARITO (A)